Bras�lia – Os aditivos a contratos de empreiteiras com a Petrobras geravam pagamentos de subornos � parte, segundo dela��o premiada do executivo da Toyo Setal Augusto Ribeiro de Mendon�a Neto. Ele afirmou � Pol�cia Federal em dela��o premiada que a maioria dos aumentos de pre�os era motivada por erros da pr�pria estatal, como mudan�as nos projetos, e disse que funcion�rios e operadores do esquema se aproveitavam disso para fazer exig�ncias contratuais. Al�m disso, na obra da Refinaria Get�lio Vargas (Repar), no Paran�, os subornos tiveram que ser negociados e pagos de maneira independente aos ex-diretores Paulo Roberto Costa, de Abastecimento, e Renato Duque, de Engenharia. Procurada pela reportagem, a estatal n�o se pronunciou.
Segundo narrou Mendon�a, esse clima era aproveitado pelo ex-deputado Jos� Janene (PP-PR), morto em setembro de 2010, pelo apadrinhado Paulo Roberto e pelo doleiro Alberto Youssef para exigir propinas e “atrapalhar menos”. Ele disse que, sobre o valor dos aditivos, havia pagamento de subornos tanto a Paulo Roberto quanto a Renato Duque.
No contrato da Repar, o esquema mordeu duas vezes e de duas maneiras diferentes. “Acertou-se um valor referente ao contrato e posteriormente outro valor referente ao aditivo”, explicou Mendon�a. O cons�rcio formado pela Mendes J�nior, MPE e SOG, do grupo Toyo, executava uma obra de R$ 2,4 bilh�es em 2008. Por ela, foram pagos R$ 70 milh�es em propinas, um ter�o por empresa.
Duque, ligado ao PT, e Janene, do PP, cobraram subornos em separado. “Jos� Janene e Renato Duque tamb�m exigiram cada qual, de forma independente, a sua parte consistente em propina”, contou Mendon�a aos policiais.
O executivo diz ter sofrido em “reuni�es de intimida��o e amea�as” convocadas por Janene. Num dos encontros, no escrit�rio do ex-deputado em S�o Paulo, ele relatou o que considerou parte das “demonstra��es de poder” do pepista. “Janene sai agredindo ‘um outro cara’ de l� de dentro e ‘botando o cara para fora do escrit�rio’”, descreveu o escriv�o da PF ao ouvir o relato do executivo da Toyo.
A Mendes J�nior disse que n�o vai comentar inqu�ritos em andamento. A reportagem n�o localizou a MPE.
COMPERJ Um bom exemplo dos aumentos de pre�o est� na constru��o do Complexo Petroqu�mico do Rio de Janeiro (Comperj), a maior obra da estatal no Brasil. Com 70 aditivos, o grupo de nove gigantes empreiteiras aumentou seus ganhos em R$ 1,1 bilh�o. Isso significa acr�scimo de 7% sobre o valor da estimativa de custos prevista pelos t�cnicos da Petrobras, apesar de os contratos inicialmente assinados preverem o contr�rio: uma redu��o de 4%. O “clube vip” do Comperj � formado pelas gigantes Odebrecht, OAS, Engevix, Queiroz Galv�o, Iesa �leo e G�s, UTC, Mendes J�nior, Toyo Setal e Galv�o Engenharia.
As empreiteiras – acusadas pelos delatores de pagarem subornos em troca de contratos bilion�rios – receberam pelo menos R$ 11,8 bilh�es da Petrobras para a constru��o do complexo. Com apenas 10 contratos assinados, o “clube da propina” mordeu, at� o momento, 49% de todo o atual custo do complexo, de acordo com levantamento da reportagem em lista de neg�cios fechados para a constru��o da unidade. Elas foram escolhidas diretamente pelos gestores da Petrobras ou por dispensa de licita��o ou por “convite”, quando a estatal escolhe aleatoriamente tr�s fornecedores para disputar a constru��o de um empreendimento. A previs�o do custo final do Comperj saltou de US$ 6 bilh�es para US$ 40 bilh�es.
Juiz sob holofotes
