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Estado de Minas

Executivo denuncia propina em duas parcelas na Petrobras

Executivo investigado pela PF afirma que os subornos eram pagos em cima do contrato fechado com a estatal e depois sobre o valor dos aditivos, muitas vezes combinados com as diretorias


postado em 05/12/2014 06:00 / atualizado em 05/12/2014 11:34

Bras�lia – Os aditivos a contratos de empreiteiras com a Petrobras geravam pagamentos de subornos � parte, segundo dela��o premiada do executivo da Toyo Setal Augusto Ribeiro de Mendon�a Neto. Ele afirmou � Pol�cia Federal em dela��o premiada que a maioria dos aumentos de pre�os era motivada por erros da pr�pria estatal, como mudan�as nos projetos, e disse que funcion�rios e operadores do esquema se aproveitavam disso para fazer exig�ncias contratuais. Al�m disso, na obra da Refinaria Get�lio Vargas (Repar), no Paran�, os subornos tiveram que ser negociados e pagos de maneira independente aos ex-diretores Paulo Roberto Costa, de Abastecimento, e Renato Duque, de Engenharia. Procurada pela reportagem, a estatal n�o se pronunciou.


Em depoimentos � PF em 29 e 30 de outubro, o executivo afirmou que a Petrobras era culpada pelos aditivos contratuais nas obras, principalmente modifica��es de projeto durante as constru��es de empreendimentos que levavam de tr�s a cinco anos. Essas mudan�as acabavam “interferindo negativamente no andamento da obra, gerando assim a necessidade de aditivos”. Ele afirma que, entre as “interfer�ncias” supostamente negativas feitas pela petroleira, havia “mudan�as de projeto”, “falta de informa��es t�cnicas” e “atraso na entrega de equipamentos que eram da responsabilidade da Petrobras”. Na avalia��o de Mendon�a, todas as discuss�es da empresa por aumentos de pre�o tinham fundamento, mas a estatal “n�o queria pagar a conta inteira”. Os riscos, disse o delator, ficavam para o contratado, porque o valor a ser acertado s� era conhecido no fim da obra.

Segundo narrou Mendon�a, esse clima era aproveitado pelo ex-deputado Jos� Janene (PP-PR), morto em setembro de 2010, pelo apadrinhado Paulo Roberto e pelo doleiro Alberto Youssef para exigir propinas e “atrapalhar menos”. Ele disse que, sobre o valor dos aditivos, havia pagamento de subornos tanto a Paulo Roberto quanto a Renato Duque.

No contrato da Repar, o esquema mordeu duas vezes e de duas maneiras diferentes. “Acertou-se um valor referente ao contrato e posteriormente outro valor referente ao aditivo”, explicou Mendon�a. O cons�rcio formado pela Mendes J�nior, MPE e SOG, do grupo Toyo, executava uma obra de R$ 2,4 bilh�es em 2008. Por ela, foram pagos R$ 70 milh�es em propinas, um ter�o por empresa.

Duque, ligado ao PT, e Janene, do PP, cobraram subornos em separado. “Jos� Janene e Renato Duque tamb�m exigiram cada qual, de forma independente, a sua parte consistente em propina”, contou Mendon�a aos policiais.

O executivo diz ter sofrido em “reuni�es de intimida��o e amea�as” convocadas por Janene. Num dos encontros, no escrit�rio do ex-deputado em S�o Paulo, ele relatou o que considerou parte das “demonstra��es de poder” do pepista. “Janene sai agredindo ‘um outro cara’ de l� de dentro e ‘botando o cara para fora do escrit�rio’”, descreveu o escriv�o da PF ao ouvir o relato do executivo da Toyo.

A Mendes J�nior disse que n�o vai comentar inqu�ritos em andamento. A reportagem n�o localizou a MPE.

COMPERJ Um bom exemplo dos aumentos de pre�o est� na constru��o do Complexo Petroqu�mico do Rio de Janeiro (Comperj), a maior obra da estatal no Brasil. Com 70 aditivos, o grupo de nove gigantes empreiteiras aumentou seus ganhos em R$ 1,1 bilh�o. Isso significa acr�scimo de 7% sobre o valor da estimativa de custos prevista pelos t�cnicos da Petrobras, apesar de os contratos inicialmente assinados preverem o contr�rio: uma redu��o de 4%. O “clube vip” do Comperj � formado pelas gigantes Odebrecht, OAS, Engevix, Queiroz Galv�o, Iesa �leo e G�s, UTC, Mendes J�nior, Toyo Setal e Galv�o Engenharia.

As empreiteiras – acusadas pelos delatores de pagarem subornos em troca de contratos bilion�rios – receberam pelo menos R$ 11,8 bilh�es da Petrobras para a constru��o do complexo. Com apenas 10 contratos assinados, o “clube da propina” mordeu, at� o momento, 49% de todo o atual custo do complexo, de acordo com levantamento da reportagem em lista de neg�cios fechados para a constru��o da unidade. Elas foram escolhidas diretamente pelos gestores da Petrobras ou por dispensa de licita��o ou por “convite”, quando a estatal escolhe aleatoriamente tr�s fornecedores para disputar a constru��o de um empreendimento. A previs�o do custo final do Comperj saltou de US$ 6 bilh�es para US$ 40 bilh�es.

Juiz sob holofotes

(foto: Wilton Júnior/Estadão Conteúdo)
(foto: Wilton J�nior/Estad�o Conte�do)
O juiz federal S�rgio Moro, � frente das a��es penais resultantes da Opera��o Lava-Jato, disse, ontem, no Rio, n�o se considerar um �dolo nacional por estar no centro das decis�es judiciais do mais rumoroso caso de corrup��o do pa�s. Moro, de 42 anos, esteve na cidade para participar do Semin�rio Nacional sobre Combate � Corrup��o e � Lavagem de Dinheiro, organizado pela Esad Cursos, e foi muito assediado, principalmente por fot�grafos, uma vez que raramente ele se deixa fotografar. Sem citar as investiga��es do esc�ndalo da Petrobras, o juiz afirmou que a investiga��o de crimes de lavagem de dinheiro e corrup��o no pa�s precisa produzir provas “categ�ricas” e “acima de qualquer d�vida razo�vel” sobre o ato criminoso. Ao fim de sua participa��o, depois de alguns minutos conversando com os organizadores do evento, Moro foi abordado por jornalistas, aos quais disse que n�o falaria, pois n�o pode comentar “casos pendentes”. J� quase entrando no elevador, onde um seguran�a o aguardava, ao ser perguntado se se considerava um �dolo nacional, disse somente “n�o”.

 


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