Bras�lia – A Copa do Mundo, que inclui o resultado dentro do campo e problemas ou acertos fora dele, n�o vai influenciar apenas a disputa presidencial entre Dilma Rousseff (PT), A�cio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), os principais postulantes ao Pal�cio do Planalto em outubro. O Mundial tamb�m pode impactar nas disputas para os governos estaduais das 12 cidades que sediar�o os jogos: Rio Grande do Sul, Paran�, Rio de Janeiro, S�o Paulo, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Cear�, Mato Grosso, Distrito Federal e Amazonas.
Pelas ruas delas circular�o os torcedores e turistas, utilizando os metr�s, BRTs (Bus Rapid Transit) ou VLTs (Ve�culos Leves sobre Trilhos). Os candidatos � reelei��o – s�o quatro ao todo –, aqueles que s�o apoiados pelos atuais governadores e os oposicionistas poder�o ser beneficiados ou prejudicados pela boa ou m� sinaliza��o das cidades. E mais do que isso, estar� sob rigorosa an�lise da popula��o a capacidade das for�as policiais em garantir a seguran�a contra assaltos e coibir a a��o dos black blocs nas manifesta��es p�blicas garantidas em ambientes democr�ticos.
Este �ltimo ponto, na avalia��o de especialistas ouvidos pelo Estado de Minas, � o mais nevr�lgico. Al�m de ser uma miss�o constitucional, a seguran�a p�blica � encarada pelos cidad�os como uma responsabilidade do governo estadual, com os aparatos das pol�cias Militar e Civil. Em muitas situa��es, como aconteceu no Rio de Janeiro, por exemplo, a administra��o estadual pediu ajuda da For�a Nacional de Seguran�a ap�s o recrudescimento da viol�ncia nas Unidades de Pol�cia Pacificadora (UPPs).
Mas, no geral, ela � responsabilidade do governo local. A onda de viol�ncia que atingiu Recife ap�s dois dias de greve da Pol�cia Militar assustou o pa�s. O fen�meno j� havia acontecido h� dois anos, quando a pol�cia baiana cruzou os bra�os �s v�speras do Carnaval, abalando a confian�a dos eleitores no governador Jaques Wagner. "Se as coisas fugirem do controle, as pessoas v�o pensar: se isso acontece durante a Copa, o que n�o acontecer� depois dela, quando deixarem de prestar aten��o na nossa cidade?", afirmou o professor da Funda��o Getulio Vargas de S�o Paulo e membro do F�rum Brasileiro de Seguran�a P�blica Guaracy Minguardi.
Guaracy reconhece que o risco de movimentos grevistas no per�odo dos jogos � grande, sobretudo por ser o momento ideal para os servidores pressionarem o poder p�blico em busca de melhores sal�rios. Isso aconteceu durante a greve em Salvador, mas, agora, o potencial de estrago torna-se ainda maior, pela proximidade entre os jogos e as elei��es de outubro.
Ele reconhece, no entanto, que os problemas locais poder�o atrapalhar a vida dos candidatos. "Se a Copa der errado, atrapalhar� Dilma, por exemplo. Mas se tivermos problemas de seguran�a na Bahia, isso n�o ser� levado em conta pelos eleitores de Pernambuco", exemplificou.
Mobilidade Embora a seguran�a seja o principal tema nas disputas estaduais envolvendo a Copa, os eleitores tamb�m avaliar�o se os governantes investiram de maneira adequada os recursos em mobilidade urbana. Em todos os estados, os candidatos � reelei��o e aqueles que contam com o apoio dos atuais mandat�rios estaduais empenham-se para provar, em mensagens publicit�rias, que deixar�o de fato um legado urban�stico e vi�rio para o futuro e em condi��es de ser avaliado em outubro. "Se os meios de comunica��o n�o forem eficientes, a popula��o saber� de quem cobrar", completou o cientista pol�tico da Funda��o Escola de Sociologia e Pol�tica de S�o Paulo Rui Tavares Maluf.
Rui Maluf lembra que o cronograma de entrega das obras, caso esteja atrasado, tamb�m ter� peso decisivo nas elei��es. Todas as 12 cidades-sede transformaram-se em imensos canteiros, especialmente no tocante �s interven��es de mobilidade urbana. Os transtornos e engarrafamentos foram – e em muitos estados continuam sendo – inevit�veis, irritando pedestres e motoristas.
O cientista pol�tico, contudo, retornou ao tema seguran�a p�blica, mas sob um prisma ideol�gico e pol�tico. "PT, PMDB e PSDB foram os principais partidos que lutaram pela redemocratiza��o do pa�s ap�s anos de ditadura. Se as for�as policiais sob o comando deles forem truculentas, estar�o comprometendo a pr�pria hist�ria. Se forem omissos – o que � grave –, perder�o pontos junto ao eleitorado", afirmou.