
Acusa��es de corrup��o e nepotismo foram os temas centrais no segundo debate entre os presidenci�veis A�cio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), transmitido no in�cio da noite de ontem pelo SBT/TV Alterosa. Mais uma vez, eles se acusaram de mentirosos, desinformados e de manipular dados sobre suas administra��es. O tiroteio verbal come�ou j� nos primeiros minutos do encontro, quando o tucano questionou a petista sobre o relat�rio do Tribunal de Contas da Uni�o (TCU) que apontou irregularidades em obras do Complexo Petroqu�mico do Rio de Janeiro (Comperj).
“A den�ncia de hoje aponta irregularidades de R$ 18 bilh�es. N�o bastaram Abreu Lima, Pasadena, mas agora temos a Comperj. A senhora sempre diz que n�o sabe de nada. De quem � a responsabilidade sobre esses atos?”, questionou A�cio, em refer�ncia a obras da Petrobras em Pernambuco e a uma refinaria comprada nos Estados Unidos. A petista rebateu defendendo o trabalho independente da Pol�cia Federal nas investiga��es de obras da estatal. “A PF investigou e, caso comprovados os desvios, vamos punir implacavelmente. Isso significar� que o Brasil ter� pela primeira vez de fato um combate sistem�tico � corrup��o”, afirmou Dilma. Na tr�plica, o tucano foi duro: “N�o existe, candidata, me perdoe, uma terceira alternativa. S� existem duas: ou a senhora foi conivente ou a senhora foi incompetente para cuidar da maior empresa p�blica brasileira”.
A�cio lembrou que o tesoureiro do PT, Jo�o Vaccari, Neto, foi acusado pelo ex-diretor da Petrobras de cobrar propina para conta de campanha. “Se a senhora diz que quer ir a fundo, porque o seu partido impediu que o senhor Vaccari fosse depor, que fosse explicar? E digo mais, ele ainda � tesoureiro do seu partido. Pelo menos R$ 4 milh�es foram transferidos pelo senhor Vaccari para a sua conta de campanha.”
A presidente citou esc�ndalos envolvendo governos tucanos, como o cartel do metr� em S�o Paulo e den�ncias de irregularidades na venda de estatais durante o governo Fernando Henrique Cardoso e afirmou que a diferen�a entre os dois partidos � que na gest�o do PT, os casos foram investigados. A�cio por sua vez, acusou Dilma de “prevarica��o” ao n�o provocar a abertura das investiga��es desde que chegou ao Pal�cio do Planalto, em 2011.
O clima esquentou quando eles trocaram acusa��es sobre atos de nepotismo envolvendo familiares do advers�rio: “Candidato, eu nunca nomeei parentes para o meu governo, eu gostaria de saber se o senhor nunca fez a mesma coisa”, questionou Dilma. O tucano rebateu explicando que a irm� trabalhou como volunt�ria durante sua gest�o, em posto geralmente ocupado por primeiras-damas. “A senhora � porque n�o conhece Minas. Se conhecesse um pouco ia saber o respeito que Minas tem por ela”, disse.
Neste momento, a petista cobrava explica��es sobre a nomea��o de parentes de A�cio durante sua gest�o no governo de Minas, entre eles a indica��o de sua irm� Andrea Neves para gerenciar a distribui��o de recursos para ve�culos de comunica��o. Foi quando o tucano desconcertou a presidente ao trazer � tona a nomea��o do irm�o de Dilma, Igor Rousseff, para trabalhar na Prefeitura de Belo Horizonte na gest�o de Fernando Pimentel (PT), eleito governador de Minas Gerais no dia 5. “Agora n�s sabemos por que a senhora disse que n�o nomeou parentes no seu governo. A senhora pediu que os seus aliados o fizessem, candidata Dilma Rousseff”, ironizou. “O seu irm�o foi nomeado por Fernando Pimentel e nunca apareceu para trabalhar. A diferen�a � que minha irm� trabalha muito e n�o recebe nada. O seu irm�o n�o trabalha nada e recebe muito.” A presidente nada falou sobre o caso. Por meio do Twitter, Pimentel argumentou que Igor � advogado e trabalhou com “regularidade e efici�ncia” na prefeitura e na Procuradoria do Munic�pio.
Lei Seca
O debate ganhou ares de apelo ao lado pessoal quando Dilma usou a viol�ncia no tr�nsito para citar o epis�dio em que A�cio foi parado em uma blitz no Rio de Janeiro e se recusou a fazer o teste do baf�metro. O senador se antecipou e desafiou a presidente a perguntar diretamente sobre o tema. “Seja correta, seja s�ria. Mentir e insinuar ofensas como essa � indigno para uma presidente da Rep�blica”, afirmou A�cio. Ele alegou que sua carteira de motorista estava vencida e reconheceu que errou ao n�o fazer o exame.
No �ltimo bloco, eles voltaram a trocar acusa��es sobre den�ncias de corrup��o envolvendo a Petrobras. Desta vez, sobre o fato de o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa ter dito que o ex-presidente do PSDB S�rgio Guerra teria recebido propina para ajudar a esvaziar a CPI da Petrobras (leia abaixo).
Dilma trouxe Minas de volta ao debate, ao afirmar que a gest�o do tucano no estado deixou de investir R$ 7,8 bilh�es na sa�de e R$ 8 bilh�es na educa��o. A�cio disse que Dilma desrespeita Minas e elogiou a pr�pria gest�o, lembrando que o Tribunal de Contas do Estado (TCE) aprovou por unanimidade as suas contas de governo. A petista reclamou que o advers�rio se comporta como se representasse Minas e afirmou que tamb�m � mineira.
Ofensas
A�cio criticou a postura da presidente no debate e afirmou que ela “n�o permitiu que os brasileiros tivessem um programa” de governo para analisar. “N�o � poss�vel que a senhora queira fazer a mais baixa das campanhas eleitorais at� aqui”, comentou referindo-se a ataques nas redes sociais ao senador e a sua fam�lia. Logo ap�s o fim do debate, a presidente Dilma interrompeu uma entrevista ao vivo, alegando queda de press�o.
Antiga CPI no foco dos ataques
As den�ncias de corrup��o na Petrobras voltaram a ser motivo de trocas de acusa��es no debate de ontem. A presidente Dilma Rousseff (PT) citou depoimento do ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa em que ele revela ao Minist�rio P�blico Federal ter repassado propina ao ex-presidente do PSDB S�rgio Guerra para que ajudasse a esvaziar uma CPI criada para investigar a empresa em 2009. A petista afirmou que ser� importante saber como ocorreu esse repasse e para quem esse dinheiro foi destinado. O candidato do PSDB, senador A�cio Neves, rebateu dizendo que a den�ncia deve ser apurada independentemente do partido envolvido.
“Para mim, n�o importa de qual partido seja o denunciado, a investiga��o tem que ir a fundo, e, pela primeira vez, pelo menos, h� algo positivo aqui. A senhora d� credibilidade �s den�ncias do senhor Paulo Roberto”, disse o tucano.
S�rgio Guerra, que na �poca era senador por Pernambuco e integrava a CPI, morreu em mar�o deste ano, aos 66 anos, v�tima de um c�ncer no pulm�o. Ele foi substitu�do por A�cio na presid�ncia do PSDB. Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, pessoas envolvidas na investiga��o da Opera��o Lava a Jato confirmaram que o dirigente tucano foi citado em depoimentos que Costa prestou ap�s decidir colaborar com as autoridades.
O ex-diretor contou que tomou provid�ncias para que o dinheiro chegasse ao senador do PSDB, que na �poca fazia oposi��o ao governo de Luiz In�cio Lula da Silva (PT), mas disse n�o saber se ele recebeu os recursos. Costa informou que empresas que prestam servi�os � Petrobras tinham como objetivo nessa �poca encerrar logo as investiga��es da CPI, porque a comiss�o era uma amea�a a seus neg�cios com a estatal. Em nota, o PSDB disse defender que todas as acusa��es feitas por Paulo Roberto Costa sejam investigadas.
Enquete: A�cio vence embate
O candidato do PSDB � Presid�ncia a Rep�blica, A�cio Neves (PSDB), venceu o debate realizado pelo SBT/Alterosa na noite de ontem. Essa � a opini�o de 70,49% dos internautas do em.com.br. J� para outros 29,51% foi a petista Dilma Rousseff quem se saiu melhor no embate. Mais de 7 mil pessoas opinaram na enquete at� �s 22h. O melhor desempenho do tucano tamb�m foi apontado em enquetes anteriores.