Sem preocupa��o com amarras ideol�gicas – que, ali�s, s�o t�nues para a maior parte dos 32 partidos pol�ticos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) –, as chamadas “dobradinhas” para as elei��es proporcionais s�o uma quest�o de sobreviv�ncia pol�tica para os prefeitos e para os deputados. “Se um prefeito s� tem parlamentar de um partido para apoiar, ter� dificuldades de ampliar o seu arco de apoios nas pr�ximas elei��es municipais”, avalia o deputado estadual Arlen Santiago (PTB). Por outro lado, para os deputados estaduais e federais, a dobradinha � uma forma de “potencializar” o voto. “Os deputados estaduais e federais ajudam a trazer recursos para a cidade e, na hora de pedir o voto, facilitam o contato com o eleitor. H� mais realiza��es para mostrar”, considera Arlen Santiago.
Como os dois lados precisam demonstrar “for�a” junto � popula��o, elegendo os deputados majorit�rios da localidade, os deputados escolhidos para receber o apoio s�o considerados pela proximidade que se constr�i ao longo do mandato. S�o la�os de clientela: o parlamentar tem de mostrar servi�o, levar conv�nios, programas, pequenas obras, intermediar a solu��o de demandas junto aos governos federal e estadual, at� para fortalecer politicamente o prefeito nas pr�ximas elei��es.
Nesse processo de escolha dos prefeitos, �s vezes h� coincid�ncia de indica��o de deputados estadual e federal ou candidatos da mesma base pol�tica no estado ou no plano federal. Mas certamente esta n�o � a refer�ncia que determina as decis�es. “O gestor p�blico se relaciona com aquele que realmente acompanha a sua gest�o. E ele precisa de relacionamentos s�lidos, pois trabalha sob a l�gica de atrair recursos para o munic�pio”, diz o deputado federal Reginaldo Lopes (PT). “Depois tem ainda a l�gica das alian�as municipais, com arranjos muitas vezes independentes da composi��o nacional”, acrescenta Reginaldo Lopes. E, obviamente, os deputados preocupados com a pr�pria reelei��o n�o imp�em enquadramentos para as dobradinhas.
Por conta do ecletismo ideol�gico das composi��es dos apoios nos munic�pios �s elei��es legislativas, a disputa pelos votos frequentemente n�o se mistura com as elei��es majorit�rias. “Procuro n�o me intrometer na escolha sobre quem apoiar dos l�deres pol�ticos locais. Mas fa�o uma �nica ressalva: s� subo em palanques que pedem votos para os candidatos majorit�rios do PSDB”, afirma o deputado federal Rodrigo de Castro (PSDB).