Em 2013, a Comiss�o da Verdade do Estado de S�o Paulo Rubens Paiva promoveu 108 audi�ncias p�blicas, dando voz principalmente �s v�timas da ditadura militar. Entre as hist�rias que foram contadas por quase 500 testemunhas est� a das crian�as que foram torturadas ou perderam seus pais durante o regime e a dos desaparecidos na Guerrilha do Araguaia que foram nascidos em S�o Paulo.
Tamb�m se come�ou a investigar a situa��o das ossadas da Vala de Perus, no Cemit�rio Municipal Dom Bosco, localizado na capital paulista, onde foram encontrados corpos de indigentes, de v�timas do esquadr�o da morte e de presos pol�ticos da ditadura militar, a maior parte deles ainda n�o identificada.
Mas a comiss�o tamb�m resgatou hist�rias das pessoas que foram mortas ou ainda se encontram desaparecidas desde a ditadura. Em dezembro, por exemplo, a comiss�o promoveu uma audi�ncia p�blica para montar a hist�ria do jornalista Luiz Eduardo da Rocha Merlino, morto no dia 19 de julho de 1971, ap�s ter sua perna gangrenada nas depend�ncias do Destacamento de Opera��es de Informa��es do Centro de Opera��o de Defesa Interna do 2º Ex�rcito (DOI-Codi), em S�o Paulo.
Se contou ainda a hist�ria da madre Maurina Borges, que foi presa e torturada durante o per�odo, embora n�o militasse ou tivesse qualquer associa��o com partidos pol�ticos ou movimentos de esquerda. J� uma audi�ncia p�blica realizada em setembro deu voz � fam�lia e aos amigos de Norberto Nehring, militante da Alian�a Libertadora Nacional (ALN), morto em 1970. Nessa audi�ncia, familiares de Norberto pediram a mudan�a de seu atestado de �bito para morte em decorr�ncia de tortura e maus-tratos.
A comiss�o ainda identificou registros de entrada e sa�da de pessoas no extinto Departamento de Ordem Pol�tica e Social (Dops), em S�o Paulo, um dos �rg�os de repress�o da ditadura militar. Por meio desses documentos, a comiss�o encontrou ind�cios de uma liga��o entre a Federa��o das Ind�strias do Estado de S�o Paulo (Fiesp), o Consulado dos Estados Unidos na cidade e os servi�os de repress�o, durante a ditadura militar no pa�s. Al�m disso, foram ouvidos relatos sobre o general Paul Aussaresses, ex-agente do servi�o secreto da Fran�a, que colaborou com o regime militar no Brasil.
“Embora esses fatos tenham ocorrido h� quase 50 anos, as hist�rias, do jeito que est�o sendo contadas hoje, mesmo as mais antigas, t�m v�rios entrela�amentos. Fizemos audi�ncias com argentinos [sobre a Opera��o Condor], sobre as cadeias de comando e sobre a estrutura da repress�o, que come�ava no gabinete da Presid�ncia [da Rep�blica]”, disse o presidente da comiss�o, o deputado estadual Adriano Diogo.
Como ocorreu com sua equivalente nacional, os trabalhos da Comiss�o Estadual da Verdade foram prorrogados at� o dia 31 de dezembro de 2014. Segundo Adriano Diogo, ainda faltam 60 casos para serem apurados, o que dever� ser feito no decorrer do pr�ximo ano.
Em 2014, a comiss�o pretende concentrar seus trabalhos nos agentes da repress�o e as cadeias de comando, tentando esclarecer a estrutura da repress�o. “Queremos come�ar a identificar quem s�o os torturadores, os assassinos, os ocultadores de cad�veres, os m�dicos legistas”, falou o deputado. Segundo ele, mesmo que essas pessoas n�o sejam ouvidas, o importante ser� “contar ao Brasil quem foram essas pessoas”. Sobre as valas no cemit�rio de Perus, Adriano Diogo disse que pouco foi feito este ano e que haver� continuidade em 2014.
Na agenda da comiss�o para o pr�ximo ano tamb�m est� a proposta de mudan�a no atestado de �bito de cerca de 160 casos que est�o sendo investigados pela comiss�o. O pedido ser� feito � Justi�a. A comiss�o tamb�m pretende divulgar, no pr�ximo ano, um trabalho de videobiografias de v�timas da ditadura, em que atores interpretam e contam a hist�ria dessas pessoas. Segundo o deputado Adriano Diogo, seis v�deos j� foram feitos.