O executivo da Toyo Setal, Augusto Mendon�a, um dos delatores da Opera��o Lava Jato, disse em depoimento � Pol�cia Federal que o pagamento de propina no esquema de corrup��o envolvendo a Petrobras foi feito por meio de doa��es oficiais. Mendon�a, que dep�s na PF em 29 de outubro depois de fechar um acordo de dela��o com o Minist�rio P�blico Federal (MPF), disse ainda que o pagamento de propina cobrado pelo ex-diretor de Servi�os da Petrobras Renato Duque era feito de outras duas formas. Al�m das doa��es oficiais ao PT, Duque recebeu por meio de remessas ao exterior e parcelas em dinheiro vivo.
O delator afirmou ainda que o esquema firmado pelo 'clube', grupo das empreiteiras que organizaram o pagamento de propina, vinha acontecendo desde 2004. "Houve uma combina��o entre Duque e as empresas do 'clube', coordenado por Ricardo Pessoa (executivo da UTC), de que se estabelecesse uma lista de convidados em licita��es da Petrobras em troca de pagamento de uma comiss�o, durante o ano de 2004. A partir de ent�o, todas as empresas passaram a negociar e a pagar suas comiss�es", disse Mendon�a � PF.
J� outro executivo da Toyo Setal que participa do acordo de dela��o nega ter feito pagamento de propina por meio de doa��es oficiais. Julio Gerin de Almeida Camargo diz ter feito doa��es oficiais de R$ 4,25 milh�es por "conveni�ncia". Em depoimento prestado � Pol�cia Federal no dia 31 de outubro, Camargo negou que as doa��es feitas a doze siglas tenham sido motivadas pelo pagamento de propina. Segundo ele, todos os repasses foram feitos oficialmente e "dentro dos limites previstos por lei".
Indagado sobre o motivo pelo qual fez doa��es nos anos de 2008, 2010 e 2012, ele afirma que algumas foram solicitadas por alguns candidatos e outras pelos pr�prios partidos. Ele disse ainda que "entendeu ser conveniente contribuir", sem detalhar o porqu�. Camargo acrescentou que alguns casos foram motivados por "amizade", caso dos senadores Delc�dio Amaral (PT) e Romeu Tuma (PTB), que receberam R$ 450 mil e R$ 100 mil, respectivamente, na campanha de 2010.
Camargo disse ainda que o Partido dos Trabalhadores (PT) foi um dos que mais recebeu doa��es, R$ 2,65 milh�es dos R$ 4,25 milh�es doados entre 2008 e 2012. Al�m do PT, comit�s financeiros e pol�ticos do PTB, PRTB, PSDB, PR, PV, PMDB, PPS, PSL, PTN e PP receberam doa��es. O executivo disse ainda que n�o houve doa��es motivadas por contratos firmados no �mbito da Petrobras, nem de empresas ou cons�rcios de empresas dos quais ele participou e recebeu comiss�es.
Infraero
Mendon�a relatou � Pol�cia Federal tamb�m um poss�vel pagamento de propina na Infraero, em troca de um contrato para obras no Aeroporto de Bras�lia. No mesmo depoimento, ele disse que, 12 anos atr�s, foi informado por um dos acionistas da Construtora Beter, contratada pela estatal para fazer instala��es el�tricas no terminal, de que haveria pagamento de "comiss�es" ao ex-presidente da Infraero Carlos Wilson. Morto em 2009, Wilson dirigiu a estatal entre 2003 e 2006.
A Beter subcontratava, na �poca, a construtora PEM, de propriedade de Mendon�a, para executar as obras em seu lugar. A necessidade de pagar propina ao dirigente, segundo ele, foi usada pelo acionista da Beter para que sua empresa desse desconto nos servi�os que faria.
"O declarante foi informado por um dos acionistas da Beter, respons�vel pelo contrato acima, de que haveria um pagamento de 'comiss�o' e uma combina��o na forma de contrata��o no �mbito da Infraero, por meio do presidente � �poca, Carlos Wilson", diz transcri��o do depoimento.
O executivo da Setal aceitou colaborar com as investiga��es, em troca de redu��o de pena. Questionado, ele afirmou, contudo, n�o saber se o pagamento de propina ao ex-dirigente se efetivou, pois seu contato era apenas com a Beter.
"(O declarante diz que) N�o possui nenhum elemento concreto acerca do suposto pagamento de comiss�o para 'Carlos Wilson', pois isso se deu exclusivamente dentro da Beter, e n�o houve detalhamento sobre como se dava a suposta combina��o na forma de contrata��o e do pagamento das comiss�es", disse. O jornal O Estado de S.Paulo procurou a Infraero, que ainda n�o se pronunciou. Representantes da Beter n�o foram localizados.