Rio de Janeiro, 24 - A advogada Lygia Maria Jobim, de 64 anos, entregou nesta segunda-feira � Procuradoria da Rep�blica no Rio um pedido de abertura de inqu�rito civil para apurar as circunst�ncias da morte de seu pai, o ex-embaixador Jos� Jobim, durante a ditadura militar. Ele foi sequestrado ao sair de casa na tarde de 22 de mar�o de 1979, no bairro do Cosme Velho (zona sul do Rio). Seu corpo foi encontrado dois dias depois enforcado, na Barra da Tijuca, zona oeste.
Uma semana antes da morte, o diplomata havia anunciado publicamente que escreveria um livro de mem�rias para denunciar casos de corrup��o na constru��o da usina de Itaipu (PR), diz Lygia. No documento entregue ao MPF, ela afirma que o inqu�rito poder� elucidar aspectos hist�ricos, "em especial a motiva��o de ocultar um esc�ndalo de corrup��o envolvendo a usina de Itaipu".
De acordo com a vers�o policial divulgada pelo regime militar, houve suic�dio - Jobim teria se enforcado com uma corda. Lygia, que estava gr�vida e tinha 28 anos na �poca do crime, dedicou mais da metade da vida a tentar descobrir o que aconteceu com o pai.
Em 1983, a ent�o promotora Telma Musse foi designada para cuidar do caso e pediu novas investiga��es � pol�cia. Na ocasi�o, ela baseou-se na "dubiedade do laudo que concluiu pelo suic�dio". Dois anos depois, a morte foi qualificada como "homic�dio por autor desconhecido" e o processo acabou arquivado.
Jobim come�ou a trabalhar como jornalista e foi diplomata de carreira at� se aposentar. Pouco antes do golpe de 1964, tinha sido enviado ao Paraguai pelo ent�o presidente Jo�o Goulart como chefe de uma miss�o para acertar a compra das turbinas de Itaipu. O projeto original da usina foi realizado no governo de Jango. "Itaipu custou dez vezes mais. Queremos a ajuda do MPF para esclarecer coisas que a ditadura varreu para baixo do tapete e contar a hist�ria de tudo o que existe de secreto", afirma Jo�o Vicente Goulart, filho do ex-presidente e diretor do Instituto Jo�o Goulart, que tamb�m assina o pedido de reabertura do caso. "Hoje todos est�o surpresos com a investiga��o da Pol�cia Federal e a rela��o pouco ortodoxa das grandes empresas com obras p�blicas, mas isso n�o � de hoje. Vem da ditadura."
Lygia, que prestou depoimento � Comiss�o Nacional da Verdade em 2013, disse que n�o quer ser indenizada pela morte. "Quero um reconhecimento de responsabilidade. Quem matou meu pai foi Itaipu. Quem destruiu as provas foram agentes do Estado brasileiro, que me deve uma satisfa��o."
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Advogada quer apura��o de morte de pai na ditadura
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