
Para subsidiar as For�as Armadas na apurara��o dos excessos cometidos em sete instala��es militares durante o per�odo da ditadura (1964-1985), a Comiss�o Nacional da Verdade (CNV) enviou um documento com uma rela��o de 15 presos pol�ticos que foram torturados e de nove que foram mortos nesses locais, em Minas Gerais, S�o Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco. O documento foi enviado ao ministro da Defesa, Celso Amorim, que repassou aos comandantes do Ex�rcito, Marinha e Aeron�utica. Na an�lise da CNV est� comprovado que sete locais foram “palco de graves viola��es de direitos humanos”.
O relat�rio aponta que em Belo Horizonte, no Quartel de 12º Regimento de Infantaria, foram presos e torturados Jos� Ant�nio Gon�alvez Duarte, Clodesmidt Riani e Delsy Gon�alves de Paula. Em fevereiro de 2012, o Estado de Minas entrevistou Sissi, como Delsy � conhecida. Ela lembrou detalhes tenebrosos de quando foi torturada. “N�o foi brincadeira. Eu resisti 45 dias e isso n�o � bolinho. Foram 45 dias de pauleira”, recorda. Sissi lembra de ter ficado nua em frente “a n�o sei quantos policiais” e ter apanhado nas costas com a parte de metal de um cinto. “Entrei l� com 61kg e cheguei a 49kg, em menos de 10 dias”, recorda.
A ex-militante da A��o Popular (AP) se aposentou recentemente depois de ser professora de ci�ncias pol�ticas na PUC Minas e lembra que quando saiu da pris�o dividiu apartamento com a atual ministra da Secretaria Especial de Pol�ticas para Mulheres, Eleonora Menicucci, colega de milit�ncia. S� depois de d�cadas Sissi diz ser capaz de relembrar desse per�odo. “Estava tudo amarrado dentro de mim”, afirmou.
Clodesmidt Riani foi l�der sindical e deputado estadual e um dos tr�s parlamentares com o mandato cassado, em abril de 1964. Riani foi preso na Penitenci�ria de Ribeir�o das Neves, mas foi transferido para o 12º RI, onde foi torturado e testemunhou a tortura de outros presos pol�ticos. “Fui tirado da cela e levado para uma sala, recebendo agress�o verbal de toda a maneira: gritos, xingamentos, e diziam que eu deveria ter sido mandado para S�o Paulo, pois o governador Adhemar de Barros j� teria mandado jogar no mar muitos comunistas, e outros improp�rios”, recorda o deputado no relat�rio da CNV. Riani tamb�m declara que os outros dois parlamentares cassados (Sinval Bambirra e Dazinho) foram torturados e que ele escutou os gritos deles.
J� Jos� Ant�nio Gon�alves Duarte foi preso em 3 de julho de 1969, na capital mineira, e conduzido ao 12RI. No relat�rio est� escrito que: “Foi torturado e espancado pelo encarregado do Inqu�rito capit�o Jo�o Alcantara Gomes, pelo escriv�o do mesmo inqu�rito, Marcelo Ara�jo, por um cabo de nome Dirceu e por um aluno do Col�gio Militar, cujo nome o interrogado n�o se lembra, e por um policial da Delegacia de Furtos e Roubos, de nome Pereira”. As conclus�es da CNV sobre esses casos tiveram como base depoimentos, documentos oficiais e processos dos arquivos da Comiss�o da Anistia e da Comiss�o de Mortos e de Desaparecidos Pol�ticos.
Outros locais
No Rio de Janeiro, s�o citados a 1ª Companhia de Pol�cia do Ex�rcito da Vila Militar – onde teria sido torturado Ant�nio Roberto Espinosa e morto Chael Schreier –, o Destacamento de Opera��es de Informa��es do 1º Ex�rcito (DOI/1ºEx) – local de tortura de Gild�sio Consenza, Fernando Palha Freire e Newton Le�o Duarte e onde foi morto, ap�s tortura, M�rio Alves –, a Base Naval Ilha das Flores – onde foram torturados Marta Maria Klagsbrunn e Jo�o Manoel Fernandes – e a Base A�rea do Gale�o – nela foram presos e torturados Alex Polari de Alverga, Jos� Roberto Gon�alves Rezende, Adir Figueira e Jos� Bezerra da Silva e ali teria sido morto Stuart Angel.
Em S�o Paulo, a CNV listou o Destacamento de Opera��es de Informa��es do 2º Ex�rcito (DOI/2ºEx) como o centro repress�o. Ali foram presos e torturados Darci Miyaki e George Duque Estrada e mortos Joaquim Alencar de Seixas, H�lcio Pereira Fortes, Ant�nio Benetazzo e Arnaldo Cardoso Rocha. No Recife, o Destacamento de Opera��es de Informa��es do 4º Ex�rcito (DOI/4ºEx) � apontado como local de morte de Jos� Carlos Novaes da Mata Machado e Gildo Macedo Lacerda.