
A Pol�cia Civil do Rio de Janeiro negou nessa ter�a-feira a vers�o que o caseiro Rog�rio Pires, de 27 anos, suspeito de envolvimento na morte do coronel reformado Paulo Malh�es, deu para senadores da Comiss�o de Direitos Humanos, na capital fluminense. A senadora Ana Rita (PT-ES), presidente da comiss�o, os senadores Jo�o Capiberibe (PSB-AP) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e o presidente da Comiss�o Estadual da Verdade do Rio, Wadih Damous, visitaram o caseiro, que est� em uma cela na Delegacia Antissequestro, no Leblon, Zona Sul.
Aos parlamentares, o caseiro negou ter confessado � pol�cia de ter participado do crime, disse n�o ter advogado para defend�-lo e alegou ser analfabeto. “Ele demonstrou firmeza. Vamos solicitar uma c�pia do inqu�rito e do depoimento dele � Pol�cia Civil”, disse a senadora. “Ele (o caseiro) � analfabeto e n�o tem advogado. Vamos pedir um defensor p�blico para ele”, disse Damous.
De acordo com a vers�o apresentada aos senadores, Pires n�o participou nem planejou o crime, mas reconheceu os irm�os Anderson e Rodrigo Pires como autores. Segundo ele, os dois chegaram ao s�tio, na �rea rural de Nova Igua�u, na Baixada Fluminense, por volta das 10h no dia do assassinato (25 de abril). Malh�es s� teria chegado ao im�vel tr�s horas depois. “Durante o assalto, os criminosos teriam se comunicado por telefone com uma pessoa que estava fora da casa”, informou o senador Randolfe Rodrigues. Os parlamentares pedir�o prote��o para o caseiro e a fam�lia dele, al�m da vi�va Cristina Batista Malh�es
Ap�s a visita ao suspeito, a comitiva seguiu para a sede da Pol�cia, no Centro, para tentar esclarecer as vers�es divergentes em uma reuni�o a portas fechadas. Ao fim da reuni�o, o delegado titular da Delegacia de Homic�dios da Baixada Fluminense, Pedro Henrique Medina, afirmou que Pires confessou participa��o no caso em tr�s momentos. Com rela��o aos depoimentos tomados sem a presen�a de advogado, Medina afirmou apenas que durante o inqu�rito “foram obedecidas todas as normativas do C�digo de Processo Penal”. Sobre o fato de o caseiro estar desde a semana passada preso em uma delegacia e n�o em um pres�dio estadual, o delegado disse que a medida foi tomada “para que se tenha acesso mais f�cil ao suspeito”.
“Entendemos que o assassinato de Malh�es ap�s seu depoimento (na Comiss�o da Verdade, em mar�o) tem ind�cios de que foi em fun��o disso e que ele tinha muitas informa��es a prestar. N�o descartamos a possibilidade de queima de arquivo”, disse Ana Rita. Antes de receber autoriza��o para conversar com o caseiro, o senador Randolfe afirmou que “� evidente a m� vontade do estado do Rio com este caso”. Para a senadora, “� fundamental ouvir o preso” porque Pires teve contato direto com Malh�es, torturador confesso de presos pol�ticos durante a ditadura militar.
O perito respons�vel pelo laudo que vai determinar a causa da morte do coronel pediu mais 10 dias de prazo para conclus�o.
Mulher est� sem not�cias desde pris�o
A mulher do caseiro Rog�rio Pires, Marcilene dos Santos, de 21 anos, afirmou ontem que n�o consegue obter informa��es sobre o marido por parte da Pol�cia Civil do Rio. Moradora de Nova Igua�u, na Baixada Fluminense, ela se diz desamparada por parte do poder p�blico e n�o acredita que Pires tenha participado do crime. Marcilene confirmou ainda que o marido � totalmente analfabeto. “Fiquei sabendo da pris�o pela TV e a �ltima vez em que falei com Rog�rio foi quando a pol�cia esteve em nossa casa para lev�-lo a depor. Ele era apenas testemunha e � noite disseram que havia participado do crime. Desde ent�o n�o nos falamos mais”, disse.
Marcilene procurou o marido na Delegacia de Homic�dios da Baixada Fluminense e no pres�dio de Bangu. “A pol�cia n�o informa onde ele est�”, disse. O delegado Pedro Medina disse que Pires foi autorizado a telefonar para a fam�lia depois de ser preso. “Tanto ele falou com a fam�lia que os dois irm�os dele que s�o suspeitos desapareceram, sumiram do mapa.”
Pires e Marcilene e um casal de filhos, de 2 e 3 anos, moravam com os pais dela. Ela alega que a fam�lia n�o tem condi��es de contratar um advogado e que o sal�rio do marido est� fazendo falta � fam�lia. Pires ganhava R$ 200 por semana de Malh�es. A casa est� sendo mantida com os R$ 235 que ela recebe do Bolsa-Fam�lia e dos R$ 400 que da pens�o do pai. Ela declarou que n�o havia motivos para o roubo, porque Malh�es gostava muito do caseiro e da fam�lia dele. “Ele chamava nossa filha de neta.”