
Bras�lia – As �ltimas 24 horas mostraram como � dif�cil promover uma mudan�a concreta no futebol brasileiro, apesar da humilhante goleada de 7 a 1 sofrida pela Sele��o Brasileira. Depois de defender na quinta-feira uma “interven��o indireta” no setor, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, em conson�ncia com a presidente Dilma Rousseff, recuou e disse que a inten��o � promover melhorias e dar mais transpar�ncia, aproveitando leis que est�o para ser votadas no Congresso, como a Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte. Articuladores governistas admitem que n�o h� consenso e que a vota��o deve acontecer apenas no ano que vem, por causa da campanha eleitoral, que esvazia os corredores do Congresso.
Enquanto isso, integrantes da bancada da bola, como deputado Vicente C�ndido (PT-SP), afirmam que a mudan�a no discurso foi porque o ministro fez uma an�lise fora do contexto e depois teve de correr para se explicar. “Foram as entidades privadas que trouxeram t�tulos para o Brasil. O estado mal fomenta o esporte”, criticou o petista, tamb�m vice-presidente da Federa��o Paulista de Futebol.
Aldo afirmou que a ideia � promover uma s�rie de medidas e altera��es na legisla��o. O principal projeto em an�lise pelos parlamentares prev� o refinanciamento da d�vida dos clubes, desde que eles obede�am a regras de gest�o financeira, com obriga��o de prestar contas e fazer os pagamentos em dia. “O governo n�o pretende nomear dirigente nem interferir nas entidades. A fun��o do governo � defender o que h� de interesse p�blico e nacional na pr�tica do esporte. � ineg�vel que h� outros interesses, al�m de educa��o, entretenimento, lazer, inclus�o social”, emendou o ministro.
MODELO CRITICADO Especialistas e at� jogadores apontam o modelo de organiza��o do futebol brasileiro como uma das causas da crise vivida pelo esporte nacional. Na pr�pria Alemanha, por exemplo, o modelo adotado guarda pouca ou nenhuma semelhan�a com o brasileiro: a maioria dos clubes s�o empresas privadas, embora alguns mantenham representantes dos torcedores e da comunidade nos conselhos de administra��o. No Brasil, os principais clubes s�o entidades privadas de car�ter associativo, sem fins lucrativos. Outra diferen�a � o papel do Estado: como aqui, l� n�o h� interven��o direta, mas cabe a uma entidade ligada ao governo, a Associa��o Alem� de Futebol (DFB), analisar e aprovar trimestralmente as contas dos clubes, al�m de impor limites nos gastos com a contrata��o de jogadores e investir na forma��o de novos atletas.
Mirando nos dirigentes da Confedera��o Brasileira de Futebol (CBF), o ex-zagueiro do Corinthians Paulo Andr� lan�ou um texto contundente em sua p�gina numa rede social. “Como de costume, evitaram e evitar�o ao m�ximo falar sobre as propostas para o futuro, pois n�o entendem bulhufas do que deve ser feito. Entendem de pol�tica, de se manter no poder, de explorar o futebol, de mamar nas tetas da vaca”, escreveu ele. A opini�o � compartilhada pelo professor da Universidade de Bras�lia e especialista em gest�o esportiva Paulo Henrique Azev�do. “O Brasil est� totalmente fora da realidade mundial”, diz ele. “Existe aqui uma elite do futebol. � um grupo t�o bem articulado que chega a ter representa��o at� mesmo no ambiente pol�tico, por meio da chamada ‘bancada da bola’. Eles defendem seus interesses com base na alega��o de que o futebol � uma atividade privada e que o Estado n�o tem que se meter, mas esquecem, por exemplo, de que h� dinheiro p�blico, e muito, investido no futebol”, diz ele.
Na Espanha, campe� de 2010, a maioria dos clubes est�o organizados como empresas privadas, gra�as a uma lei de 1990. Na Inglaterra e nos EUA, apesar de os clubes tamb�m serem empresas, o modelo tende a privilegiar o papel das ligas, que s�o respons�veis pela divis�o dos lucros obtidos com a venda dos direitos de transmiss�o televisiva dos jogos.
‘FUTEBRAS’ Um dia depois de Aldo Rebelo defender uma interven��o do governo na ger�ncia do futebol brasileiro e de a presidente Dilma declarar que se faz necess�ria “uma renova��o”, o candidato do PSDB � Presid�ncia da Rep�blica, A�cio Neves (MG), reagiu dizendo que “o pa�s n�o precisa de uma Futebras”. “Nada pode ser pior do que a interven��o estatal. (…) O futebol brasileiro precisa, � claro, de uma profunda reformula��o. Mas n�o � hora de oportunismo. Principalmente daqueles que est�o no governo h� 12 anos e nada fizeram para melhor�-lo”, postou em seu perfil em uma rede social. (Colaborou Ana Pompeu)
Protestos
O Pal�cio do Planalto manter� o refor�o na seguran�a de Bras�lia, Belo Horizonte, S�o Paulo e Rio de Janeiro amanh�, depois da final da Copa do Mundo, apesar de dispor de informa��es indicando que ser�o esvaziadas as manifesta��es de rua programadas por grupos na internet. A ordem � evitar viol�ncia e destrui��o de patrim�nio. O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presid�ncia, Gilberto Carvalho, classificou como “um lixo” um dos v�deos de convoca��o para manifesta��o, que, para ele, ser� um “redondo fracasso”.