Radical de esquerda � agora 'guru pol�tico' de Crivella

Rio - Guerrilheiro na ditadura, ex-preso pol�tico, fundador do PT, candidato � vice-presidente da Rep�blica na chapa de Helo�sa Helena (em 2006, pelo PSOL, legenda que tamb�m ajudou a fundar) e, agora, "guru pol�tico" da campanha do senador Marcelo Crivella (PRB) ao governo do Rio.

O cientista pol�tico C�sar Benjamin, de 60 anos, conhecido por coordenar campanhas e escrever programas de governo - um exemplo � a primeira candidatura de Luiz In�cio Lula da Silva � Presid�ncia da Rep�blica, em 1989 -, � quem dita os rumos na tentativa do ex-ministro da Pesca de reverter o quadro sobre o atual governador e candidato � reelei��o, Luiz Fernando Pez�o (PMDB).

Com participa��o restrita aos bastidores at� agora, o ex-guerrilheiro foi apresentado em programa eleitoral desta semana como um dos elaboradores do programa de governo de Crivella - uma resposta aos programas de Pez�o que associam o senador � Igreja Universal do Reino de Deus, da qual o ex-ministro afirma ser bispo licenciado.

Ap�s mostrar Benjamin e outros nomes do estafe, o locutor pergunta: "Tem algu�m da igreja a�?”.

Marqueteiro de Crivella, o publicit�rio Lula Vieira descreve Benjamin como o "guru pol�tico" da campanha. No fim de setembro, Benjamin redigiu o texto de um an�ncio publicado na imprensa fluminense com o t�tulo "Salvar o Rio" e o pedido de votos em Crivella.

Assinado pelo ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES) Carlos Lessa, o embaixador Samuel Pinheiro Guimar�es e os economistas Jos� Carlos de Assis e Darc Costa, entre outros, o texto redigido por Benjamin trazia o seguinte trecho: "N�o somos pol�ticos. Falamos t�o somente em nome do nosso patriotismo, das nossas hist�rias de vida, do nosso compromisso com o Brasil".

Nesta semana, todos os colaboradores da campanha foram exibidos por Crivella no hor�rio eleitoral com a descri��o: "Veja quem fez o plano do governo de Crivella e vai ajud�-lo a governar".

Mensagens

Mentor intelectual da campanha, Benjamin tem ido diariamente � produtora respons�vel pela produ��o dos v�deos veiculados pela propaganda de Crivella. Na semana passada, em sua p�gina pessoal no Facebook, o cientista pol�tico voltou a pedir votos para o senador.

Em um post recente, explicou sua linha de pensamento: "Ele (Crivella) � evang�lico. Eu n�o. Temos diferen�as. O que temos em comum � algo que a quase totalidade da esquerda brasileira perdeu: a busca da coer�ncia entre a palavra e o gesto, entre o discurso e a vida", escreveu Benjamin.

No mesmo post, contou ter ajudado nos �ltimos anos Crivella em sua atua��o no Senado, ressaltando que o fez de modo "informal, n�o remunerada". A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo tenta desde segunda-feira conversar com Benjamin, que n�o retornou as liga��es.

'Cesinha'

Ainda adolescente, Benjamin integrou a luta armada ap�s o Ato Institucional n.º 5 (AI-5), em 1968, que restringiu os direitos civis no Pa�s durante a ditadura militar. "Cesinha", como era conhecido na �poca, foi preso aos 17 anos, torturado e expulso do Pa�s aos 22. Voltou do ex�lio e, aos 26 anos, ajudou a fundar o PT.

Ap�s coordenar a primeira tentativa de Lula de chegar ao Pal�cio do Planalto, em 1989, o ex-guerrilheiro deixou o partido em 1994 por discordar do financiamento de campanha petista. Tornou-se, ent�o, um cr�tico contumaz do PT, ajudou a fundar o PSOL, concorreu com Helo�sa Helena e se desfiliou tamb�m da nova legenda em 2006.

Tr�s anos depois, Benjamin causou pol�mica ao escrever um artigo para a Folha de S. Paulo em que dizia que Lula lhe havia confidenciado ter tentado violentar um companheiro de cela durante a ditadura. O ex-presidente sempre negou a hist�ria.