Bras�lia – O coordenador da Comiss�o Nacional da Verdade, Pedro Dallari, afirmou ontem que o general da reserva do Ex�rcito Jos� Ant�nio Nogueira Belham, de 79 anos, participou da morte do ex-deputado Marcelo Rubens Paiva, durante o regime militar. O oficial era o chefe do Destacamento de Opera��es e Informa��es (DOI-Codi) do Rio de Janeiro na �poca em que Paiva foi assassinado, em janeiro de 1971, ap�s ser preso e levado para o local. Belham foi ouvido ontem pela comiss�o, mas n�o respondeu � maioria das quest�es em uma audi�ncia fechada.
O coordenador da Comiss�o Nacional da Verdade disse que, quando questionado sobre as discrep�ncias nos documento, o general da reserva se limitou a dizer que n�o sabia explic�-las. Para ele, o militar n�o apresentou provas consistentes de que n�o estaria envolvido na morte. “Esses dois elementos nos levam a ter convic��o de que Belham esteve presente no Doi-Codi (quando Paiva foi levado ao local e torturado) e poderia nos dar informa��es sobre o que foi feito o corpo (do ex-deputado federal)”, disse.
ARAGUAIA Outro ex-militar ouvido pela Comiss�o Nacional da Verdade ontem, Carlos Orlando Fonseca de Souza apresentou vers�o diferente da conhecida sobre o caso de Helenira Rezende, conhecida como F�tima, guerrilheira morta por militares no Araguaia em setembro de 1972. Procurador-geral do Amap�, Orlando disse que prestava servi�o obrigat�rio ao Ex�rcito e passou menos de um ano no local. Ainda assim, disse � comiss�o ter recebido informa��es de pessoas que participaram da a��o de que Helenira morreu ainda na floresta ap�s receber um tiro na perna.
Souza disse que depois de morta, ela teria sido levada a uma casa, alvo de tiros de guerrilheiros. Ele s� viu o corpo tr�s dias depois. Dados conhecidos, no entanto, apontam que Helenira foi morta depois ter sido torturada pelos militares durante tr�s dias.
TORTURA O �ltimo depoimento colhido ontem pela comiss�o foi o do coronel da reserva Pedro Ivo Moezia, que trabalhou no Doi-Codi de S�o Paulo. Ele tamb�m trabalhou com o general reformado Carlos Alberto Ustra, entre 1970 e 1974.
O militar reconheceu a exist�ncia de uma "estrutura paralela" dentro das for�as armadas para obter informa��es de presos e disse que a Pol�cia Civil praticava "castigos f�sicos" contra esquerdistas.
A Guerrilha do Araguaia (1972-1974) foi implantada pelo PCdoB com o objetivo de formar, com a infiltra��o gradual de militantes armados e integrados � comunidade local, uma �rea militarizada na regi�o que hoje abrange o Norte do Tocantins e o Sudeste do Par�. O plano foi descoberto e a guerrilha foi dizimada pelo Ex�rcito em tr�s opera��es entre 1972 e 1974.
Carlos Orlando participou de ao menos uma delas. Chefe da equipe de interrogat�rio e depois da �rea administrativos do Doi-Codi, Moezia foi subordinado do general reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra no aparato de combate a militantes esquerdistas em S�o Paulo, entre 1970 a 1974.
A guerrilha do Araguaia, conhecida pelo confronto entre militares e guerrilheiros, foi um dos per�odos mais emblem�ticos e violentos da ditadura militar no pa�s, que come�ou com o golpe de 1964 e terminou em 1985, com a posse de Jos� Sarney na Presid�ncia da Rep�blica.