Doa��es de empresas a partidos pol�ticos podem ficar mais transparentes

Juliana Cipriani

No centro de uma pol�mica que est� para ser decidida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a possibilidade de doa��o de empresas a partidos pol�ticos e candidatos agora pode ser medida e comparada aos ganhos que as mesmas financiadoras tiveram em contratos governamentais no ano da elei��o. O site Pol�tica Aberta (www.politicaaberta.org), lan�ado no in�cio do ano, permite cruzar as informa��es, mostrando os valores que cada pessoa jur�dica doou, indicando para onde foi o recurso. Em outra tabela, foram levantados os pagamentos feitos pelo governo federal. A princ�pio est�o dispon�veis as informa��es sobre 2012, �ltimo ano em que prefeitos e vereadores correram atr�s do voto do eleitor.

Na campanha de 2012, foram 55.744 empresas respons�veis por repassar R$ 1.867.590.018,37 a candidatos e, na maior parte do montante, aos partidos pol�ticos. O site disponibiliza um ranking das maiores doadoras, com o valor destinado. Em primeiro lugar naquele ano aparece a Construtora Andrade Gutierrez, que fez a maior parte de suas doa��es para o PT, seguindo em valores menores para legendas como PSDB, DEM e PMDB. Ela n�o est� no topo dos pagamentos recebidos do governo, mas teve o valor dos pagamentos feitos por minist�rios (R$ 99.288.136,19) superior � doa��o: R$ 81.165.800,00.

A primeira colocada em contratos com o governo no ranking � a construtora Norbeto Odebrecht. De acordo com o site, a empreiteira recebeu, em 2012, 73 pagamentos do governo federal que somaram R$ 1.135.742.556,26. No mesmo ano, ela foi respons�vel por R$ 19,4 milh�es em doa��es, sendo as maiores somas para o partido da presidente Dilma Rousseff (PT).

A discuss�o sobre o lobby de empresas que viu nos Estados Unidos estimulou o advogado e doutorando em administra��o p�blica Gustavo Oliveira a desenvolver o mecanismo como parte de um projeto junto ao Edmond J. Safra Center for Ethics da Universidade de Harvard. Segundo ele, o objetivo do site Pol�tica Aberta n�o � tra�ar um diagn�stico t�cnico, mas chamar a aten��o para que as pessoas pensem o que leva as empresas a doarem dinheiro para campanhas pol�ticas. “Por que uma empresa, que visa apenas ao seu lucro, vai doar dinheiro para uma campanha? O que ela quer ganhar com isso? A partir do momento em que come�amos a refletir sobre isso, percebemos que temos de repensar o desenho de algumas das nossas institui��es”, disse.