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Estado de Minas

Candidata a deputada estadual teve um �nico voto

Exig�ncia de vagas para mulheres nas coliga��es faz v�rias candidatas terem um resultado p�fio nas urnas


postado em 13/10/2014 00:12 / atualizado em 13/10/2014 07:16

Um mist�rio ronda a cabe�a da candidata derrotada � Assembleia Legislativa Marilda Diniz (PDT). Quem foi o eleitor que digitou seu n�mero na urna no �ltimo dia 5? Marilda teve apenas um voto e garante: “Votei na legenda e nem meus filhos sabiam que eu era candidata. S� o presidente do meu partido”, se referindo a Anderson Muniz, presidente do PDT em Esmeraldas, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. Consultado, Anderson diz que tamb�m votou na legenda.


O voto solit�rio e misterioso de Marilda pode ser um reflexo da postura das legendas diante da legisla��o eleitoral, que exige o m�nimo de 30% das vagas das coliga��es para candidatas mulheres. Para preencher a cota, muitos partidos registram a candidatura de mulheres que n�o fazem campanha. O resultado � percebido nas estat�sticas eleitorais. Dos 50 candidatos a deputado estadual com menor n�mero de votos, 45 s�o mulheres, o que representa 90%.

O PCdoB teve tr�s candidatas com apenas tr�s votos para deputada estadual: Renata Ramos, Fernanda Nascimento e Irisnalda Ferreira. J� Gisele Cristiane, tamb�m do PCdoB, recebeu cinco votos e sua correligion�ria Jeice Marques, somente sete. Os votos minguados nas mulheres foram pluripartid�rios e deixaram de contemplar candidatas como Erlinda Ara�jo (PMN), que teve apenas dois votos, e Priscila �quila (PTB), tamb�m com dois.

Longe dessa realidade, a deputada federal J� Moraes (PCdoB) conseguiu quase 68 mil votos e foi reeleita. J� coordena a bancada feminina na C�mara dos Deputados e tenta diagnosticar a raiz do problema. “N�o h� em rela��o �s mulheres uma estrat�gia de acumula��o eleitoral que os homens t�m. Eu mesma s� fui eleita na terceira disputa”, afirma. Outra raz�o, segundo J�, � que a falta de apoio, material de campanha e est�mulo dos partidos � muito grande e, por isso, muitas mulheres acabam desistindo da candidatura ap�s a campanha j� ter come�ado.

O caso mais emblem�tico, o de Marilda Diniz e seu voto solit�rio, ajuda a compreender a estrat�gia dos partidos. Marilda � dona de casa, mas j� trabalhou na Prefeitura de Esmeraldas, em dois cargos comissionados, gra�as a indica��es pol�ticas, como ela mesmo explicou. Em 2008, chegou a ser candidata a vereadora na cidade, mas n�o foi eleita. Na ocasi�o, recebeu pouco mais de 300 votos. O presidente do PDT em Esmeraldas, Anderson Muniz, � ex-namorado da filha dela.

Marilda disse que atendeu a um pedido do ex-genro, que � secret�rio-adjunto de Esportes e Juventude da Prefeitura de Esmeraldas. “Considero ele como um filho e quando ele pediu, eu disse que seria candidata para ajudar o partido”, contou Marilda. J� Anderson tem outra vers�o. Segundo ele, Marilda afirmou que gostaria de novamente ser candidata a vereadora. “Falei com ela que o ideal era ela medir o potencial de votos nas elei��es para deputado estadual”, explica o presidente do PDT em Esmeraldas.

Nem a fam�lia de Marilda soube que ela era candidata. Marilda pediu para n�o aparecer no hor�rio eleitoral da televis�o e do r�dio e n�o distribuiu o material de campanha, que chegou a ela faltando duas semanas para o pleito. Tamb�m alega que teve problemas de sa�de e que est� tomando medicamentos fortes, que a impediram de fazer campanha nas ruas. “Se voc� perguntar nas casas aqui ao lado ningu�m sabe que fui candidata. Minha fam�lia s� descobriu quando foi olhar o resultado das elei��es na internet”, revela Marilda. Na porta da casa dela n�o h� nenhum resqu�cio de campanha. Somente uma faixa anunciando a venda de lingui�a e chouri�o caseiros.

SISTEMA ATUAL Na an�lise da coordenadora da bancada feminina na C�mara dos Deputados, J� Moraes (PCdoB), a �nica maneira de as mulheres conseguirem uma participa��o maior � com a realiza��o de uma reforma pol�tica. “Uma reforma que garanta listas pr�-ordenadas”, acredita J�. No atual sistema, o que define os eleitos de cada coliga��o s�o os votos nominais. Ap�s a elei��o, � calculado o quociente eleitoral (soma dos votos v�lidos dividido pelo n�mero de cadeiras). Se o quociente for 100, por exemplo, e todos os candidatos da coliga��o tiverem atingido 1 mil votos, a coliga��o elege 10 representantes, que s�o definidos na ordem dos mais votados.

J� acredita que a melhor maneira � que o partido apresente uma lista dos candidatos e as vagas da coliga��o sejam distribu�das de acordo com essa lista. “Da forma como est� hoje, quem elege � o dinheiro”, afirma, citando que o n�mero de parlamentares empres�rios no Congresso aumentou em rela��o ao n�mero de sindicalistas nos �ltimos anos.

Um voto valioso

No m�s passado, tomou posse na C�mara Municipal de Coronel Pilar, no Rio Grande do Sul, a vereadora Veridiana Pasini (PTB), que teve apenas um voto na elei��o de 2012 e ficou como s�tima suplente da coliga��o. O titular se afastou do cargo e a primeira suplente tamb�m e os outros suplentes n�o puderam assumir. Casada com o presidente do PTB no munic�pio, Luiz Carlos Pasini, a vereadora diz que se candidatou apenas para ajudar o partido a preencher as cotas para mulheres. A cidade de Coronel Pilar tem cerca de 1,7 mil habitantes. O vereador mais votado, Vandemir Pilatti (PDT), teve 120 votos.

 


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