Bras�lia - J� escalado pelo PT para disputar o Planalto em 2018, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva empenha-se em pavimentar o caminho com doses cada vez maiores de interven��o no governo Dilma Rousseff. Uma posologia que combina um "detour" em dire��o ao mercado, apadrinhamentos de ministros sintonizados com o setor produtivo e menos PT na Esplanada.
Com influ�ncia no futuro governo de Dilma e um toque pessoal nos rumos do PT, Lula acredita que tornar� o partido vi�vel para tentar o quinto mandato seguido de um petista na Presid�ncia da Rep�blica. E isso exigir� uma radical renova��o nos quadros da legenda, hoje envelhecida, segundo o ex-presidente. Os planos para esse rejuvenescimento j� foram feitos.
Um exemplo claro de como tem agido o ex-presidente � o de que Lula jamais moveu um dedo para salvar o mandato do ex-deputado Andr� Vargas (PR), ex-secret�rio de comunica��o da Executiva do PT suspeito de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef. Vargas teve o mandato cassado na quarta-feira.
No campo simb�lico, o ex-presidente decidiu condicionar a candidatura a mudan�as de rumos no partido e a um expurgo geral dos suspeitos de envolvimento em corrup��o por temer ser candidato por um partido desgastado por esc�ndalos como o do mensal�o e da Petrobr�s, o que aumenta o risco de derrota na pr�xima disputa.
Lula orientou os senadores Lindbergh Farias (RJ), Humberto Costa (PE) e Jorge Viana (AC) a percorrer o Pa�s atr�s de l�deres que participaram dos protestos de junho de 2013 que se mostraram resistentes a se filiar a partidos. Lula tem dito, a pessoas com as quais conversa sobre os problemas vividos pelo PT, candidaturas no futuro e o atual governo, que o maior desafio � atrair para a pol�tica a juventude que n�o ouve r�dio, n�o v� televis�o e n�o l� jornais. "Como se comunicar com eles? Esse � nosso desafio", repete o ex-presidente.
Certeza
Lula contou �s pessoas com as quais conversou que tinha certeza de que seria lan�ado candidato � sucess�o de Dilma assim que fosse anunciado o resultado do 2.º turno da elei��o, no dia 26 de outubro, independentemente do nome do vencedor. "N�o havia como sair dessa. E n�o havia como dizer sim nem n�o", resumiu o ex-presidente durante conversa com deputados e senadores na quarta-feira, em Bras�lia.
O ex-presidente sabe ainda que ter� de superar no m�nimo dois obst�culos para buscar um novo mandato ao Planalto: estar� com 73 anos e ter� de cuidar bem da sa�de, pois enfrentou um c�ncer da laringe em 2011. Ele tem ido � academia em S�o Bernardo do Campo, no ABC Paulista, todos os dias em que est� na cidade. Manter-se em forma, por�m, ser� o menor dos desafios do petista. O mais dif�cil, dizem assessores pr�ximos, ser� lidar com a resist�ncia da mulher, Marisa Let�cia, que tem dito que aceita qualquer coisa, menos a volta � condi��o de primeira-dama.
Aos colegas de PT, Lula n�o se cansa de recomendar a todos que leiam a biografia de Get�lio Vargas, escrita pelo jornalista Lira Neto. "Li os tr�s volumes. E agora consigo entender por que Get�lio foi t�o criticado", tem afirmado o ex-presidente, num tom que os interlocutores se arriscam a dizer que � uma compara��o consigo mesmo. Get�lio foi presidente de 1930 a 1945, saiu ap�s um forte processo de desgaste de seu poder ditatorial e voltou em 1951 pelos bra�os do povo numa elei��o consagradora. Governou at� tirar a pr�pria vida, em 1954, novamente sob pesado ataque dos oposicionistas. A esperan�a dos petistas, ao ouvir os conselhos de leitura, � que Lula repita o gesto de Get�lio e dispute nova elei��o.
A movimenta��o de Lula sugere que ele j� aceitou a miss�o. Na semana que passou, ele chegou a Bras�lia na ter�a-feira � noite. Dormiu e, no dia seguinte, recebia parlamentares do PT no caf� da manh� do hotel. Depois, juntou-se ao governador da Bahia, Jaques Wagner, e ao ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, al�m de Rui Falc�o, presidente do PT, para almo�ar com Dilma no Pal�cio da Alvorada. No encontro, deu dicas para a posse do dia 1.º. Mas, ao que tudo indica, Lula tamb�m tem planos para a posse de janeiro de 2019, na condi��o de presidente eleito. De novo.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo