S�o Paulo - O PT virou uma m�quina eleitoral. O PT est� velho. O PT precisa ser passado a limpo. O PT necessita de dirigentes mais qualificados. As frases acima poderiam ter sa�do de uma manifesta��o contra o governo Dilma Rousseff, mas foram todas pronunciadas na sexta-feira, em S�o Paulo, por graduados dirigentes petistas durante a reuni�o da chapa majorit�ria Partido que Muda o Brasil (PMB), que det�m mais de 70% dos cargos de dire��o.
Aprovado h� duas semanas em Fortaleza, durante reuni�o do diret�rio nacional que contou com a presen�a da presidente Dilma Rousseff, o Programa de Reorganiza��o do PT 2015/2016 � descrito por alguns dirigentes petistas como a maior mudan�a de rumo no partido desde 2001, quando o 22.º Encontro Nacional do PT aprovou a pol�tica de alian�as ampla que levou � primeira elei��o de Lula em 2002.
A ideia agora � fazer o caminho de volta �s origens. O principal ponto do programa � o resgate da imagem �tica do partido, considerado fundamental na estrat�gia de combate ao antipetismo manifestado durante e depois das elei��es deste ano.
"� preciso passar o PT a limpo", disse Jorge Coelho, um dos vice-presidentes do partido.
O passo inicial foi a aprova��o, tamb�m em Fortaleza, de uma resolu��o pol�tica proposta por integrantes da Mensagem, segunda maior corrente petista, que determina a expuls�o dos filiados envolvidos em casos de corrup��o.
O expurgo � uma das condi��es impostas por Lula para carregar pela sexta vez a bandeira petista em uma elei��o presidencial.
Mais do que palavras, o PT pretende dar demonstra��es pr�ticas, como foi a ordem para que a bancada do partido na C�mara votasse pela cassa��o do ex-petista Andr� Vargas, na semana passada. "Quando o PT pede a cassa��o do Andr�, d� um exemplo concreto", disse o presidente nacional do partido, Rui Falc�o.
TV-PT
Para refor�ar o resgate da imagem, o PT vai levar ao ar em fevereiro uma web-TV. Est�dios foram montados em S�o Paulo e Bras�lia e o jornalista Albino Castro, com vasta experi�ncia em televis�o, foi contratado. O objetivo � criar um canal onde o PT possa dar sua vers�o para os principais fatos pol�ticos.
Outra medida concreta ser� a qualifica��o do perfil dos dirigentes, hoje em sua maioria egressos da burocracia partid�ria. Na reuni�o de sexta-feira Marco Aur�lio Garcia, assessor especial da Presid�ncia, colocou o dedo na ferida. "Precisamos rever o pr�prio funcionamento do partido e de um grupo dirigente � altura das tarefas", disse ele.
Outro passo � abrir o partido, hoje totalmente tomado pelos grupos que fazem a disputa interna, para segmentos da sociedade que se mobilizaram pela reelei��o de Dilma, t�m proximidade ideol�gica com o PT, mas n�o encontram espa�o na m�quina partid�ria.
O Processo de Elei��es Diretas (PED) para escolha da dire��o, foco de den�ncias e irregularidades nos �ltimos anos, est� com os dias contados, segundo dirigentes graduados.
Al�m de tentar reconstruir a imagem �tica, o PT pretende se livrar da pecha de partido pragm�tico, cultivada ao longo de 12 anos no governo.
"H� quanto tempo somos uma grande m�quina de ganhar elei��es?", questionou o deputado Jos� Guimar�es (CE), outro vice-presidente petista.
O programa prev� a apresenta��o de uma nova agenda voltada para a juventude que foi �s ruas defender a reelei��o de Dilma com base em propostas para cultura, ocupa��o das cidades e quest�es comportamentais.
A ideia � sinalizar para os setores da "nova esquerda" uma guinada ideol�gica de volta �s ra�zes e tamb�m se reaproximar de movimentos historicamente ligados ao partido.
"O PT tem uma estrutura velha para este novo momento", disse Guimar�es.
A depend�ncia excessiva do dinheiro, j� verbalizada por Lula, tamb�m est� no foco das mudan�as. Na sexta-feira o tesoureiro do PT, Jo�o Vaccari, alvo da Opera��o Lava Jato, advertiu o partido sobre os impactos do fim das doa��es privadas de campanha, uma das principais bandeiras petistas. Segundo ele, uma sa�da � fazer campanhas para incentivar doa��es de pessoas f�sicas.
Durante a reuni�o, Falc�o resumiu o programa da seguinte forma: "Revitalizar, repensar, revigorar, refazer. Mas nunca refundar". A frase � uma alus�o ao grupo que pregou a refunda��o do partido no auge do esc�ndalo do mensal�o.
Para colocar o projeto em pr�tica, o PT conta com apoio de Lula, que j� deu sinais de que pretende participar mais da vida partid�ria. O resultado do esfor�o deve se materializar na etapa final do 5.º Congresso Nacional do PT, marcado para junho, em Salvador.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo