
Um ato de protesto, nesta ter�a-feira, em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) vai marcar os 10 anos da Chacina de Una� – na qual tr�s fiscais e um servidore do Minist�rio do Trabalho foram emboscados e mortos durante uma fiscaliza��o em fazendas daquela cidade – sem que tenha sido marcado o julgamento dos mandantes do crime: o fazendeiro Norberto M�nica, conhecido como o Rei do Feij�o, e seu irm�o Ant�rio M�nica, ex-prefeito da cidade, que administrou entre 2005 e 2012. Apenas 24 horas antes do julgamento de Norberto, em agosto passado, decis�o liminar do ministro Marco Aur�lio Mello suspendeu o julgamento do mandante, ao acatar pedido do r�u para a transfer�ncia do j�ri popular da Justi�a Federal em Belo Horizonte para a rec�m-criada sess�o em Una�, mesmo objetivo do seu irm�o Ant�rio. A Corte, no entanto, n�o julgou ainda o m�rito do pedido.
Helba Soares da Silva, de 49 anos – vi�va do auditor fiscal Nelson Jos� da Silva, uma das v�timas da chacina –, disse ontem que est� “indignada” por ter de esperar uma d�cada sem uma resposta efetiva para o assassinato do marido e de seus colegas auditores Erast�tenes de Almeida Gon�alves e Jo�o Batista Lages, al�m do motorista Ailton Pereira de Oliveira. Elba e as vi�vas Maria In�s Lina de Laia, de 47 anos, e Genir Geralda de Oliveira Lages, de 53 anos, j� confirmaram presen�a no ato de rep�dio que est� sendo organizado pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait).
A expectativa � que participem ainda do encontro o ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, parlamentares e representantes da Confer�ncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que aproveita a oportunidade para divulgar o tema da Campanha da Fraternidade de 2014, que ser� sobre o tr�fico de pessoas. No ano passado, foram julgados e condenados a uma pena total de 226 anos apenas os pistoleiros Erinaldo Vasconcelos da Silva, Rog�rio Alan Rocha Rios e William Gomes de Miranda. Al�m dos mandantes, restam serem julgados o cerealista Hugo Alves Pimenta e Jos� Alberto de Castro, acusados de intermediar a contrata��o dos pistoleiros. O processo foi extinto em rela��o a Francisco Elder Pinheiro, que morreu antes do julgamento.
Dela��o
A situa��o do fazendeiro Norberto M�nica ficou ainda mais complicada depois do julgamento dos pistoleiros. Erinaldo, condenado por ser o autor dos disparos contra o grupo de servidores do Minist�rio do Trabalho confessou que Norberto encomendou as mortes. Em troca da dela��o premiada, Erinaldo contou que recebeu R$ 50 mil de Norberto M�nica para matar apenas um dos fiscais, mas, como ele estava com colegas, a ordem do fazendeiro foi executar a todos.
Ele foi ainda mais longe. Disse que ficou preso quase um ano ao lado de Norberto e ele lhe ofereceu R$ 100 mil para que assumisse sozinho a responsabilidade pelas mortes. Diante da recusa, este valor teria subido para R$ 300 mil: uma carreta e o restante em dinheiro.
Em busca do mesmo benef�cio, o cerealista Hugo Pimenta tamb�m n�o exitou em envolver o ex-parceiro como respons�vel pelos crimes. Ouvido apenas como informante, ele contou que presenciou uma liga��o de Norberto a um dos executores e completou: “Eu soube que o Norberto prometeu R$ 300 mil para o Erinaldo e R$ 200 mil para o Rog�rio, mas n�o sei se ele pagou”.
CONDENADOS
» Erinaldo de Vasconcelos da Silva
76 anos de pris�o e 20 dias
» Rog�rio Alan Rocha Rios
94 anos
» William Gomes de Miranda
56 anos
Crimes: Homic�dio triplamente qualificado – por cada morte – e forma��o de quadrilha
Saiba mais
MP LAN�A CAMPANHA O Minist�rio P�blico Federal (MPF) registrou nos �ltimos quatro anos um aumento de 800% nos procedimentos extrajudiciais instaurados ao crime tipificado no artigo 149 do C�digo Penal, que � a redu��o da pessoa a condi��o an�loga � de escravo. Em 2013, foram 101 a��es penais autuadas. Hoje, Dia Nacional do Combate ao Trabalho Escravo, ser� lan�ada campanha visando buscar maior efici�ncia na puni��o a esse tipo de crime. A campanha, que ser� veiculada em todo o pa�s, ter� cartazes, banners, spots de r�dio e TV, cartilhas e roteiro de atua��o, al�m de um hotsite em torno do tema escravid�o contempor�nea. O lan�amento ser� realizado em ato p�blico, a partir das 14 h, na Procuradoria Geral da Rep�blica.