Brasilia - A presidente Dilma Rousseff rebateu nessa segunda-feira a declara��o do ex-presidente da Petrobras Jos� S�rgio Gabrielli de que ela "n�o pode fugir da responsabilidade" sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Dilma, por meio de seu ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, reafirmou ter aprovado o neg�cio em 2006 com base em um resumo executivo que n�o continha duas cl�usulas importantes do contrato.
A entrevista de Gabrielli ao Estado, publicada no domingo, irritou Dilma por causa da cobran�a feita pelo ex-presidente da companhia. No �ltimo domingo (20), ela acionou Mercadante por telefone e pediu que ele divulgasse seu posicionamento.
"Como j� foi dito pela presidente e demais membros do Conselho de Administra��o da Petrobras, eles assumiram as suas responsabilidade nos termos do resumo executivo que foi apresentado pelo diretor internacional da empresa", disse o ministro ao Estado. "Este epis�dio est� fartamente documentado pelas atas do conselho que demonstraram que os conselheiros n�o tiveram acesso �s cl�usulas Marlim e Put Option e n�o deliberaram sobre a compra da segunda parcela. Gabrielli, como presidente da Petrobras � �poca, participou de todas as reuni�es do conselho e assinou todas as atas que sustentam integralmente as manifesta��es da presidente."
A compra aprovada por Dilma foi de 50% da refinaria em 2006 por US$ 360 milh�es. A cl�usula Put Option obrigava a Petrobras a adquirir a outra metade da belga Astra Oil em caso de desacordo comercial, enquanto a Marlin previa uma rentabilidade m�nima � s�cia devido a investimentos que seriam feitos para que a refinaria passasse a processar �leo pesado, como o produzido no Brasil.
Ap�s uma disputa na justi�a norte-americana, o neg�cio acabou custando US$ 1,25 bilh�o � estatal brasileira. Em 2005, a Astra tinha comprado a mesma refinaria por US$ 42,5 milh�es. Segundo a Petrobras, por�m, a empresa belga teve outros gastos e teria investido US$ 360 milh�es antes da parceria.
A manifesta��o da presidente exp�e as contradi��es entre as vers�es defendidas por Dilma e a atual presidente Gra�a Foster e a gest�o anterior da companhia: Gabrielli e o ex-diretor internacional Nestor Cerver�. Dilma e Gra�a culpam a omiss�o das cl�usulas pelo preju�zo de US$ 530 milh�es registrado no balan�o da companhia, enquanto Gabrielli e Cerver� atribuem � crise financeira internacional, �s mudan�as no mercado de petr�leo e � falta de investimento os problemas no neg�cio.
Na entrevista, Gabrielli afirmou que a "presidente Dilma n�o pode fugir da responsabilidade dela, que era presidente do Conselho" na �poca. Ele concordou que o relat�rio preparado por Nestor Cerver� foi "omisso" ao deixar as duas cl�usulas de fora, mas afirmou que isso "n�o � relevante para a decis�o do Conselho". O ex-presidente da Petrobras disse acreditar que o �rg�o presidido por Dilma aprovaria a compra mesmo se soubesse das duas cl�usulas. Na C�mara, Cerver� j� tinha feito um discurso na mesma linha de Gabrielli.
Dilma, por�m, insiste que o posicionamento seria diferente. Em nota ao Estado no m�s passado, afirmou que baseou sua decis�o em um resumo "t�cnica e juridicamente falho". Alinhada com Dilma, a atual presidente da Petrobras sustentou, na semana passada, que a diretoria comandada por ela n�o teria tamb�m dado o aval � compra, que na vis�o de Gra�a Foster "n�o foi um bom neg�cio".
‘Renascimento’. Com a exposi��o cada vez maior das diferentes vers�es, Dilma tenta adotar uma linha de defesa da Petrobras e exaltar o que considera acertos da gest�o petista em um aceno a Lula, Gabrielli e ex-integrantes da companhia.
No programa de r�dio Caf� com a Presidenta, defendeu o papel da estatal no que definiu como "renascimento" da ind�stria naval brasileira e elogiou o antecessor. "Gra�as � pol�tica de compras da Petrobras iniciada no governo Lula e desenvolvida no meu governo, renasceu uma ind�stria naval din�mica e competitiva, que ir� disputar o mercado com as maiores ind�strias do mundo", disse.
A pol�tica destacada por Dilma, por�m, n�o tem sido capaz de atender �s demandas da estatal. O Estado mostrou no domingo que a Petrobras transferiu a conclus�o de duas plataformas de explora��o de petr�leo para o estaleiro Cosco, na China, para tentar garantir o cronograma de produ��o do pr�-sal da Bacia de Campos. O Sindicato de Metal�rgicos do Rio de Janeiro estimou a perda de 5 mil postos de trabalho com a medida. Colaborou Andreza Matais.
