
Bras�lia – A Pol�cia Federal est� investigando um saque de quase 2 milh�es de euros feito em uma conta na Su��a que as autoridades acreditam ser do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato. Condenado no julgamento do mensal�o, Pizzolato est� foragido desde a decreta��o de sua pris�o pelo Supremo Tribunal Federal, em novembro de 2013. Sua fam�lia diz que ele est� na It�lia, pa�s do qual tem cidadania, o que impossibilita sua extradi��o segundo as leis locais; no m�ximo, ele poder� ter um segundo julgamento na It�lia. Autoridades su��as auxiliam a PF no rastreamento da movimenta��o da conta.
Para o governo brasileiro a conta no exterior mostra que a fuga de Pizzolato foi “muito bem planejada”. A Pol�cia Federal j� tem certeza de que o ex-diretor do BB foi mesmo para a It�lia, mas n�o tem recebido coopera��o da pol�cia do pa�s europeu, �nica que poderia aprofundar as investiga��es sobre o seu paradeiro. Pizzolato possui dupla cidadania, o que garante a ele o direito de permanecer na It�lia. Tratado entre Brasil e a na��o europeia n�o permite extradi��o de quem tem dupla cidadania. At� o fim do ano passado, a PF ainda trabalhava com a hip�tese de Pizzolato estar no Brasil. Ele teria solicitado em pa�s que faz fronteira com o Brasil uma autoriza��o de retorno para a It�lia, e n�o um novo passaporte. Ele viajou acompanhado da mulher, Andrea Haas.
A investiga��o sobre Pizzolato � tocada pela rec�m-criada coordena��o de rastreamento e captura da Pol�cia Federal, ainda n�o formalizada, mas j� respons�vel por cuidar da situa��o do ex-diretor do Banco do Brasil. Uma equipe de seis policiais trabalha no caso. A PF tamb�m conta com a ajuda da Interpol, organiza��o internacional que re�ne pol�cias de v�rios pa�ses. A Procuradoria-Geral da Rep�blica e a PF mant�m o assunto sob sigilo. Na Su��a, fontes da pol�cia e da Justi�a local confirmaram o trabalho conjunto com as autoridades brasileiras. O foco � tra�ar o caminho exato do dinheiro de Pizzolato. Diplomatas do Brasil disseram que, nas �ltimas semanas, uma “intensa troca” de cartas e comunica��es entre Bras�lia e Berna foi registrada sobre esse assunto.
Resist�ncia Apesar de Brasil e Su��a manterem um acordo de coopera��o judicial, o pedido de ajuda de Bras�lia aos su��os enfrentou uma certa resist�ncia inicial para ser atendido, segundo informa��es do jornal O Estado de S�o Paulo. Isso porque o suposto crime n�o teria ocorrido na Su��a e n�o existiriam provas na Justi�a local de que o dinheiro movimentado fosse fruto de corrup��o. O que permitiu a coopera��o foi o fato de o nome de Pizzolato ter entrado na lista da Interpol. Com isso, as autoridades da Su��a tamb�m foram levadas a colaborar com um caso de algu�m que j� havia sido julgado e condenado em �ltima inst�ncia.
O sinal verde para a coopera��o foi dado, mas com a condi��o de que o papel das autoridades su��as n�o fosse revelado inicialmente. O pedido de ajuda do Brasil foi tratado pelo Escrit�rio Federal da Pol�cia, conhecido como Fedpol. Uma vez recebido, o departamento lan�ou uma busca nos cant�es su��os, obrigou bancos a buscar o nome de Pizzolato e conseguiu identificar a movimenta��o na �rea que seria de responsabilidade legal de Genebra.
O ex-diretor do Banco do Brasil foi condenado a 12 anos e 7 meses de pris�o pelo Supremo pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrup��o passiva e peculato. As investiga��es mostraram que ele recebeu R$ 326 mil de propina para favorecer uma das empresas do empres�rio Marcos Val�rio em contratos com o Banco do Brasil. Como ex-diretor da institui��o, Pizzolato teria participado do desvio de aproximadamente R$ 74 milh�es do Fundo Visanet para alimentar o esquema.
A fuga de Pizzolato foi descoberta quando o STF decretou o tr�nsito em julgado do processo do mensal�o e determinou a pris�o imediata de parte dos condenados, em 15 de novembro. O advogado de Pizzolato, Marthius Lobato, divulgou uma carta deixada pelo seu ent�o cliente. Ap�s anunciar a fuga, o advogado deixou o caso e o ex-diretor do BB n�o possui mais defensor no Brasil.
Mem�ria
Despedida
Ao fugir do pa�s, Henrique Pizzolato deixou uma carta de 35 linhas em que se diz inocente e que buscava uma nova senten�a. “Por n�o vislumbrar a m�nima chance de ter um julgamento afastado de motiva��es pol�tico-eleitorais, com n�tido car�ter de exce��o, decidi consciente e voluntariamente fazer valer meu leg�timo direito de liberdade para ter um novo julgamento, na It�lia, em um tribunal que n�o se submete �s imposi��es da m�dia empresarial, como est� consagrado no tratado de extradi��o Brasil e It�lia”, escreveu. Ele ainda sugeriu ter sido usado. “Fui necess�rio para que o enredo fizesse sentido. A mentira do ‘dinheiro p�blico’ para condenar... Todos. R�us, partidos, ideias, ideologias.” Ele falou ainda em “decep��o” durante o julgamento com a “conduta agressiva daquele que deveria pugnar pela mais exemplar isen��o”.