O presidente eleito da Confedera��o Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo Del Nero, disse ontem que existem “limites” para eventual participa��o do Estado na organiza��o do futebol, como havia sugerido na v�spera o ministro do Esporte, Aldo Rebelo. Ao mesmo tempo, Del Nero cobrou “prioridade para o esporte na rede p�blica”.
“A participa��o do Estado � sempre bem-vinda, dentro dos limites do que se pode fazer”, disse Del Nero, que vai assumir o comando do futebol nacional em 2015. Segundo ele, o governo federal j� engavetou projetos apresentados pela entidade.
A CBF foi sempre refrat�ria a um envolvimento do Estado em suas fun��es, o que exigiria, de um lado, maior transpar�ncia nas contas, mas tamb�m a justificativa de resultados.
Os “limites” citados pela CBF se referem justamente � regra da Fifa que impede que governos intervenham nas confedera��es de futebol. Nesta semana, a entidade suspendeu a Nig�ria de participa��o no futebol internacional depois que o governo em Abuja, a capital do pa�s africano, promoveu uma interven��o na federa��o local e trocou os cartolas da entidade nacional.
Aldo, apesar de considerar que “o Estado n�o poderia ser exclu�do da compet�ncia de zelar pelo interesse p�blico dentro do esporte”, j� havia ponderado que sua proposta de a��o n�o era uma tentativa de o governo influir na escolha de presidentes de clubes ou da CBF. O governo sabe que precisa agir dentro das regras da Fifa.
Del Nero sugeriu que a atua��o do Estado no esporte teria de ser outra. Para ele, o governo precisa se ocupar da rede p�blica de escolas antes de falar em interven��o nos clubes brasileiros. Segundo ele, “a escola � a base de tudo”. “Onde est� o esporte nas escolas brasileiras?”, questionou. “O governo precisa dar maior prioridade para o esporte na rede p�blica. � dali que sair�o os craques”, refor�ou. “Os clubes n�o podem fazer tudo. Parte desse trabalho de base precisa ser constru�do pelas escolas.”
Como exemplo, o presidente eleito da CBF mencionou o desenvolvimento do esporte nos Estados Unidos, baseado sempre na atua��o em escolas e universidades.
Futebol feminino
O dirigente ainda observou que propostas para o desenvolvimento do futebol feminino no Pa�s, enviadas ao governo pela confedera��o, est�o paradas h� anos.
Anteontem, o ministro do Esporte e a Fifa cobraram da CBF medidas para fortalecer o futebol feminino no Brasil e acelerar o seu desenvolvimento. Aldo disse que � o governo federal quem vem estimulando a modalidade, ao apoiar o Campeonato Brasileiro e a Libertadores. Ele indicou que espera iniciativas da CBF em rela��o ao assunto.
Del Nero, por�m, alertou que, quando Orlando Silva era ministro, a CBF encaminhou projeto para o desenvolvimento da modalidade nas universidades. “Os clubes t�m dificuldades financeiras para bancar o futebol feminino.” Para ele, o modelo deve ser encontrado nas universidades e com o apoio de recursos p�blicos. Em troca de bolsas de estudos, as mulheres teriam a organiza��o de times e de campeonatos. “Mas o projeto nunca andou depois que Orlando Silva deixou o governo”, comentou Del Nero.
Orlando Silva (PC do B), candidato a deputado, deixou o minist�rio em meio a suspeitas de corrup��o e favorecimento de ONGs ligadas ao partido.