
Bras�lia – Um dia depois de a c�pula do PMDB reunir-se com a presidente Dilma Rousseff para discutir a rela��o, a bancada do partido na C�mara declarou independ�ncia, defendeu a revis�o da alian�a com o PT no plano nacional e apoiou a cria��o da comiss�o externa para investigar as suspeitas de pagamento de propina para a Petrobras – aprovada �s 20h dessa ter�a-feira por 267 votos favor�veis, 28 contr�rios e 15 absten��es. O pr�ximo passo ser� derrotar o Planalto na vota��o do Marco Civil da Internet. Al�m disso, ao lado do bloc�o de 250 deputados, os peemedebistas preparam-se tamb�m para aprovar a convoca��o do ministro da Sa�de, Arthur Chioro, para explicar por que ele levou a esposa em um avi�o da FAB para o carnaval em Salvador, Recife e no Rio de Janeiro.
No Chile, onde acompanhou a posse da presidente Michelle Bachelet, Dilma ainda tentou colocar panos quentes na crise. "Olha aqui, eu vou te falar uma coisa: o PMDB s� me d� alegrias". Questionado sobre as palavras da presidente ap�s a reuni�o em que o partido rompeu com o Planalto, o l�der Eduardo Cunha (RJ) arrematou. “O PMDB nunca faltou ao governo nos momentos em que este precisou. Deve ser a isto que ela se referiu”, ironizou.
Em quatro horas de reuni�o no corredor das comiss�es, os deputados do PMDB criticaram tudo e todos. Sobrou at� para o vice-presidente Michel Temer, que assegurou, recentemente, que a alian�a com a presidente Dilma est� mantida. “O pr�prio Temer repreendeu os deputados que defendiam o rompimento da alian�a alegando que esse assunto � da al�ada da conven��o nacional. Se n�o podemos defender o rompimento, ele, sozinho, n�o pode assegurar a manuten��o da mesma”, defendeu o deputado Leonardo Picciani (RJ).
Na reuni�o da bancada, Picciani anunciou a decis�o do diret�rio fluminense do PMDB de romper com o PT e com Dilma e encaminhar apoio � candidatura do tucano A�cio Neves (MG) ao Pal�cio do Planalto. Em Minas Gerais, a tend�ncia pode ser a mesma. “� muito dif�cil pedir votos contra A�cio em Minas. Em Goi�s, eu vou defender o apoio ao governador Eduardo Campos (PSB)”, disse o deputado Sandro Mabel (GO).
Os deputados aprovaram, de maneira un�nime, uma nota com cinco pontos: apoio irrestrito ao l�der Eduardo Cunha; um alerta de que Cunha � o �nico interlocutor dos interesses da bancada; a reitera��o da decis�o de que o partido n�o indicar� nomes para suceder os atuais ministros da Agricultura e do Turismo; a defini��o de que o apoio se dar� a cada mat�ria e n�o mais de forma direta como um partido aliado; e o pedido para que a Executiva Nacional do PMDB examine “a qualidade da alian�a com o PT”.
Cunha afirmou que n�o cabia � bancada decidir pelo rompimento com Dilma, pois esse � um assunto que precisa ser tratado na conven��o nacional. Alguns deputados querem antecipar essa consulta. Respons�vel por procurar os diret�rios estaduais, o deputado Danilo Forte (CE) garante j� ter 11 assinaturas favor�veis – s�o necess�rias apenas nove – � troca de junho para abril da data da conven��o. “O Planalto disse que somos fisiol�gicos. � claro que, quem est� no governo, sempre quer participar diretamente da execu��o das pol�ticas p�blicas. Mas o PT transformou a m�quina em um cabide de empregos para os companheiros e diz que s� os outros s�o fisiol�gicos”, completou Danilo.
Alguns interlocutores do partido acreditam que Cunha poder� ficar isolado, j� que o PMDB do Senado e o vice-presidente, Michel Temer, s�o bem mais condescentes com o governo. “O PT tem 17 tend�ncias. O PMDB do Senado e da C�mara t�m vis�es distintas sobre determinadas coisas”, disse Cunha, destacando que o senador Vital do R�go (PMDB-PB) recusou-se a aceitar o cargo de ministro do Turismo, vaga que, em tese, pertence ao PMDB da C�mara.
Reforma no forno
Bras�lia – Dilma Rousseff quer concluir a emperrada reforma ministerial at� sexta-feira e evitar que a crise na base, incendiada pelo PMDB, contamine os demais partidos . A presidente j� tinha avisado o PMDB que, quando retornasse do Chile – ela desembarcaria em Bras�lia na noite de ontem -, chamaria a c�pula partid�ria para discutir espa�os no governo, o que deve ocorrer hoje. Ainda ontem, o chefe da Casa Civil, ministro Aloizio Mercadante, conversou com quatro legendas – PDT, PP, PR e PTB – para discutir as alian�as estaduais e os cargos que essas siglas ter�o no mapa da Esplanada. Dilma quer empossar toda a equipe ainda esta semana, encerrando uma novela que se arrasta h� seis meses.
O PP deve apresentar o nome do vice-presidente de Governo da Caixa Econ�mica Federal, Gustavo Occhi, para o Minist�rio das Cidades. Occhi seria uma alternativa � disputa interna no partido para a sucess�o do atual titular da pasta, Aguinaldo Ribeiro, tamb�m do PP. O ministro queria indicar o secret�rio executivo Alexandre Cordeiro Macedo para suced�-lo. A bancada, especialmente a da C�mara, n�o concorda, porque Macedo n�o teria beneficiado a sigla na libera��o das emendas.
Os deputados queriam indicar o presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI), mas ele recusou. Ontem, Nogueira desmentiu que Occhi seja o favorito. “Temos tr�s nomes que se enquadram no perfil que a presidente deseja. Cabe a ela decidir”, disse Nogueira. Mercadante pediu tamb�m o apoio em Pernambuco e em S�o Paulo aos candidatos aliados ao Planalto – Armando Monteiro (PTB) e Alexandre Padilha (PT), respectivamente.
Movimentos Pedido semelhante foi feito ao PDT. “N�s fizemos uma an�lise do cen�rio, estado por estado, e ele (Mercadante) me pediu para estarmos juntos onde for poss�vel”, afirmou Carlos Lupi, presidente do PDT. Por volta da hora do almo�o, o ministro-chefe da Casa Civil se reuniu com o Pros. O partido deve ficar mesmo com o Minist�rio da Integra��o Nacional, a partir da efetiva��o de Francisco Teixeira, afilhado pol�tico dos irm�os Cid e Ciro Gomes.
J� o PTB insiste na tese de que n�o indicar� nomes. “� claro que a presidente � livre para nomear quem ela desejar, mas vamos apoi�-la independentemente de cargos”, declarou o presidente nacional do partido, Benito Gama. (PTL e Daniela Garcia)