O gerente-geral da �rea de projetos corporativos da Siemens, Sergio de Bona, afirmou em depoimento � Pol�cia Federal que recebeu instru��es para destruir “todo e qualquer documento” relativo � conta banc�ria secreta que ex-diretores mantinham no gr�o-ducado de Luxemburgo, um para�so fiscal.
O vice-chefe do setor de compliance da Siemens na Alemanha, Mark Gough, disse, tamb�m em depoimento � PF, haver suspeitas de que a conta era utilizada para pagar propina a agentes p�blicos no Brasil.
Por conter cita��es de pagamento de propinas a pol�ticos com foro privilegiado, o inqu�rito que apura o caso foi enviado pela PF ao Supremo Tribunal Federal em dezembro. O STF aguarda parecer da Procuradoria-Geral da Rep�blica para decidir se fica com o caso ou se o devolve � primeira inst�ncia.
S�rgio de Bona, que dep�s aos policiais em 29 de novembro, est� na Siemens desde 1979. Ele era o controller, respons�vel pela contabilidade da empresa, entre 2004 e 2006, �poca em que contou ter sido chamado por seu ent�o chefe, Jos� Manuel Romero Illana, e pelo antigo ocupante da fun��o, Jos� Antonio Lunardelli, a quem De Bona sucedera.
Segundo seu relato � PF, houve uma reuni�o entre os tr�s, na qual Romero n�o entrou em detalhes, mas disse que precisava “de sua ajuda para encerrar uma conta no exterior”. Em novo encontro quando lhe apresentaram um extrato, De Bona negou o aux�lio por n�o se tratar de uma conta da Siemens nem estar em suas atribui��es de controller. O gerente-geral disse que acabou aceitando a incumb�ncia ap�s ser pressionado por Romero. Ele relatou ter participado de outra reuni�o com seu chefe, Lunardelli e o advogado Roberto Justo - este �ltimo foi quem abriu a conta em Luxemburgo.
Sobre essa ocasi�o, a PF anotou, citando De Bona: “Na reuni�o, recebeu as seguintes instru��es de Justo, na presen�a de Lunardelli e Romero: coletar assinaturas e entregar os documentos sempre pessoalmente ao advogado, que destru�sse todo e qualquer documento gerado em rela��o � conta, e que n�o deveria contar a exist�ncia da conta nem para sua mulher”.
O executivo tamb�m contou � PF que em 2004, quando o quadro de s�cios da empresa que era dona da conta foi alterado e Adilson Primo foi inclu�do entre eles, o ex-presidente da Siemens lhe entregou, em sua pr�pria sala, c�pia de seu passaporte e assinou documentos relativos � conta. At� o dia em que foi demitido pela Siemens, em 2011, Primo negava a auditores da matriz alem� ter ci�ncia da exist�ncia da conta.
O executivo contou ainda que Romero lhe disse que a conta existia para despesas do plano de pens�o para “expatriados”, funcion�rios alem�es que trabalhavam no Brasil.
Vers�es
O advogado Roberto Justo afirmou, por meio de sua assessoria, que prestou “consultoria institucional para a Siemens do Brasil com foco exclusivo nos tratamentos societ�rio e fiscal de empresas no exterior”. “Os documentos de empresas no exterior ficam registrados nos respectivos �rg�os, n�o havendo nenhuma liga��o com os fatos mencionados.”
O criminalista Antonio Cl�udio Mariz de Oliveira, que defende Primo, tem reiterado que a investiga��o vai comprovar a inoc�ncia de seu cliente. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo em 24 de agosto, o ex-presidente da Siemens afirmou que apenas rubricou um documento de transfer�ncia de titularidade da conta. “Como presidente voc� assina 500 documentos por dia”, disse. Ele sustentou que a conta era operada pela matriz da Siemens na Alemanha.
Os ex-diretores da Siemens no Brasil Jos� Manuel Romero Illana e Jos� Antonio Lunardelli n�o foram localizados. A Siemens nega que soubesse da exist�ncia da conta e tem dito que colabora com as autoridades. Colaborou Fausto Macedo.