Curitiba e S�o Paulo, 17 - O ex-gerente-executivo da Diretoria de Servi�os da Petrobras Pedro Barusco fechou acordo de dela��o premiada em que se compromete a devolver cerca de US$ 100 milh�es e contar o que sabe sobre o esquema de corrup��o e propina na estatal. O novo delator da Lava Jato � considerado pe�a-chave para a for�a-tarefa da Pol�cia Federal e da Procuradoria da Rep�blica porque dever� revelar o esquema que era controlado pelo ex-diretor da �rea Renato Duque, nome indicado pelo PT e que foi preso na sexta-feira, na s�tima fase da opera��o, batizada de Ju�zo Final.
O acordo evitou que Barusco fosse o 26º nome da lista de pris�es decretadas pelo juiz federal S�rgio Moro, que conduz as a��es da Lava Jato. O valor de restitui��o, a t�tulo de indeniza��o, caso seja homologado pela Justi�a, ser� o maior j� obtido em um acordo com servidor da Petrobr�s.
O ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, delator da Lava Jato, e sua fam�lia v�o pagar cerca de R$ 70 milh�es. Barusco, convertendo em reais, ter� que desembolsar R$ 252 milh�es. Desse valor, US$ 20 milh�es j� haviam sido bloqueados na Su��a, onde ele mantinha uma conta. Barusco foi apontado como bra�o direito de Duque na cobran�a de propina pelos executivos da Toyo Setal Julio Gerin de Almeida Camargo e Augusto Ribeiro de Mendon�a Neto, que fecharam acordo de dela��o com o MPF no dia 22 de outubro.
No pedido de pris�o dos executivos do esquema, os procuradores da for�a-tarefa registram que os dois “narram com riqueza de detalhes todo o esquema de carteliza��o, corrup��o, desvio de dinheiro, pagamento da corrup��o no exterior, manuten��o de dinheiro ilegalmente no exterior, lavagem de ativos”. Para eles, foram dados os elementos necess�rios para enquadrar criminalmente os acusados da lava Jato, inclusive os executivos e dirigentes da Petrobras, “por forma��o de organiza��o criminosa voltada a pr�tica de crimes contra a administra��o p�blica”.
Propinas
“Regra do jogo conhecida por todos”. � assim que definiu o executivo Julio Camargo, em sua dela��o premiada, o esquema que cobrava propina em troca de contratos bilion�rios da Petrobras. O executivo da Toyo operacionalizava pagamentos de propina por meio de tr�s empresas abertas por ele (Treviso, Piemonte e Auguri), em especial aos ex-dirigentes da Petrobras ligados ao PT - Duque e Barusco.
Ele e outro executivo do grupo apontaram por exemplo as obras da Refinaria Presidente Get�lio Vargas (Repar), no Paran�. Para ganhar as obras, participando dentro do Cons�rcio Interpar - controlado pela Mendes J�nior -, teve que pagar R$ 12 milh�es em propina. Um contrato de consultoria foi firmado pelo cons�rcio com a empresa Auguri Empreendimento e Assessoria Comercial, usada pelo delator para movimentar a propina.
“Houve solicita��o de pagamento de vantagem indevida por Renato Duque e Pedro Barusco do valor aproximado de R$ 12 milh�es”, revelou o executivo. “O valor foi pago mediante transfer�ncias feitas no exterior”, apontou Camargo, indicando a conta de onde saiu, no Credit Suisse, a offshore que controlava a conta, a Drenos, e qual contrato da Auguri, no valor de R$ 40 milh�es de comissionamento, respaldou a movimenta��o da propina.
Nas obras da Refinaria Revap (em S�o Jos� dos Campos-SP), em 2007, fechado pelo valor de R$ 1 bilh�o, a Toyo participou do cons�rcio que era controlado pela Camargo Corr�a. Ele cita o vice-presidente do grupo, Eduardo Hermelino Leite, preso em Curutiba (PR), como controlador do contrato. Segundo ele, em 2008 a Camargo Corr�a fez um contrato com a Treviso para repassar R$ 23 milh�es de comiss�o para ele.
“Dessa comiss�o, repassou em propina para a Diretoria de Engenharia e Servi�os o valor de R$ 6 milh�es, sendo pago a maioria no exterior e parte em reais no Brasil”, afirmou Camargo. Ele apontou ainda a conta no Credite Suisse de onde saiu o dinheiro da propina dos dirigentes ligados ao PT nas transfer�ncias feitas no exterior. Ao todo, os executivos apontaram nove obras da Petrobras alvo de propina. Indicou ainda suas empresas usadas para movimentar o dinheiro: Treviso, Piemonte e Auguri. E as contas no exterior, como do banco Winterbothan, no Uruguai, e nos bancos Credite Suisse e Cramer, na Su��a.
“Os pagamentos foram feitos atrav�s de contas que os executivos da Toyo mantinham no exterior “para contas indicadas por Duque ou Barusco no exterior, ou em reais no Brasil disponibilizados por (Alberto) Youssef”, afirma o MPF. Os depoimentos de Barusco est�o sendo tomados em sigilo e ainda n�o foram acordados com a Pol�cia Federal e o Minist�rio Publico Federal. Depois de fechado o acordo, ele ser� submetido � Justi�a para ser homologado. Para terem direito ao benef�cio da redu��o de pena, o que eles dizem devem ser comprovado.