Apesar das manifesta��es de junho de 2013 - carregadas com o simbolismo de um movimento popular por renova��o pol�tica e avan�o nos direitos sociais - o resultado das urnas revelou uma guinada em outra dire��o. Parlamentares conservadores se consolidaram como maioria na elei��o da C�mara, de acordo com levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).
Ele acredita que a tens�o criada pelo debate de pautas como a legaliza��o do casamento gay e a descriminaliza��o do aborto deve se acirrar no Congresso, agora com menos influ�ncia de mediadores tradicionais, que n�o conseguiram de reeleger. "No caso da C�mara, muitos dos parlamentares que cuidavam da articula��o (para evitar tens�es) n�o estar�o na pr�xima legislatura. Algo como 40% da 'elite' do Congresso n�o estar� na pr�xima legislatura, seja porque n�o conseguiu se reeleger ou disputou outros cargos. Houve uma guinada muito grande na dire��o do conservadorismo", diz.
O levantamento do Diap mostra que o n�mero de deputados ligados a causas sociais caiu, drasticamente, embora os n�meros totais ainda estejam sendo calculados. A propor��o da frente sindical tamb�m foi reduzida quase � metade: de 83 para 46 parlamentares. Junto com a redu��o desses grupos, o aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a descriminaliza��o das drogas - temas que permearam os debates no primeiro turno da disputa presidencial - t�m poucas chances de serem abordados pelo Congresso eleito, que tomar� posse em fevereiro de 2015. "Posso afirmar com seguran�a que houve retrocesso em rela��o a essas pautas. Se no atual Congresso houve dificuldade para que elas prosperassem, no pr�ximo isso ser� muito mais ampliado. Houve uma redu��o de quem defendia essa pauta no Parlamento e praticamente dobrou (o n�mero de) quem � contra", diz.
Parte consistente do conservadorismo, segundo Queiroz, vir� da bancada evang�lica. Ele estima que o n�mero de religiosos desta corrente deve crescer em rela��o aos 70 deputados eleitos em 2010. "A bancada evang�lica vai ficar um pouquinho maior, mas com uma diferen�a: nomes de maior peso dentro das igrejas para melhor coordenar e articular os interesses desse segmento junto ao Congresso Nacional", diz. Entre essas lideran�as, o Diap j� identificou 40 bispos e pastores.
Militares
O Diap tamb�m estima um aumento consistente de policiais e militares eleitos. Queiroz prev� que o aumento de parlamentares com este perfil deve chegar a 30%. "Esse grupo, necessariamente, vai fazer parte da 'bancada da bala', porque defende a defesa individual", diz, referindo-se ao lobby da ind�stria armamentista.
A amplia��o desse grupo � uma onda que veio na contram�o das manifesta��es populares de 2013. "Isso � produto da aliena��o. Quem foi para rua, em grande medida, foi pedindo mudan�as. Mas sem ter uma lideran�a capaz direcionar e coordenar (o movimento). Era 'contra tudo o que est� a�'", observa. Queiroz considera que, caso o candidato do PSDB, A�cio Neves, seja eleito, temas como a redu��o da maioridade penal, considerada uma proposta conservadora, avancem facilmente no Congresso. "O PSDB perdeu em quantidade (reduziu de 12 para dez o n�mero de senadores), mas � uma bancada que se renova do ponto de vista qualitativo. S� que com vi�s conservador", diz.