
Bras�lia – Controlada pelo governo, a Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) Mista da Petrobras, que investiga a atua��o de organiza��o criminosa na estatal, chega ao fim de maneira melanc�lica. Blindou corruptos e corruptores. Os integrantes do colegiado n�o quebraram sigilos banc�rios e telef�nicos dos principais personagens do esc�ndalo e fizeram um acordo para n�o convocar pol�ticos tanto do governo quanto da oposi��o.
A oposi��o se re�ne, na manh� desta ter�a-feira, para debater um relat�rio paralelo e tra�ar estrat�gias para a instala��o de comiss�o com o objetivo de continuar as investiga��es na Casa no pr�ximo ano. V�o participar do encontro os l�deres do PPS, Rubens Bueno (PR); do PSDB, Ant�nio Imbassahy (BA); do DEM, Mendon�a Filho (PE); do PSB, Beto Albuquerque (RS) e do Solidariedade, Francisco Francischini (PR). A oposi��o, de acordo com Rubens Bueno, pode chegar a pedir o indiciamento da presidente Dilma Rousseff, que comandava o Conselho Administrativo da Petrobras quando a empresa comprou a refinaria de Pasadena, o que teria gerado um preju�zo de US$ 792 milh�es.
Os governistas ressaltam a agilidade da pol�cia e da Justi�a como justificativas para a “falta de novidades” no relat�rio oficial. Aliados do Planalto argumentam que � imposs�vel dimensionar o preju�zo resultante da falta da documenta��o da dela��o premiada que a CPI n�o p�de consultar. O Supremo Tribunal Federal (STF), temendo vazamentos para a imprensa, n�o compartilhou os depoimentos sigilosos que apontam o envolvimento de dezenas de pol�ticos no esc�ndalo.
“N�o existe blindagem. O que existe � uma composi��o. Os deputados t�m tido sabedoria para entender quando a inten��o � somente o desgaste p�blico”, disse ao Estado de Minas o l�der do PT na C�mara, Vicentinho (PT-SP), sobre os requerimentos propostos pela oposi��o e n�o apreciados. “Eles ainda n�o desceram do palanque, o componente eleitoral continua vivo. Convocamos diretores, a presidente da Petrobras (Gra�a Foster), o ex-presidente, a CPI cumpriu o seu papel”, justificou.
Um dos raros momentos em que a CPI Mista conseguiu driblar o script chapa-branca ocorreu na semana passada durante acarea��o entre Paulo Roberto Costa e o ex-diretor da �rea Internacional da Petrobras Nestor Cerver�. Costa afirmou que “dezenas” de pol�ticos est�o envolvidos no esc�ndalo e repetiu v�rias vezes que confirmava tudo o que informou � Justi�a Federal. Segundo ele, “o que acontecia na Petrobras acontece no pa�s inteiro”, incluindo obras como rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e hidrel�tricas.
Cerver�, por sua vez, defendeu as mesmas posi��es de quando dep�s � CPI Mista, em setembro, negando conhecimento do esquema, apesar de ter sido beneficiado por ele, conforme Paulo Roberto Costa. Mesmo admitindo ter participado do esquema criminoso, o ex-diretor de Abastecimento da estatal se disse “arrependido” e “enojado” com a corrup��o na petrol�fera.
Cancelamento
A falta de motiva��o da CPI � tamanha que, em 3 de dezembro, o depoimento do ex-diretor de G�s e Energia da Petrobras Ildo Sauer foi cancelado. Mesmo assim, tr�s deputados da oposi��o resolveram ouvi-lo. Entre outros pontos, Ildo disse que a presidente Dilma Roussseff “tem mais habilidade em buscar culpados do que buscar solu��es” e negou qualquer conhecimento sobre o esquema de corrup��o na petrol�fera.“Temos uma situa��o muito interessante.”
O presidente da CPI Mista, senador Vital do R�go (PMDB-PB), que durante todo o tempo atrasou a investiga��o e empacou o desenvolvimento dos trabalhos, agora foi indicado para o TCU. “Espero que l� ele possa investigar melhor a Petrobras do que fez aqui”, criticou o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Vital do R�go j� teve o nome aprovado no plen�rio do Senado e aguarda resultado positivo na C�mara para assumir a vaga de ministro no Tribunal de Contas da Uni�o (TCU), que tamb�m investiga a estatal.