As novas previs�es sobre um crescimento ainda menor neste ano preocupam o governo e, consequentemente, o comando da campanha de Dilma Rousseff � reelei��o. Ao mesmo tempo, servem de combust�vel para as cr�ticas dos oposicionistas A�cio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), que j� t�m usado o pior desempenho da economia - inclusive em temas caros aos petistas, como o emprego - para fustigar a imagem de gestora de Dilma.
A dif�cil situa��o da economia foi o principal assunto da reuni�o desta segunda-feira, 21, de Dilma com coordenadores de sua campanha, ap�s uma semana de tens�o e brigas entre petistas por mais poder no comit� da reelei��o. O sinal amarelo foi aceso porque, pela primeira vez no ano, a proje��o para o Produto Interno Bruto (PIB) na pesquisa Focus do Banco Central (com economistas de institui��es financeiras) ficou abaixo de 1%, fato que se soma ao aumento dos pre�os - em junho, o acumulado dos �ltimos 12 meses da infla��o oficial superou o teto da meta (6,5%).
O oitava revis�o consecutiva do PIB para baixo, na pesquisa, significa a imin�ncia de uma recess�o. O governo teme que o pessimismo em rela��o � economia atue como um veneno na campanha de Dilma, que promete reagir com vigor para se contrapor � guerra de n�meros a ser puxada pela oposi��o.
'Antipessimismo'
Em reuni�o hoje com presidentes de partidos aliados, Dilma e seu conselho pol�tico v�o discutir formas de se criar vacinas contra o discurso "pessimista" dos advers�rios. Em declara��es p�blicas Dilma j� tem adotado esse tipo de revide.
"Al�m da Copa, tivemos outros surtos de pessimismo que n�o se realizaram, como era o caso da tempestade perfeita prevista para nos atacar neste in�cio de ano, que nos levaria a uma crise cambial e de propor��es avassaladoras", disse a presidente na sexta-feira, em Porto Alegre, a uma plateia de empres�rios.
O discurso ser� repetido � exaust�o na campanha. O marqueteiro Jo�o Santana, respons�vel pela propaganda de Dilma na TV, a partir de 19 de agosto, prepara pe�as para mostrar que os �ndices de infla��o e a taxa de juros nos �ltimos anos foram bem menores do que no per�odo do PSDB � frente do Planalto.
Fora isso, a escolha da plen�ria da Central �nica dos Trabalhadores (CUT) para o in�cio de fato da campanha de Dilma, no dia 31, tem o objetivo de mostrar que o governo tem lado. No discurso, a presidente vai exaltar o aumento do emprego e da renda dos trabalhadores.
Emprego
Enquanto Dilma costuma alardear a cria��o de 11 milh�es de postos de trabalho com carteira assinada como prova de que a economia n�o vai t�o mal, A�cio vai usar dados oficiais recentes para desmontar o discurso do pleno emprego.
Na semana passada, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgou que a gera��o de novos postos de trabalho em junho foi a pior desde 1998. A equipe econ�mica da campanha tucana acredita que, em agosto, os dados apontar�o novamente para a desacelera��o da cria��o de vagas e prev� um resultado p�fio do PIB para o segundo trimestre.
Com isso, A�cio passar� a ser mais cr�tico � pol�tica de gera��o de emprego - at� agora, o questionamento se restringia � qualidade e � baixa remunera��o das novas vagas.
A inclus�o desse tema ao discurso de A�cio, por�m, n�o � t�o simples quanto parece. A estrat�gia � s� explorar o assunto ap�s o risco de desemprego chegar � popula��o, para evitar que o tucano seja o "porta-voz das m�s not�cias". At� l�, os aliados do candidato � que t�m a fun��o de martelar o tema.
"J� v�nhamos tratando do tema do desemprego em setores mais valorizados, como a ind�stria. Mas a queda contaminou at� os empregos na faixa de dois sal�rios m�nimos e est� sendo noticiada pelos telejornais. As pessoas come�am a ver isso", disse o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), candidato a vice na chapa de A�cio. "H� uma deteriora��o geral dos empregos."
Fora do trilho
Campos, por sua vez, tem repetido o mote de que "o Brasil parou e saiu dos trilhos do desenvolvimento" mesmo antes de piorarem as previs�es para a economia. � uma forma de criticar Dilma sem atacar Lula, de quem foi ministro.
"A sensa��o � de que o Brasil n�o s� parou, mas corre o risco de andar para tr�s", disse Campos. "Mesmo se o Pa�s crescesse a 2% ao ano, tudo ficaria como est� hoje, com alta do analfabetismo, perda de competitividade e queda na produ��o industrial."