Reeleito governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pez�o (PMDB), de 59 anos, fez campanha apresentando-se como um homem simples e interiorano. Ontem, em Pira�, cidade do Sul do estado que administrou, ele fez quest�o de parar num boteco para comer pastel e tomar cerveja ao lado de correligion�rios.
Vice-governador, Pez�o assumiu o comando do Rio de Janeiro em abril, depois da ren�ncia de S�rgio Cabral (PMDB). Ele buscou se desvincular de Cabral, que renunciou com a popularidade em baixa depois dos protestos de junho de 2013. O sucessor defendeu as pol�ticas p�blicas da gest�o peemedebista, como as Unidades de Pol�cia Pacificadora (UPPs), mas evitava mencionar o nome do antecessor.
O governador articulou ampla coliga��o com 18 partidos – tinha quase a metade de todos os 20 minutos do tempo de TV dos candidatos ao governo, oito vezes o de Crivella. A base do governador reeleito apoiava cinco candidatos a presidente: Dilma Rousseff (PT), A�cio Neves (PSDB), Pastor Everaldo (PSC), Jos� Maria Eymael (PSDC) e Levy Fidelix (PRTB). Pez�o sempre foi Dilma, mas n�o tentou evitar que parte do PMDB apoiasse A�cio – movimento que ficou conhecido como “Aez�o”.
Crivella contava com um recall fort�ssimo. Desde 2002, o nome dele esteve na urna eletr�nica por seis elei��es. Venceu e foi reeleito apenas para o Senado. No Executivo, Crivella perdeu duas vezes a disputa da prefeitura carioca e uma vez do governo do estado.
Estrat�gia Pez�o tra�ou duas estrat�gias: apresentar-se ao eleitor, que desconhecia o vice-governador, e descolar a sua imagem de Cabral. Se o antecessor se degastou em passeios de helic�ptero e demonstra��es de ostenta��o em jantares em Paris ao lado de empres�rios, Pez�o foi apresentado na TV como um homem simples, o prefeito de Pira�, cidade do interior com 28 mil habitantes, e o vice-governador que p�s o p� na lama quando chuvas arrasaram a Regi�o Serrana, em 2011.
A m�e do governador, Ercy de Souza, de 84, foi o principal cabo eleitoral do filho na TV. Costumava aconselh�-lo a “ter sempre o p� no ch�o”.
Durante o governo S�rgio Cabral, Pez�o foi secret�rio de Obras e, a partir de 2011, coordenador de infraestrutura. Consolidou a imagem de tocador de obras ao gerenciar as interven��es do Programa de Acelera��o do Crescimento (PAC) no estado. Ao executar o programa, ele se tornou amigo da presidente Dilma Rousseff.
Nascido em Pira� (RJ), cidade com 28 mil habitantes, Pez�o ascendeu � pol�tica estadual gra�as � alian�a com o ex-governador Anthony Garotinho (PR), a quem enfrentou no primeiro turno. Os dois romperam em 2007, no in�cio do governo Cabral, por diverg�ncias pol�ticas. Durante a campanha, trocaram acusa��es de v�nculos com mil�cias e corrup��o. Pez�o foi prefeito por dois mandatos em Pira�, em 1997 e 2004.
Rio Grande do Sul
O peemedebista Jos� Ivo Sartori, de 66 anos, vai comandar o Rio Grande do Sul. Ontem, ele derrotou o governador petista Tarso Genro. Ex-prefeito de Caxias do Sul, maior munic�pio do interior ga�cho, Sartori imp�s uma derrota � principal aposta do PT na disputa nos estados no segundo turno.
Com esse resultado, o Rio Grande do Sul mant�m a tradi��o de n�o reeleger o governador nas �ltimas d�cadas – � o �nico estado que n�o reconduziu um governante ao cargo desde 1998, quando a reelei��o foi institu�da.
Sartori come�ou a campanha desacreditado: tinha 7% na primeira pesquisa Datafolha, em agosto. Desconhecido do eleitorado, formou coliga��o que lhe rendeu o segundo maior tempo de TV no primeiro turno e contou com a for�a do PMDB no interior ga�cho. O vice � o empres�rio Jos� Paulo Cairoli (PSD).
A vit�ria do peemedebista � um desfecho surpreendente para a campanha marcada pela polariza��o entre Tarso e a senadora Ana Am�lia Lemos (PP), ex-apresentadora de TV do grupo RBS. A troca de acusa��es fez com que ela perdesse espa�o, ocupado por Sartori. No primeiro turno, ele venceu o petista por oito pontos – 40% a 32%.
Os petistas atribu�ram o crescimento do peemedebista ao “marketing” e a “truque publicit�rio”, tentaram rotul�-lo como um candidato “vazio”. O PT exibiu na TV o trecho de uma entrevista em que Sartori fez piada sobre o piso nacional do magist�rio. Ele contra-atacou, tachando Tarso de “alucinado” e “manipulador”.
Sartori enfrentar� o desafio de solucionar a situa��o das finan�as estaduais: proporcionalmente, o Rio Grande do Sul � o estado mais endividado do pa�s.
Distrito Federal
Bras�lia – O senador Rodrigo Rollemberg (PSB) foi eleito governador do Distrito Federal por 812 mil votos. Seu advers�rio, Jofran Frejat (PR), obteve 649,5 mil. O resultado na capital do pa�s foi o primeiro a ser confirmado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), �s 17h40.
Rollemberg acompanhou a apura��o no seu apartamento, na Asa Sul de Bras�lia. O placar final representa a derrota do grupo pol�tico do ex-governador Jos� Roberto Arruda (PR), que desistiu da disputa, sob risco de ter a candidatura cassada pela Justi�a.
Jofran Frejat, at� ent�o candidato a vice na chapa do ex-governador, assumiu o posto, tendo a mulher de Arruda, Fl�via Peres, como vice.
A disputa brasiliense se acirrou na reta final. Em meados de outubro, Frejat prometeu baixar as tarifas de �nibus para
R$ 1. O tema dominou os debates no �ltimos dias e deu in�cio a uma curva de ascens�o do candidato do PR.
Rollemberg adiantou que vai iniciar ainda esta semana as conversas de transi��o com o governador Agnelo Queiroz (PT). Segundo ele, a primeira medida de sua administra��o ser� “radicalizar na transpar�ncia”, com a cria��o de um conselho formado por entidades da sociedade civil para acompanhar os projetos e gastos do governo. Ele prometeu divulgar os dados dos contratos do DF em pain�is e abrir a senha para acompanhamento do or�amento pela popula��o.
“N�s n�o vamos aparelhar o governo. Vamos fazer um governo com metas e resultados, com pessoas qualificadas”, afirmou. “A situa��o � realmente muito dif�cil. Existe um d�ficit, j� assumido pelo atual governo, de
R$ 2,1 bilh�es. Vamos estudar na transi��o quais ser�o as medidas que nos permitir�o equilibrar financeiramente o DF”, declarou.
Mato Grosso do Sul
Governador eleito do Mato Grosso do Sul, o tucano Reinaldo Azambuja, deputado federal e propriet�rio rural, � tido pelo eleitorado como um “outsider”. Aos 51 anos, reservado, ele mant�m o “erre” interiorano. Discreto, sorri pouco. Os aliados garantem: ele gosta de ouvir.
Foi ouvindo que Azambuja, filho de agropecuaristas e um dos candidatos mais ricos do pa�s – seu patrim�nio soma
R$ 37 milh�es –, projetou-se na pol�tica. O novo governador come�ou a carreira como prefeito de Maracaju, no interior do estado, aos 33 anos. Reeleito, deixou o cargo com alta aprova��o. Dois anos depois, foi o deputado estadual mais votado do estado e, em 2010, elegeu-se deputado federal.
Candidato ao governo pelo PSDB, ele veio quebrar a polariza��o entre PT e PMDB, que se alternam no poder h� 20 anos no Mato Grosso do Sul. Lan�ou-se candidato a prefeito de Campo Grande dois anos atr�s, rompendo com o PMDB do governador Andr� Puccinelli, seu aliado. Ontem, venceu o petista Delc�dio do Amaral, o mais votado no primeiro turno.
A candidatura de Azambuja se consolidou depois de uma caravana pol�tica lan�ada por ele h� um ano, que passou pelos 79 munic�pios do estado e coletou queixas da popula��o. O tucano prometeu transpar�ncia, combate � corrup��o e mudan�a. Deu certo – ele virou o jogo contra o PT.
Goi�s
O tucano Marconi Perillo foi reeleito para governar os goianos. Ele venceu com folga o advers�rio Iris Rezende (PMDB) e contar� com a maioria da Assembleia Legislativa, pois sua coliga��o contar� com 63% dos 41 deputados estaduais.
Foi a terceira vez que Marconi Perillo e Iris Rezende se enfrentaram pelo cargo – todas foram vencidas pelo candidato do PSDB.
No segundo turno, a campanha foi marcada pela compara��o entre as gest�es do tucano e do peemedebista, que governou Goi�s de 1983 a 1986 e de 1991 a 1994.
Perillo, que no primeiro turno obteve 46% dos votos, 18 pontos � frente de Rezende, intensificou as agendas em cidades onde perdeu em 5 de outubro, como Goi�nia, Senador Canedo e Aparecida de Goi�nia.
Em sua propaganda eleitoral, o tucano destacou projetos sociais de sua administra��o como o Cheque Moradia e o Restaurante Cidad�o, prometendo integr�-los a programas federais como o Minha Casa, Minha Vida.