
O tucano disse tamb�m que o Brasil ainda “est� no passado” e que, para avan�ar, � preciso “abrir os olhos”. “O Brasil precisa de ar novo, sangue novo. Est� na hora de mostrar que h� novos caminhos no Brasil”, ressaltou FHC, em alus�o � candidatura a presidente da Rep�blica do colega de partido, o senador mineiro A�cio Neves. Ainda antes do evento, ele apontou o que classifica como cansa�o em rela��o ao governo petista, no poder desde 2003. "A partir de certo momento, tem fadiga de material. Eu sofri essa fadiga quando estava no governo. Agora, tem fadiga de material: ’De novo o mesmo, meu Deus?”. O Brasil � um pa�s novo, precisa de sentir ventos novos", disse.
O ex-presidente afirmou que a estabilidade da economia, conquistada com base no Plano Real, foi apenas o “primeiro passo” e que muitos outros avan�os s�o necess�rios. E aproveitou para criticar o que chamou de aparelhamento da administra��o p�blica, com mais de 30 partidos e 39 minist�rios no governo federal.
FHC recordou ainda que o Plano Real enfrentou forte oposi��o do PT, do movimento sindical e at� mesmo do Fundo Monet�rio Internacional (FMI). “Eu me esforcei para que o Partido dos Trabalhadores desse seu apoio ao Real. Cheguei a convidar os principais l�deres do PT na �poca, Lula e Jos� Dirceu, para falar sobre o plano e explicar suas vantagens. A primeira pergunta que eles me fizeram foi: ‘O PSDB ter� candidato � Presid�ncia da Rep�blica?’” As elei��es presidenciais ocorreram no mesmo ano do lan�amento do Real, e o ent�o ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, foi eleito no primeiro turno das elei��es.
Os tucanos acusam o PT de ter tentado boicotar o Real por causa das elei��es. “Eles n�o se dispuseram, um instante sequer, a abstrair os interesses eleitorais para emprestar apoio � iniciativa, � luta por um futuro melhor para todos os brasileiros. Pelo contr�rio: sonhavam em capitalizar nas urnas o agravamento do caos para apresentar-se ao pa�s com o figurino salvacionista”, discursou o senador A�cio Neves, ao classificar os petistas de “pescadores de �guas turvas”. Segundo ele, � importante relembrar o cen�rio de “desesperan�a e desorganiza��o” para mostrar que o pa�s foi capaz de reagir. “� assim que devemos tratar a atual safra de maus resultados e olhar para o futuro”, disse. “O Brasil Precisa derrotar nas urnas a mentira e os pactos de conveni�ncia”, emendou A�cio Neves.
O presidenci�vel do PSDB afirmou ainda que os 12 anos do governo PT – oito anos da gest�o de Luiz In�cio Lula da Silva e quatro de Dilma Rousseff – levaram o Brasil a estar num ambiente de “desesperan�a e descren�a” no futuro. “At� a valiosa estabilidade da nossa moeda vem sendo colocada em risco, sob ataques sorrateiros daqueles que sempre foram seus mais aguerridos advers�rios”, disparou. “A equivocada diplomacia ideol�gica petista nos leva � vergonhosa omiss�o quando crises se agravam no nosso entorno, agora na vizinha Venezuela”, completou. A�cio Neves fez quest�o de elogiar o ex-senador Itamar Franco, presidente da Rep�blica na �poca de implanta��o do Real e morto em julho de 2011.
L�der do governo no Congresso Nacional em 1994, o deputado Luiz Carlos Hauly (PR) apontou o Plano Real como uma das principais conquistas da sociedade brasileira nos �ltimos anos. “Hoje comemoramos a democracia, a estabilidade econ�mica e inclus�o social de milh�es de brasileiros que passaram a ter poder aquisitivo”, disse. “E essa imensa classe m�dia, que ascendeu das classes D e E para a classe C, alguns at� para a B, � resultado dos 20 anos do Plano Real”, disse ele, que assinou junto com o senador A�cio Neves e o deputado Mendes Thame (SP) o requerimento para a realiza��o da solenidade de ontem.
Trajet�ria
Em meio ao ataque tucano, coube ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o discurso mais comedido. Filiado a um partido que integra a base de sustenta��o do governo federal, o alagoano preferiu se ater aos avan�os trazidos ao pa�s com a implementa��o do Plano Real. “Ele conseguiu interromper um perverso ciclo inflacion�rio de d�cadas e criou as bases fundamentais para o crescimento econ�mico de longo prazo”, afirmou o senador. Calheiros recordou ainda que o Brasil sofria com infla��es “galopantes” e cada vez menos dinheiro no bolso do cidad�o. “O Plano Real conseguiu mudar a trajet�ria ascendente da escalada dos pre�os, desativando o sistema de indexa��o da moeda. Com isso, a sa�de de nossa vida econ�mica p�de ser restabelecida”.
O parlamentar n�o poupou elogios � gest�o de Dilma. “Atualmente, a nossa moeda, o real, � a 16º mais negociada no mundo e deixamos para tr�s as desconfian�as internacionais sobre a capacidade do Brasil de se organizar economicamente. Uma economia est�vel, com a infla��o domesticada permitiu ainda que se iniciasse no Brasil um dos maiores programas de redistribui��o de renda do mundo”, afirmou. Para ele, o real � um exemplo de que � poss�vel “mudar o mundo” quando se tem vontade e capacidade de faz�-lo.
Mem�ria
Pancada na infla��o
Em 27 de fevereiro de 1994 foi editada a Medida Provis�ria 434, que instituiu a Unidade Real de Valor (URV) – primeiro passo para a implanta��o do real, que come�ou a circular em 1º de julho de 1994. Com a implanta��o, a infla��o despencou e o poder de compra dos brasileiros cresceu. A desvaloriza��o da moeda anterior, o cruzeiro real, que superava os 2.000% em 1993, ficou em 14,7% em 1995. Fernando Henrique Cardoso, respons�vel pela cria��o do Plano Real, ganhou as elei��es presidenciais no primeiro turno em 1994 e 1998. Na solenidade de ontem, o ex-presidente recebeu a Medalha Ulysses Guimar�es, comenda concedida pelo Congresso Nacional aos parlamentares que se destacaram no processo constituinte.
Ausentes na defesa
Benefici�rios da estabiliza��o econ�mica alcan�ada pelo Plano Real, ningu�m do governo ou do PT prestigiou a sess�o solene de comemora��o dos 20 anos de implanta��o do plano, no governo do ex-presidente Itamar Franco, em 1994. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) deu uma passadinha no in�cio mas n�o ficou. Ap�s o evento, no entanto, petistas foram � tribuna rebater as cr�ticas dos tucanos. A resposta mais enf�tica coube � ex-ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann (PT-PR), para quem coube � gest�o de Luiz In�cio Lula da Silva "resgatar" os pressupostos da estabiliza��o econ�mica, a partir de 2003. Em sua fala, ela listou como amea�as � estabiliza��o, entre outros pontos, infla��o e juros altos no fim do governo Fernando Henrique Cardoso, em 2002, o que em boa parte ocorria diante da incerteza do mercado em rela��o � gest�o Lula, ent�o candidato � Presid�ncia da Rep�blica.