S�o Paulo - A Pol�cia Federal encontrou por acaso ind�cios que podem ligar o ex-deputado estadual da Bahia Javier Alfaya (PCdoB), aliado e homem de confian�a do ex-governador e novo ministro da Defesa, Jaques Wagner (PT), ao esquema de lavagem de dinheiro investigado na Opera��o Lava Jato.
"Na segunda parte do caderno constam v�rias p�ginas de anota��es de valores para diversas pessoas", assinala relat�rio da PF. Entre essas pessoas est�o cinco doleiros e agiotas ligados ao dono do Posto da Torre, que funcionava como "delivery da propina" a pol�ticos que l� compareciam para saques em esp�cie.
"Consta tamb�m anota��o em nome de 'Dep. Javier'", destaca a PF, referindo-se a um trecho manuscrito do caderno em que o nome do ex-parlamentar aparece grafado ao lado da express�o "2.250 ou 2.350".
Na mesma p�gina, outras tr�s refer�ncias a Javier, uma ao lado do registro "20 at� 30 SEP", outra com o valor "2.200" e tr�s pontos de interroga��o e mais uma ao lado do apontamento "20 at� 30".
"Trata-se de Javier Alfaya, deputado estadual da Bahia", informa o relat�rio que faz parte dos autos da Lava Jato. Arquiteto de profiss�o, nascido em Redondela (Espanha), Alfaya n�o � mais deputado. Em janeiro de 2013 ele foi nomeado para assumir um cargo de confian�a no governo Wagner, na chefia do Escrit�rio de Projetos da Secretaria para Assuntos da Copa (Secopa).
Suplente de deputado federal, de 1999 a 2003, efetivou-se na vaga de Jaques Wagner - em janeiro de 2003 - para logo depois assumir seu posto como deputado estadual, sempre pelo PC do B. Ele cumpriu dois mandatos na Assembleia Legislativa da Bahia, de 2003 a 2007 e de 2007 a 2010, sendo vice-l�der do governo Wagner.
Caderno
O documento apreendido no dia 17 de mar�o pela PF, em que aparece o nome do ex-parlamentar, � um caderno com anota��es manuscritas de um dos r�us da Lava Jato, Francisco Angelo da Silva.
O acusado � apontado como antigo "s�cio" do doleiro dono do Posto da Torre e um dos supostos bra�os do esquema nos �rg�os p�blicos. No ano passado, Silva ocupou cargo de assessor especial no governo do Distrito Federal, entre janeiro e outubro.
Conhecido como Chicote, e tratado por Chater como "Chico", Silva � r�u acusado de integrar organiza��o criminosa, comandada pelo dono do Posto da Torre, que movimentou R$ 124 milh�es, segundo dados do Coaf, citados na den�ncia do Minist�rio P�blico Federal.
O grupo comandado por Chater valeu-se de diversas empresas, "que tiveram suas contas banc�rias utilzadas para opera��es do grupo e movimenta��o de valores provenientes dos mais v�rios crimes".
Segundo o MPF, al�m de ser um dos membros do grupo criminoso de Chater, Silva � acusado por opera��o n�o autorizada de institui��o financeira (de janeiro de 2009 a mar�o de 2014) e evas�o de divisas.
Na a��o penal, eles s�o acusados de promoverem transa��es de c�mbio negro junto a outros doleiros r�us da Lava Jato, entre eles o delator Alberto Youssef. Tanto Youssef como Chater confessaram ao juiz federal S�rgio Moro, que conduz os processos da Lava Jato, que movimentavam dinheiro para pol�ticos, entre eles o ex-deputado federal Jos� Janene (PP-PR) - morto em 2010 - e para o ex-presidente do PP Pedro Corr�a.
Silva foi s�cio de uma empresa de fachada criada por Chater em 1991, a Fly Turismo e C�mbio Ltda. Atualmente � "s�cio oculto" ao lado da irm� do dono do Posto da Torre na Valotur C�mbio e Turismo.
A Valotur, que funciona no Posto da Torre, foi aberta em 2012 e segundo a Lava Jato era usada "no setor de c�mbio turismo, expediente usualmente utilizado para ocultar a pr�tica de opera��es no mercado de c�mbio negro".
Em 2014, Silva exerceu a fun��o de assessor especial da Subsecretaria de Planejamento e Gest�o da Informa��o, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento da Regi�o Metropolitana do DF. Silva foi exonerado do cargo de "natureza especial" no fim do ano.
"Francisco n�o seria mero laranja do esquema criminoso. Al�m de s�cio da Valotur, demonstrou nos di�logos interceptados relacionamento bastante pr�ximo a Habib, tendo ci�ncia de sua participa��o no grupo", sustentam os procuradores da for�a-tarefa da Lava Jato, no processo.
O ex-deputado estadual do PC do B citado no caderno do posto foi procurado pelo Estado desde sexta-feira, mas n�o respondeu aos pedidos de entrevista. Silva, r�u da Lava Jato, n�o foi localizado.