
An�polis - Tr�s anos e meio depois do prazo de entrega estipulado pelo ent�o presidente Luiz In�cio Lula da Silva, a presidente Dilma Rousseff inaugurou nesta quinta-feira, em An�polis (GO) um trecho de 855 quil�metros da Ferrovia Norte-Sul, obra do Programa de Acelera��o do Crescimento (PAC) que liga a cidade goiana a Palmas, no Tocantins. Em seu discurso, Dilma agradeceu o senador Jos� Sarney (PMDB-AP) pela concep��o da obra, atacou gest�es de antecessores e afirmou que o seu governo tem vontade pol�tica para enfrentar problemas e "n�o ficar chorando pelas esquinas".
Em setembro de 2010, Lula promoveu uma cerim�nia de "inser��o dos trilhos de liga��o entre os Estados de Goi�s e Tocantins", quando prometeu a conclus�o da obra em dezembro de 2010. "N�s vamos at� Palmas agora, vamos inaugurar um outro trecho, vai ter um ato l�, e, no dia 20 de dezembro, preparem uma grande festa, que n�s vamos inaugurar a Ferrovia Norte-Sul at� An�polis", prometeu Lula na �poca.
A "grande festa" ocorreu nesta quinta-feira, com Dilma subindo em uma locomotiva, cumprimentando oper�rios, sendo recebida por uma claque que gritava "Dilma! Dilma!" e ganhando at� elogios rasgados do governador de Goi�s, Marconi Perillo (PSDB), que chegou a afirmar que a presidente "colaborou para que o Pa�s andasse para frente".
O tom da cerim�nia, no entanto, n�o foi s� de "festa". Antes do evento da presidente, um grupo de aproximadamente 300 pessoas protestou no Distrito Agroindustrial de An�polis, perto do local da solenidade, cobrando agilidade do governo federal na obra de um viaduto. Os manifestantes n�o chegaram a acompanhar de perto a cerim�nia, monitorada por um forte esquema de seguran�a.
Atraso
Ao comentar o atraso na entrega da Norte-Sul, Dilma lembrou que todo o processo da ferrovia demorou 27 anos. "Dizem que demorou 27 anos, � verdade, mas eu vou dizer o seguinte: demorava 27 anos. Hoje, n�o demora mais 27 anos", afirmou, sendo interrompida por aplausos. "O Brasil (antes) tinha parado de investir durante muito tempo, o Brasil tinha deixado v�rias ferrovias Norte-Sul para tr�s. Sei de todas as dificuldades que ferrovia Norte-Sul teve para sair", comentou a presidente.
Dilma relembrou as dificuldades enfrentadas na �poca do lan�amento do Programa de Acelera��o do Crescimento (PAC), em 2007, quando era ministra-chefe da Casa Civil. "Naquele momento o governo fez o PAC, era o primeiro programa planejado e concebido pra recuperar o tempo perdido dos investimentos em infraestrutura e, em especial, n�s t�nhamos um grande interesse em recuperar ferrovias. Tivemos grandes dificuldades, primeiro porque no per�odo anterior n�o havia prateleira onde voc� chegasse e pegasse um projeto pronto e licitasse", disse a presidente, numa cr�tica � gest�o tucana. "Tinha de come�ar do nada."
Choro
Saindo em defesa da sua gest�o, a presidente afirmou na cerim�nia que o seu governo enfrenta dificuldades e tem vontade pol�tica para resolver os problemas do Pa�s. "Tem duas formas de lidar com a realidade, em todas as �reas da vida. Uma que � aquela do 'n�o vai dar certo', 'ah, n�o vai ficar bom', que � uma atitude que pode chamar 'tranca roda', a coisa n�o roda de jeito nenhum. E tem outro jeito de se lidar com a realidade, que � saber que qualquer processo � dif�cil, (que) faz parte da realidade enfrentar dificuldade, que n�o tem um caminho pavimentadinho e pronto antes de voc� pavimentar", afirmou Dilma.
"N�s enfrentamos a dificuldade, achamos que � poss�vel superar e n�s temos certeza de que temos trabalhadores que s�o capazes de criar uma ferrovia com as suas m�os, sabemos que tem empres�rios que v�o assumir constru��o, podem ter certeza que temos um governo com vontade pol�tica de enfrentar e resolver os problemas e n�o ficar chorando pelas esquinas, � essa a diferen�a entre as duas posturas", concluiu.
Afago
A presidente tamb�m aproveitou a cerim�nia para fazer um afago no senador Jos� Sarney (PMDB-AP), que lan�ou o projeto da ferrovia durante o seu mandato presidencial. "N�s herdamos algo importante do senador e ex-presidente da Rep�blica Jos� Sarney que foi a concep��o de que era importante fazer a ferrovia Norte-Sul e atualizamos a vis�o da ferrovia Norte-Sul, percebendo que o Brasil tinha de ter uma coluna vertebral que seria a ferrovia das ferrovias, que cortaria o Brasil de Norte a Sul, que levaria o nosso Pa�s a superar esse atraso inexplic�vel, porque a �poca das ferrovias foi o final do s�culo XIX e in�cio do s�culo XX", afirmou.
Vaiado pelo p�blico ao ser anunciado pelo locutor da solenidade, o governador Marconi Perillo agradeceu a presidente Dilma Rousseff pela postura "republicana". "A senhora foi s�bia, trabalhou, injetou recursos para que diversos setores da economia nacional pudessem se movimentar, ajudou governadores e prefeitos e colaborou para que o Pa�s andasse para a frente", elogiou o tucano.