Bras�lia – Ao entregar a faixa presidencial para Dilma Rousseff em 1º de janeiro de 2011, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva havia “arrumado a casa” no Congresso para a sucessora. Na C�mara, o PT tinha ultrapassado, pela primeira vez, o PMDB em n�mero de parlamentares. No Senado, o empenho do cacique petista em disputas estaduais contribuiu para tirar da Casa nomes tradicionais da oposi��o.
No segundo mandato, por�m, Dilma n�o deve ter vida f�cil no Senado: Tasso Jereissati (PSDB-CE) e outros nomes importantes do campo oposicionista voltar�o ao ringue. Para piorar, alguns dos principais defensores do governo na Casa podem se ver em apuros diante dos desdobramentos da Opera��o Lava-Jato. � o caso dos petistas Gleisi Hoffmann (PR), Lindbergh Farias (RJ) e Humberto Costa (PE).
A lista de 28 pol�ticos que teriam sido citados pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa inclui ainda outros nomes importantes da base aliada no Senado. � o caso dos peemedebistas Valdir Raupp (RO) e Renan Calheiros (AL), atual presidente da Casa. Assim como o l�der do PT, Humberto Costa (PE), outro citado seria o ex-l�der do governo no Senado Romero Juc� (PMDB-RR). Entre os petistas, tamb�m aparece o senador Delc�dio do Amaral (MS), com mais quatro anos de mandato a cumprir.
Em notas divulgadas nos �ltimos dias, todos eles negaram as acusa��es. “� ilegal e irrespons�vel incluir numa mesma lista pol�ticos acusados de receber propina e outros que foram apenas citados. No meu caso, fui citado pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa”, escreveu Lindbergh Farias, depois da divulga��o da lista pelo jornal O Estado de S.Paulo.
Ofensiva Em 2010, a m�quina ent�o comandada por Lula manobrou para derrotar nos estados nomes aguerridos da oposi��o. Dos nove senadores que tentaram a reelei��o e perderam naquele ano, cinco eram pol�ticos que atrapalharam a vida de Lula na Casa em seus dois governos. Arthur Virg�lio (PSDB-AM), Her�clito Fortes (DEM-PI), Marco Maciel (DEM-PE) e Efraim Moraes (DEM-PB), al�m de Tasso Jereissati, acabaram perdendo os mandatos para parlamentares da base de Lula.
No Amazonas, por exemplo, Virg�lio foi substitu�do por Vanessa Grazziotin (PCdoB) e Eduardo Braga (PMDB) depois de um Lula com popularidade recorde pedir votos para os dois no hor�rio eleitoral. “� um Senado que vai contar, al�m das figuras que j� est�o aqui, com o Jos� Serra (PSDB-SP), o Ronaldo Caiado (DEM-GO), o Tasso. E os partidos de oposi��o est�o num momento de muita sintonia entre si, ao contr�rio do que ocorre na base. N�o � que os partidos da base n�o se articulem, � que n�o h� sintonia entre eles”, diz o l�der do DEM no Senado, Jos� Agripino Maia (RN).
Al�m dele, a oposi��o no Senado ter� figuras como os tucanos mineiros A�cio Neves e Antonio Anastasia, e o candidato a vice do PSDB na �ltima campanha presidencial, Aloysio Nunes (PSDB-SP). Agripino ressalta ainda que a oposi��o no Senado escalar� parlamentares “especialistas” para cada �rea. “Teremos um monitorando sa�de, outro educa��o, outro previd�ncia, e por a� vai, para acompanhar atentamente as a��es do governo”, diz ele.
Debates Para o cientista pol�tico Ant�nio Augusto de Queiroz, do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), os oposicionistas tendem a levar vantagem nos debates. “Do ponto de vista da oposi��o, a principal mudan�a � qualitativa. A oposi��o conseguiu trazer de volta nomes importantes. Ao mesmo tempo, a situa��o perdeu quadros de peso, ou porque foram derrotados nas urnas ou porque desistiram. � o caso do Pedro Simon (PMDB-RS), Jos� Sarney (PMDB-AP) e Eduardo Suplicy (PT-SP)”, avalia.
“O avan�o num�rico da oposi��o foi relativamente modesto, e o governo continua tendo maioria na hora do voto. Mas, em certos debates, o governo ter� dificuldade”, diz Queiroz. Entre os partidos tradicionais de oposi��o aos governos petistas (PSDB, DEM e PPS) o n�mero de senadores permaneceu est�vel. O PSDB perdeu duas cadeiras (de 12 para 10), fato compensado pelo PPS, que voltar� a ter representa��o no Senado, com uma cadeira, e pelo DEM, que ter� cinco vagas (at� este ano, eram quatro). O ganho num�rico da oposi��o pode vir de partidos como o PSB, que esteve na base do governo at� 2013 e que, atualmente, adota postura independente no Senado.