
O economista disse nesta sexta-feira que faria um alinhamento "suave" da pol�tica fiscal em um per�odo de dois a tr�s anos. Segundo ele, h� "muita gordura para cortar", o que permitira a manuten��o dos programas sociais. Na lista do que pode ser eliminado est�o subs�dios setoriais concedidos pela administra��o Dilma Rousseff.
Na avalia��o de Fraga, a economia brasileira est� "quase derretendo", com um crescimento pr�ximo de zero. Em participa��o por v�deo em semin�rio realizado em Washington, o economista criticou interven��es do governo para controlar pre�os administrados e a taxa de c�mbio, defendeu aproxima��o com os Estados Unidos e distanciamento dos governos bolivarianos, defendeu maior abertura do Pa�s ao exterior e prop�s crit�rios mais estritos para concess�o de empr�stimos subsidiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES).
"N�s vimos esse filme antes. Essas coisas funcionam por algum tempo, mas depois voltam para assombr�-lo", afirmou, em rela��o �s interven��es governamentais na economia para controlar pre�os e c�mbio.
Fraga afirmou que o Pa�s enfrenta dificuldades para mobilizar capital para investimentos, o que atribuiu ao excesso de dirigismo e ao abandono do modelo de ag�ncias regulat�rias implantado na gest�o de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
"O resultado � que o investimento agregado continua a cair, apesar de um grande n�mero de programas e subs�dios do governo. O fato b�sico � que o investimento est� em 16,5% do PIB, o mais baixo patamar em um longo per�odo."
Ex-presidente do Banco Central, Fraga refutou o argumento do governo de que o Brasil sofre os efeitos dos ventos adversos da economia global. O ritmo de expans�o do Pa�s tem ficado em dois pontos percentuais abaixo do registrado na Am�rica Latina, mesmo quando s�o inclu�dos Argentina e Venezuela, afirmou. No mundo, h� economias crescendo a zero e outras a 7%. "E n�s estamos em zero."
Apesar de ter recuado, o pre�o das commodities continua elevado, em patamar superior ao registrado h� seis anos, completou.
O �ndice de infla��o - que est� em 6,75% ao ano - n�o reflete a situa��o real, ressaltou, em raz�o da conten��o de pre�os administrados. "O governo est� segurando alguns pre�os, incluindo o pre�o de combust�veis, o que � um crime ambiental", disse. O indicador tamb�m � afetado pela "pesada interven��o" para evitar que a moeda se deprecie em rela��o ao d�lar e encare�a o pre�o dos produtos importados, observou.
Em sua avalia��o, a pol�tica oficial para combater a infla��o � "esquizofr�nica". Enquanto o Banco Central aperta a pol�tica monet�ria com a eleva��o dos juros, o Tesouro e os bancos oficiais injetam recursos na economia, em uma tentativa de estimular a produ��o.
Fraga disse que fazia sentido ter uma pol�tica antic�clica em 2009, mas foi um erro estend�-la. "Temos pol�ticas fiscais expansionistas e nosso d�ficit fiscal est� crescendo. H� muito a ser feito para colocar a casa em ordem."
O papel do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES) ser� revisto em um eventual governo tucano, afirmou Fraga. O economista defendeu crit�rios mais estritos e transparentes para concess�o de empr�stimos subsidiados pela institui��o.
Fraga ressaltou que o Tesouro transferiu o equivalente a 10% do PIB ao BNDES para financiar cr�ditos subsidiados, muitos dos quais foram para empresas que n�o precisavam do benef�cio, como a Petrobras e grandes companhias privadas.
A inje��o de recursos do banco estatal foi uma forma de tentar estimular a economia e setores industriais, mas o esfor�o fracassou, opinou Fraga. Segundo ele, isso fica evidente na queda de 16% para 13% da participa��o da ind�stria na composi��o do PIB. Segundo ele, os empr�stimos do BNDES foram a muni��o da qual o governo lan�ou m�o por ter sido incapaz de impulsionar a economia com baixa taxa de juros, constru��o de infraestrutura e sistema tribut�rio "decente".