
Em cartaz nas salas de cinema de todo o pa�s, 'O menino no espelho' – baseado no romance hom�nimo do escritor mineiro Fernando Sabino (1923/2004) remexe no ba� da hist�ria do Brasil. “Refer�ncia que o cinema europeu e norte-americano fazem muito bem com a pr�pria hist�ria e que ajuda na constru��o da identidade nacional”, compara o diretor do filme, o tamb�m mineiro Guilherme Fi�za. Embora a obra de Sabino passe ao largo da disputa pelo mando da pol�tica, Fi�za, no entanto, diz que fez quest�o de seguir os exemplos dos colegas de al�m-mar.
A ideia desse acr�scimo na telona, confome Fi�za, � n�o s� ajudar a entender o perfil psicol�gico do vil�o -, um vizinho que atormenta a vida do her�i dessa hist�ria, baseada na mem�ria do escritor sobre a inf�ncia dele em Belo Horizonte, passada na d�cada de 30. O cineasta enfatiza que o principal mote para incluir a disputa pol�tica pelo poder foi contar historia do Brasil com um dos per�odos mais conturbados do pa�s e retratado no ideal fascista da A��o Integralista Brasileira (AIB).
O filme conta a a��o fracassada desse movimento, integrado por for�as conservadoras, que tentaram derrubar o governo de Get�lio Vargas. O golpe frustrado ficou conhecido como Putsch Integralista . E por que associar o vil�o aos partid�rios da ABI? Fi�za responde que o prop�sito � “deixar uma sementinha na cabe�a do espectador, onde o desejo de uma sociedade mais libert�ria e humanista possa florescer”.
Como contraponto, ele argumenta que os ideais fascistas, que ele reconhece ainda hoje como recorrentes nas a��es de alguns pol�ticos brasileiros, precisam ser sempre lembrados como exemplos a serem recha�ados por uma sociedade democr�tica. Portanto, para Fi�za, fazer do vil�o um personagem afinado com ideais fascistas � passar a mensagem - em especial para o p�blico-alvo dessa pel�cula, a crian�ada-, que “tend�ncias radicais, como racismo, por exemplo, n�o se afinam com uma sociedade mais humana e libert�ria”.
Cereja do bolo
O cineasta Guilherme Fi�za destaca ainda que rodar a cena do pai do menino lendo o Jornal Estado de Minas com a manchete sobre o fracasso do Putsch Integralista � a cereja do bolo.“Tivemos total apoio por parte da empresa Di�rios Associados, que nos disponibilizou o arquivo do jornal para produzirmos uma capa adequada � linguagem do cinema”, conta o cineasta.
O que foi o Putsch Integralista
A A��o Integralista Brasileira (AIB) foi habilmente usada por Get�lio Vargas na repress�o aos comunistas, desde a Intentona de 1935. Dois anos depois, Vargas aplica o pr�prio golpe, implantando uma ditadura civil no pa�s (1937/1945). Na antev�spera do golpe, Pl�nio Salgado, l�der da ABI, mais conhecidos como camisas verdes, retirou a candidatura dele � presid�ncia da Rep�blica, sinalizando que esperava um espa�o no novo governo de Vargas.
No entanto, Salgado se viu frustrado j� que um dos primeiros atos do ditador foi a extin��o dos partidos pol�ticos e a proibi��o de uniformes, estandartes, distintivos ou outros s�mbolos que n�o fossem os s�mbolos nacionais. O ato inviabilizava definitivamente o movimento dos camisas-verdes, agora posto fora da lei. Por essa raz�o, em maio de 1938, os integralistas tentaram um golpe para tomar o poder.
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