O aliado mais importante do PT no governo federal ser� um de seus principais advers�rios nas elei��es estaduais deste ano. Candidatos a governador petistas v�o concorrer com peemedebistas em estados que concentram 3 de cada 4 eleitores do pa�s.
As rela��es entre PT e PMDB nunca foram exatamente de lua de mel mas 2014 marca um afastamento significativo entre os dois partidos nas disputas estaduais. As alian�as v�o abranger apenas 25% do eleitorado, metade da taxa registrada na elei��o de quatro anos atr�s.
Em 2002, os dois partidos n�o dividiram nenhum palanque estadual. Mas isso ocorreu por imposi��o legal: o TSE determinou a chamada verticaliza��o das alian�as, ao proibir coliga��es nos Estados entre partidos que, no plano federal, eram advers�rios.
Na �poca, o PMDB apoiou formalmente o candidato tucano � Presid�ncia, Jos� Serra, e indicou a candidata a vice-presidente na chapa, a ent�o deputada Rita Camata (ES). Essa alian�a inviabilizou qualquer acordo entre peemedebistas e petistas nas disputas para governador.
De l� para c�, e sem a regra da verticaliza��o, o n�mero de Estados em que um dos dois partidos apoiou o outro passou de 5 em 2006 para 9 em 2010 e 10 neste ano. Hoje as siglas est�o juntas em v�rios Estados com eleitorado pequeno, como Alagoas, Tocantins e Mato Grosso.
A �nica exce��o � Minas Gerais, onde o PMDB apoia o candidato petista, Fernando Pimentel. Em 2010, os dois estavam juntos n�o apenas em Minas, mas tamb�m no Rio de Janeiro, no Paran� e no Cear�, Estados que est�o entre os dez de maior eleitorado no Brasil.
Base fragmentada. Esse afastamento �, muitas vezes, explicado pela din�mica da pol�tica local, mas tamb�m reflete o esfriamento da rela��o PT-PMDB na esfera federal. Isso foi notado primeiro no Congresso e, posteriormente, nas discuss�es para forma��o de alian�as eleitorais em 2014. Parte dos l�deres peemedebistas passou a defender abertamente o rompimento com a presidente Dilma Rousseff e o apoio a seu principal advers�rio na corrida eleitoral, A�cio Neves (PSDB).
Os chamados dissidentes peemedebistas mostraram controlar cerca de 40% da c�pula do partido na conven��o que aprovou, por 59% dos votos v�lidos, a perman�ncia de Michel Temer (PMDB) como vice na chapa de Dilma. Em 2010, a alian�a com os petistas foi aprovada por uma margem muito maior - quase 85%.
O PSB, integrante da base governista at� meados do ano passado, se afastou ainda mais do PT nos Estados desde 2010, em fun��o da mudan�a na conjuntura federal com o lan�amento da candidatura do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos � Presid�ncia.
Em setembro, o partido entregou os cargos que ocupava no governo federal e, de l� para c�, Campos tem feito cr�ticas � gest�o Dilma. Por ora, o candidato do PSB ainda poupa o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, de quem foi ministro entre 2004 e 2005.
Nas elei��es estaduais de 2006, os dois partidos eram advers�rios em Estados que somavam 51% do eleitorado nacional. Agora, esse n�mero passou para 88% - ou seja, quase 9 em cada 10 eleitores.
Intera��es
A chegada do PT ao poder federal impulsionou a “promiscuidade” do partido nas disputas estaduais. Quando faziam oposi��o ao governo Fernando Henrique Cardoso, os petistas s� fizeram coliga��es regionais com 36% dos partidos existentes em 1994 e 52% das legendas de 1998. Em 2002, com a verticaliza��o e Lula ainda candidato sem vit�ria no curr�culo, a taxa foi a 55%. E s� cresceu nos anos seguintes: 64%, 73% e 77% em 2006, 2010 e 2014.
J� o PMDB sempre se relacionou com diversos parceiros: em 1998, o arco de alian�as estaduais incluiu 93% dos partidos existentes. Na elei��o seguinte, com a verticaliza��o, a taxa caiu para 38%. Depois, foi a 89% (2006), 85% (2010) e 87% (2014).