Um alto executivo da Siemens na Alemanha declarou � Pol�cia Federal que a multinacional suspeita que parte dos US$ 7 milh�es que a empresa diz terem sido desviados por Adilson Primo, seu ex-presidente no Brasil, foi utilizada para pagamento de propina a agentes p�blicos brasileiros. � a primeira vez que a Siemens, que denunciou a pr�tica de cartel no sistema metroferrovi�rio de S�o Paulo e do Distrito Federal, fala em pagamento de propina.
Gough afirma que as transfer�ncias para uma conta banc�ria no para�so fiscal de Luxemburgo foram “feitas sob as instru��es e a mando de Adilson Primo”. O pr�prio ex-presidente da Siemens no Brasil era titular da conta com outros diretores da companhia. Primo alega que a conta era operacionalizada pela matriz na Alemanha, que tinha conhecimento dela.
O executivo afirmou que a Siemens soube da conta em 2008, por meio de den�ncia de um funcion�rio, cujo nome n�o revelou alegando que as regras de compliance n�o permitem a identifica��o. Segundo ele, a conta “n�o estava registrada regularmente na contabilidade, n�o era declarada nos documentos oficiais e n�o era de conhecimento da empresa”. Gough relatou que metade dos US$ 7 milh�es foi transferida para Luxemburgo via duas contas da Siemens, uma nos EUA, outra na Alemanha.
Ele contou que ap�s descobrir as transa��es e questionar Primo e outros detentores da conta, a investiga��o chegou a um “dilema”: ou os recursos tinham sido desviados para benef�cio pr�prio do ex-presidente e diretores, ou o dinheiro tinha sido usado para “pagar propina a agentes p�blicos, conforme informou o empregado que fez a den�ncia sobre a conta”, nos dizeres de Gough.
“Caso a primeira hip�tese fosse confirmada, o depoente teria levado os fatos imediatamente �s autoridades competentes do pa�s da subsidi�ria”, anotou a PF, citando o compliance. “Nesse caso, por�m, como havia a possibilidade de os valores terem sido usados para propina, mas a empresa n�o tinha provas da participa��o de cada um dos envolvidos, o depoente pediu a seu chefe autoriza��o para levar os fatos ao procurador de Luxemburgo e solicitar formalmente a abertura de uma investiga��o criminal”.
No come�o de 2011, a Siemens entregou os documentos ao procurador de Luxemburgo. A investiga��o, disse Gough, mostrou que os ativos foram transferidos para offshores em para�sos fiscais. Uma parte “foi rapidamente aplicada em investimentos aparentemente leg�timos, de curto prazo, em outros pa�ses, (...) em grandes bancos conhecidos em fundos de investimentos ou a��es de empresas para que se pudesse lucrar com os juros”.
A Justi�a da Su��a informou que valores foram transferidos para tr�s contas de brasileiros, uma delas de Marcos Honaiser, oficial reformado da Marinha, que tamb�m foi membro da Comiss�o Nacional de Energia Nuclear. As outras duas contas s�o de escrit�rios dos doleiros Antonio Pires de Almeida e Ana Lucia Pires de Almeida, ambos falecidos, Paulo Pires de Almeida, Raul Henrique Srour e Richard Andrew Van Oterloo.
A Siemens informou que as investiga��es “t�m como fonte a den�ncia espont�nea e volunt�ria da empresa resultantes de suas investiga��es internas desde 2008, que n�o encontrou quaisquer evid�ncias de corrup��o”.
“Com base em sua pol�tica de integridade e obedi�ncia �s leis, a Siemens forneceu e continua fornecendo documentos resultantes de suas averigua��es internas para que as autoridades possam prosseguir com suas investiga��es.”