Documentos localizados pela Pol�cia Federal (PF) no s�tio do coronel da reserva do Ex�rcito Paulo Malh�es, assassinado em abril deste ano, indicam que a ditadura infiltrou largamente agentes entre esquerdistas brasileiros e argentinos no Brasil no fim dos anos 70.
Os dois textos, referentes �s Opera��es Gringo e Caco, foram escritos pelo Centro de Informa��es do Ex�rcito (CIE). Os Relat�rios 8/78 e 11/79 t�m mais de 200 p�ginas. Citam ao menos 100 brasileiros e estrangeiros sob vigil�ncia da repress�o, no Brasil e no exterior. Entre eles, est�o os ex-governadores Leonel Brizola (1922-2004) e Miguel Arraes (1916-2005) e o compositor Chico Buarque. Tamb�m h� pol�ticos do MDB e militares cassados.
Um dos delatores era um argentino do Ex�rcito Revolucion�rio do Povo (ERP) do pa�s vizinho. Deixou um relat�rio em espanhol, reproduzido no material encontrado na casa de Malh�es. Nele, narra dela��es que cometeu na Argentina. Circulou no Brasil, entre exilados argentinos, denunciando-os.
"Sem d�vida, foi com a associa��o da 'Opera��o Gringo' com a 'Opera��o Caco' que obtivemos a vis�o de como pesquisar e solucionar o problema", afirma o texto. "Os dados fornecidos pelos infiltrados e a necessidade de estudar os dossi�s dos envolvidos tornaram poss�vel o caminho a seguir."
Em tom paranoico, os autores apontam a a��o no Brasil de um suposto Movimento Comunista Internacional - que contaria tanto com o pacifista Partido Comunista Brasileiro quanto com terroristas europeus e palestinos e grupos trotsquistas. O patroc�nio seria da ent�o Uni�o Sovi�tica e da Alb�nia. J� no fim da d�cada de 70, cita organiza��es dadas como extintas. � o caso da A��o Libertadora Nacional (ALN) e do Movimento de Liberta��o Popular (Molipo).
A papelada � apontada por procuradores como prova da exist�ncia, no Brasil , da Opera��o Condor, uma rede de colabora��o entre as ditaduras militares do Cone Sul que resultou em pris�es, torturas, desaparecimentos e assassinatos de opositores.
As For�as Armadas brasileiras nunca admitiram sua participa��o na Condor. H� anos, por�m, investiga��es independentes j� comprovaram a colabora��o entre militares do Pa�s e seus colegas de pa�ses vizinhos.
