S�o Paulo - A Pol�cia Federal acredita ter conseguido fechar o ciclo de uma transa��o que teria envolvido o pagamento de propina de R$ 500 mil a dois diretores do fundo de pens�o dos funcion�rios da Petrobras, feito com empresas do ex-deputado federal Jos� Janene (PP-PR), morto em 2010, e do doleiro Alberto Youssef - um dos alvos centrais da Opera��o Lava Jato - e que causou preju�zo de R$ 13 milh�es ao �rg�o. No computador de Youssef, h� uma pasta com 12 arquivos referentes aos neg�cios do doleiro com a Petros.
A PF registra a poss�vel interfer�ncia de um pol�tico n�o identificado "de grande influ�ncia na casa" na libera��o de um seguro, em �rg�o do Minist�rio da Fazenda, que era condicionante para a transa��o. "Esse recurso foi desviado para pagamento de propina para funcion�rios da Petros", afirmou Carlos Alberto Pereira da Costa, advogado que, segundo a PF, atuava como testa de ferro de Alberto Youssef.
Costa tinha em seu nome pelo menos duas empresas usadas pelo doleiro, uma delas envolvidas nessa transa��o com a Petros, a CSA Project Finance. Ele afirmou ao juiz S�rgio Moro que na opera��o foi retirada uma propina de R$ 500 mil que serviu para pagar os dois diretores da Petros.
Citados
Os diretores s�o petistas e j� citados em outros dois esc�ndalos, segundo registra a PF. "As negocia��es eram realizadas pelo lado da Petros pelo senhor Humberto Pires Grault Vianna de Lima, gerente de novos projetos da Petros, e pelo senhor Luis Carlos Fernandes Afonso, diretor financeiro e de investimentos."
Afonso foi nomeado diretor em 2003 e depois nomeado presidente da Petros, em 2011, cargo que ocupou at� fevereiro de 2014. Lima era diretor de Novos Projetos e foi nomeado diretor de investimento da Funda��o de Previd�ncia Complementar do Servidor P�blico Federal (Funpresp).
O ex-presidente da Petros foi condenado em primeiro grau por improbidade sob a acusa��o de ter cobrado ‘ped�gio’ de uma funda��o para que ela ganhasse um contrato na Prefeitura de S�o Paulo, em 2003. Na �poca, ele era secret�rio de Finan�as do governo Marta Suplicy (PT). A condena��o � de 2012 e est� em fase de recurso.
Ferro velho
A transa��o na Petros envolveu a compra de t�tulo de cr�dito emitido por uma empresa falida que havia sido adquirida por Janene e por Youssef. A Ind�stria de Metais Vale (IMV) foi criada para reciclar ferro velho e vender o material para sider�rgicas, mas estava parada. Ela foi registrada em nome do advogado Carlos Alberto Pereira da Costa, r�u da Lava Jato.
Com a empresa falida, o grupo aportou nela R$ 4 milh�es em 2007 e firmou contrato com a CSA Project Finance, que � do doleiro e est� em nome de Costa tamb�m - para que essa fizesse um projeto de recupera��o e captasse recursos antecipados. Para isso, fechou um contrato de venda com recebimento antecipado de uma grande sider�rgica nacional.
"Com o objeto de antecipar receb�veis oriundos de um contrato de compra e venda de ferro gusa (sucata), celebra entre a IMV e a Barra Mansa, assim adquirindo investimento necess�rio para a instala��o de uma planta industrial, a IMV emitiu C�dula de Cr�dito Banc�rio, no montante total de R$ 13.952.055,11", diz a PF.
Os termos da c�dula de cr�dito est�o no HD do computador de Youssef. Com o t�tulo de cr�dito emitido pelo Banco Banif Primus, o grupo, via CSA e coligados, passou a tratar com os diretores da Petros a compra pelo fundo de pens�o.
Documento apreendido pela Lava Jato com o grupo mostra que eles teriam sido recebidos na Petros pelo ent�o diretor, que depois virou presidente.
Vaccari � suspeito de ser o intermediador dos neg�cios do grupo com a Petros.
No cap�tulo sobre a compra do t�tulo de cr�dito da empresa IMV h� um hist�rico sobre suas rela��es com o partido. Seu nome foi citado na confiss�o dos r�us como elo de pagamentos de propinas em outras �reas e especificamente na Petros em um e-mail interceptado entre os alvos da Lava Jato.
Outro Lado
Em nota, a Petros informou que o investimento citado na mat�ria foi realizado em 2006, espeitando a legisla��o vigente e a pol�tica de investimentos da Funda��o”. Ainda segundo a empresa, a opera��o “oferecia retorno adequado aos padr�es de mercado, sendo corrigido pela varia��o do IGP-M mais juros de 11,5% ao ano”. Ainda conforme a Petros, “Lu�s Carlos Fernandes Afonso n�o tinha qualquer v�nculo com a Petros na �poca em que o investimento foi realizado”. A empresa nega que tenha sido notificada pela Pol�cia Federal ou pela Justi�a e ressalta que Lu�s Carlos foi diretor Financeiro e de Investimentos de fevereiro a maio de 2003 e regressou � Funda��o apenas em setembro de 2008.
