Marcelo da Fonseca

A empregada dom�stica Iris da Silva, de 51 anos, passa boa parte do seu dia no trajeto entre sua casa e o trabalho. S�o pelo menos quatro horas no metr� e no �nibus intermunicipal: duas para ir e mais duas para voltar de S�o Jos� da Lapa at� o Centro da capital. Situa��o parecida com a de milhares de trabalhadores que usam o transporte p�blico na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. Nesta semana, o Estado de Minas acompanhou a rotina de v�rios cidad�os nos �nibus que ligam a capital aos munic�pios vizinhos e bairros da cidade, no metr�, no aeroporto de Confins e no trem de passageiros que vai at� o Espirito Santo, al�m de trabalhadores do setor, como caminhoneiros, taxistas e motoristas de �nibus. Apesar de muitos apontarem melhorias no transporte p�blico nos �ltimos anos, ainda � grande a insatisfa��o com os vag�es lotados, demora nos pontos de �nibus e o tempo perdido em congestionamentos. A reportagem � a terceira da s�rie “A vontade do eleitor”, que traz propostas da popula��o para melhorar algumas �reas do servi�o p�blico. Para o setor de transporte, n�o faltaram sugest�es para os governantes que chegar�o ao poder a partir de 2015.
Para os usu�rios do metr�, o principal pedido � pela redu��o no intervalo entre as viagens, principalmente nos hor�rios de pico, nas primeiras horas da manh� e no final da tarde. Segundo o site da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), nos hor�rios de pico o metr� passa com um intervalo de 4 a 7 minutos, mas, segundo os passageiros, o tempo m�nimo entre um trem e outro � de 7 minutos e �s vezes nem mesmo esse intervalo � seguido � risca. “Pego o metr� na Esta��o Vilarinho, depois de uma hora no �nibus intermunicipal. A viagem � desconfort�vel e os vag�es j� saem da primeira esta��o lotados. O trem passa sempre cheio e muitas vezes as pessoas n�o conseguem entrar nas esta��es seguintes e precisam esperar as outras viagens”, conta Iris da Silva.
No asfalto, as demandas de motoristas de carro s�o por obras que aliviem o tr�nsito em lugares estrat�gicos, com a constru��o de trincheiras nas principais avenidas da cidade. Motoristas pedem tamb�m uma fiscaliza��o maior para que as pessoas respeitem as leis de tr�nsito e procurem ser mais educadas no volante.
J� os ciclistas esperam uma valoriza��o para os transportes n�o motorizados, como alternativa para quem deseja evitar o tr�nsito ca�tico. “O uso de n�o motorizados precisa entrar de vez nos programas de governo. Uma boa op��o para os candidatos seria procurar ONGs e entidades que apoiam os ciclistas para ouvir suas demandas e valorizar essas a��es durante o governo”, opina a carioca Karla Fernandes, 40 anos, que mora em BH h� dois anos e adotou a bicicleta como meio de transporte.
A s�rie
Desde o m�s passado, o Estado de Minas publica a s�rie semanal de reportagens “A vontade do eleitor”. Longe dos palanques pol�ticos e da corrida eleitoral, os cidad�os comuns, que vivem na pele os problemas, prop�em medidas a serem implementadas pelos futuros governantes em �reas essenciais. Nas duas primeiras reportagens, os eleitores falaram sobre suas demandas para a sa�de e educa��o.
Pouco espa�o para os ciclistas Karla Fernandes, pesquisadora
A carioca Karla Fernandes adotou a bicicleta como meio de transporte. H� dois anos trabalhando em BH, ela usa as ciclovias da Regi�o Centro-Sul para ir ao trabalho na regi�o hospitalar. Ela avalia que o n�mero de usu�rios do transporte n�o motorizado – bicicletas, patins, skates – pode crescer nos pr�ximos anos, mas isso depender� de investimentos dos governantes. “O uso de transportes n�o motorizados precisa entrar de vez nos programas de governo. � uma op��o interessante para a mobilidade urbana e que j� vem sendo adotada em muitas cidades”. Ela compara o transito da capital com S�o Paulo e Rio, e v� BH um passo atr�s na quest�o da educa��o. “Por aqui as pessoas parecem n�o perceber que o tr�nsito � um ambiente coletivo e que o espa�o do outro precisa ser respeitado.”
Proposta: Incluir modalidades de transportes n�o motorizados nos planos de governos e expandir programas educativos para o transporte p�blico
Inseguran�a na estrada Pedro Paim, caminhoneiro
Motorista experiente nas estradas mineiras, Pedro Paim descansava no final da tarde de quarta-feira no posto do Chef�o, na BR-040, na sa�da para o Rio de Janeiro, depois de transportar 12 cavalos at� Pirapora, no Norte do estado. Ele apontou v�rias propostas para melhorar a vida de quem passa horas do dia no asfalto, como por exemplo, a manuten��o do pavimento. “O asfalto, em alguns lugares, parece ter uma resist�ncia menor, porque rapidamente est�o em p�ssimas condi��es de uso. Falta uma manuten��o mais constante e eficaz”, avalia. No entanto, sua vontade principal est� ligada �s quest�es de seguran�a nas estradas. “Faltam tamb�m os pontos de apoio para os caminhoneiros. Postos ativos das pol�cias rodovi�rias que impe�am a a��o de ladr�es.”, afirma Pedro.
Proposta: Criar mais pontos de apoio e fiscaliza��o nas estradas federais e estaduais
Falta padroniza��o Pedro Lino Dias, motorista
No volante h� 34 pelas ruas de BH conduzindo coletivos na regi�o Central, o motorista Pedro Lino Dias relata avan�os no transporte p�blico da capital desde que come�ou a trabalhar at� hoje. No entanto, muita coisa ainda precisa ser feita para que os usu�rios tenham acesso a um transporte de qualidade e resolvam deixar seus carros na garagem. “Ainda pecamos em quest�es de infraestrutura. Nos pontos de �nibus, por exemplo, podemos ver problemas que atrapalham a vida do motorista e dos passageiros. Em alguns pontos � imposs�vel encostar pr�ximo ao passeio para que o usu�rio suba porque �rvores ou postes invadem as pistas e alguns passeios s�o mais baixos do que outros”, afirma Pedro.
Proposta: Padronizar e investir na manuten��o dos pontos de �nibus
Longa viagem ao aeroporto Rodrigo Freitas, administrador
O belo-horizontino Rodrigo Freitas, de 29 anos, desembarcou em Confins na noite de sexta-feira vindo de S�o Paulo e levou mais de uma hora no trajeto do aeroporto at� o ponto do �nibus da Conex�o na Avenida �lvares Cabral, no Bairro de Lourdes – tempo maior do que a viagem no ar. Ele se disse surpreso com a boa estrutura do aeroporto, mas criticou o tr�nsito pesado e a falta de op��es para chegar at� o centro. “Esperava ver um aeroporto mais bagun�ado, por causa das obras de amplia��o. O que percebo que pode melhorar muito � a mobilidade entre BH e o aeroporto.”
Proposta: Ligar o aeroporto de Confins ao centro de BH por meio de transporte sobre trilhos
Aperto no metr� Leandra Ferreira, secret�ria
“Mesmo pegando o metr� na primeira esta��o, no Eldorado, viajo sempre em p�. Nas esta��es seguintes o metr� fica completamente lotado e as pessoas praticamente lutam por espa�o”, conta a secret�ria Leandra Ferreira, de 28 anos. Usu�ria do metr� h� v�rios anos, ela conta que o hor�rio mais complicado para usar esse meio de transporte � na parte da manh�, entre 7h e 9h, quando muitas pessoas n�o conseguem embarcar nos trens e precisam esperar uma ou duas viagens nas esta��es. “De manh� e uma confus�o para conseguir entrar, as pessoas viajam espremidas e muitas vezes n�o conseguem embarcar.
Proposta: Reduzir o intervalo de tempo entre as viagens do metr�