Bras�lia – A uma semana do fim da Copa do Mundo, os candidatos a presidente est�o autorizados, a partir de hoje, a iniciar a campanha rumo ao Planalto. Vencida a fase das conven��es partid�rias e do registro das candidaturas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), est� dado o pontap� para uma corrida eleitoral que promete ser a maior dos �ltimos tempos. E, possivelmente, a mais cara, apesar dos esfor�os para diminuir o valor das campanhas presidenciais.
A despeito das diferen�as nos �ndices de inten��o de voto, a disputa come�a com tr�s candidatos competitivos: Dilma Rousseff (PT), A�cio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Embora a polariza��o ainda tenda a fortalecer um segundo turno entre tucanos e petistas, a chamada terceira via, protagonizada pelo PSB, tem uma largada melhor do que a da ex-senadora Marina Silva em 2010, quando ainda militava no PV.
Os socialistas se apegam �s pesquisas que apontam que Eduardo Campos pode ter um �ndice de inten��es de votos na casa dos 11%, o que, em termos de votos v�lidos, pode ser calculado em 13% ou 14%. “Estamos iniciando uma disputa com um �ndice muito pr�ximo ao de Marina h� quatro anos. A diferen�a � que ela chegou a esse patamar na �ltima semana de campanha”, comparou um estrategista do PSB.
O pa�s que chega a essa elei��o � diferente do que existia em 2010. O crescimento da economia n�o � t�o pujante como h� quatro anos, quando o Brasil vivia a euforia de um aumento do PIB na casa dos 8%. O cen�rio tinha Lula saindo do governo com 80% de aprova��o. Hoje, a presidente Dilma tem um bom ou �timo de 32% a 35%. “Mas � bom lembrar que cresceu 8% depois de um ano n�o t�o bom, de recess�o, que foi 2009”, ponderou o ministro da Secretaria de Rela��es Institucionais do governo, Ricardo Berzoini.
Com a experi�ncia de ter presidido o PT durante o momento da crise mais agudo de sua hist�ria – o mensal�o, em 2005 –, Berzoini comandava a legenda durante a reelei��o de Lula em 2006. Deixou o cargo ap�s o esc�ndalo dos aloprados. Chamado �s pressas ao minist�rio para apagar o inc�ndio com a base aliada, Berzoini prev� uma elei��o acirrada. “Nunca achei que a disputa se decidiria em primeiro turno. Mas teremos o que mostrar”, apostou.
A popula��o, contudo, d� sinais de receio. Pesquisas recentes de opini�o mostram um brasileiro preocupado com a volta da infla��o, que beira o teto de meta, e com o fantasma do desemprego, que, pelo menos at� o momento, mant�m-se com �ndices equilibrados de pleno emprego. A perspectiva de dificuldades econ�micas a longo prazo tamb�m n�o passa desapercebida pelos brasileiros, que acreditam, ou ao menos intuem, que a tend�ncia � que 2015 seja um momento de pisar no freio e apertar os cintos.
PROPOSTAS Os candidatos ter�o diante de si tamb�m um eleitorado que est� sedento por mudan�as. O mote foi impulsionado ap�s as manifesta��es que levaram milh�es de brasileiros �s ruas em junho e julho de 2013, cobrando melhorias em educa��o, sa�de e transporte p�blico, especialmente, e contra os gastos nas obras da Copa, em particular. Se � verdade que o Mundial est� sendo um sucesso, tamb�m � verdade que os eleitores brasileiros n�o aceitar�o mais meias-verdades eleitorais. Eles querem, como reconhecem todas as campanhas que incorporaram a mudan�a em seus slogans, at� mesmo da presidente Dilma, que busca a reelei��o e representa um projeto que governa o pa�s h� 12 anos, propostas concretas que tragam melhorias.
Ser� tamb�m, provavelmente, a elei��o das redes sociais. Os comandos de campanha montaram ex�rcitos virtuais para debater ideias, lan�ar acusa��es e rebater dados falsos. At� o momento, as baixarias t�m sobrepujado as propostas de governo.
A estrat�gia nas palavras
Bras�lia - Os discursos de campanha come�am a ser afinados. O tucano A�cio Neves pretende iniciar seu roteiro de viagens pelo Nordeste e focar, nesse primeiro momento, nas cr�ticas aos gargalos no setor de infraestrutura. � o chamado choque de gest�o, express�o em voga quando ele governava Minas Gerais. Tamb�m contar� com a ajuda de aliados para refor�ar a convic��o de que n�o acabar� com os programas sociais. “� preciso mais do que prometer. A�cio ter� de dar sinais concretos de que n�o mudar� os benef�cios aos mais pobres”, disse um aliado de Dilma, mas que simpatiza com o tucano.
Coordenador-geral da campanha, o senador Jos� Agripino Maia (DEM-RN) admite que as diretrizes gerais ainda precisam ser tra�adas. “Teremos uma reuni�o amanh�, em S�o Paulo, para afinar nossa linha de atua��o”, disse, confirmando que, do encontro, participar�o ele pr�prio, A�cio, o candidato a vice, Aloysio Nunes Ferreira, al�m das equipes de marketing, finan�as e log�stica. Ele comemorou o fato de o senador mineiro licenciar-se do mandato a partir de agosto. “� importante que A�cio esteja dispon�vel integralmente para a campanha”, justificou.
Eduardo Campos, que tem concentrado seus ataques na atual gest�o federal, estrategicamente poupando Lula para evitar desgastes, se concentrar� nesse momento nas interven��es na �rea social, como uma maneira de conquistar o eleitorado ainda cativo do PT. “Afinal, somos um partido socialista”, brincou o secret�rio-geral do PSB, Carlos Siqueira, um dos coordenadores pol�ticos da campanha de Eduardo. Os socialistas tamb�m devem se reunir nesta semana para elaborar o cronograma de viagens.
J� o PT e Dilma Rousseff ter�o de dividir as aten��es entre a campanha e o governo. Desde o in�cio de maio, o comando informal – Lula, Rui Falc�o, Franklin Martins (Comunica��o), Jo�o Santana (Marketing), Edinho Silva (Finan�as) e Gilles Azevedo (agenda) – tem se reunido semanalmente na sede do Instituto Lula para discutir estrat�gias. Aguarda-se para as pr�ximas semanas a ades�o do secret�rio-geral da Presid�ncia, ministro Gilberto Carvalho, que ser� respons�vel pelo di�logo com os movimentos sociais.
Por enquanto, a ideia � refor�ar o discurso econ�mico j� delineado durante a conven��o petista, mostrando que o pa�s criou 11 milh�es de empregos, enquanto os pa�ses desenvolvidos acabaram com 60 milh�es de postos de trabalho, e uma compara��o entre a infla��o atual e a deixada por Fernando Henrique Cardoso �s v�speras de sair do governo, em 2002. (PTL)