
Bras�lia – Mal acomodou os partidos nos 39 minist�rios dispon�veis na Esplanada, a presidente Dilma Rousseff – que s� retorna do descanso na Base Naval de Aratu (BA) amanh� – j� se depara com as queixas dos aliados pelas vagas no segundo escal�o. O quinh�o vai desde nomea��es de secret�rios das pastas at� indica��es para autarquias, estatais e superintend�ncias regionais. Uma imensid�o de cargos disputados com afinco pelas siglas da coaliz�o partid�ria.
S�o tantos os problemas, que os partidos n�o se contentam em brigar entre eles. Brigam internamente tamb�m. Por exemplo, no Minist�rio da Agricultura. A ministra K�tia Abreu acertou com a presidente Dilma Rousseff – madrinha de seu casamento, que ocorrer� no in�cio de fevereiro, em Palmas (TO) – que teria liberdade para nomear os demais cargos da pasta, o que, tanto na pol�tica quanto no meio rural, convencionou-se chamar de porteira fechada. “Ela quer preencher os cargos com nomes t�cnicos, de excel�ncia”, disse uma aliada de K�tia.
Mas a presidente licenciada da Confedera��o da Agricultura e Pecu�ria do Brasil (CNA), que j� n�o conta com a simpatia de parte da pr�pria legenda, s� aumentar� as resist�ncias internas se cumprir o que planeja. A pasta hoje est� fracionada entre o PMDB de Mato Grosso, Paran� e Rio Grande do Sul. Desalojar esse pessoal n�o ser� tarefa f�cil. A op��o por nomes t�cnicos n�o ajuda no convencimento. “T�cnico? Paulo Roberto Costa � t�cnico, Nestor Cerver� � t�cnico. De que adiantou? De nada”, esbravejou um interlocutor peemedebista, em uma alus�o aos dois ex-diretores da Petrobras investigados na Opera��o Lava-Jato, da Pol�cia Federal.
A propalada autonomia de K�tia para nomear seus auxiliares n�o � regra na Esplanada. A orienta��o dada aos demais ministros � que toda e qualquer indica��o dever� passar pelo crivo da presidente Dilma Rousseff e do chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, o que dever� arrastar o processo de substitui��o por meses. “Os bancos p�blicos dever�o ser nomeados com celeridade. Os demais escal�es tendem a esperar”, confirmou um interlocutor palaciano.
Entenda-se por “bancos p�blicos” as presid�ncias do Banco do Brasil (BB), Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES) e Caixa Econ�mica Federal (CEF). Nos dois primeiros casos, as sucess�es j� est�o sendo aguardadas pelo mercado: Paulo Caffarelli (ex- secret�rio-executivo da Fazenda e ex-vice presidente do Banco do Brasil) assumiria o BB, e Alexandre Abreu, vice-presidente de varejo do Banco do Brasil, diretor de varejo do Banco do Brasil, seria nomeado presidente do BNDES.
Em rela��o � Caixa Econ�mica Federal, que financia programas como o Minha Casa, Minha Vida, existe uma d�vida quanto � perman�ncia de Jorge Hereda na presid�ncia ou sua substitui��o pela ex-ministra do Planejamento Miriam Belchior. “Ela comandou o Minha Casa e tem experi�ncia com o Programa de Acelera��o do Crescimento (PAC). Seria um �timo nome”, elogiou um aliado da presidente. Mas a presen�a de um nome com perfil pol�tico forte poder� atrapalhar a estrat�gia de abertura de capital da Caixa, prevista, inicialmente, para 2016.
BANCOS Se a c�pula dos bancos p�blicos ser� preservada de indica��es partid�rias, o mesmo n�o acontece com o segundo escal�o das institui��es financeiras. De sa�da do Minist�rio da Educa��o, o petista Henrique Paim, formado em economia, dever� ser indicado para uma das diretorias do BNDES.
Para os demais cargos, ainda h� uma franca batalha campal. O futuro do setor el�trico, por exemplo, ainda est� indefinido. Com a sa�da do ex-presidente Jos� Sarney (PMDB-AP) do Senado, h� uma disputa pela heran�a do senador na principal holding do setor, a Eletrobras. O PMDB tamb�m quer saber se a Infraero, hoje comandada pelo PT e respons�vel por 51% do controle dos aeroportos brasileiros, ser� incorporada � Secretaria de Avia��o Civil. “Eles est�o reclamando do qu�? Ter�o 150 aeroportos regionais para administrar”, devolveu um petista empedernido.
Os petistas, t�o malvistos pelos demais partidos da coaliz�o, tamb�m n�o est�o nada satisfeitos com as mudan�as promovidas pela presidente Dilma Rousseff no primeiro escal�o. Como perderam pastas relevantes, como o Minist�rio da Educa��o e o comando da equipe econ�mica, o partido da presidente Dilma Rousseff n�o demonstra qualquer disposi��o em abrir m�o dos cargos que j� possui e ainda pretende avan�ar nos espa�os vagos destinados � outras legendas.
O novo ministro das Cidades, Gilberto Kassab, lutar� para colocar aliados sob seu comando. Seu antecessor e novo ministro da Integra��o Nacional, Gilberto Occhi, recebeu como pr�mio de consola��o a escolha da presid�ncia do Banco do Nordeste, j� que n�o ter� liberdade para mexer nas demais indica��es partid�rias.
Ao assumir o minist�rio ontem, Kassab fez um discurso prometendo o apoio de seu partido, o PSD, a Dilma para garantir a governabilidade. Por�m, afirmou que “apoiar tamb�m � divergir construtivamente”. Em entrevista, Kassab desconversou sobre as articula��es da base aliada no Congresso e disse que esse tema agora � tratado pelos l�deres do PSD no Legislativo.
Cr�tica a vetos
L�deres da oposi��o no Congresso criticaram os vetos da presidente Dilma Rousseff � Lei de Diretrizes Or�ament�rias (LDO) de 2015. Para os parlamentares, ao barrar itens como a obriga��o de divulga��o na internet dos empr�stimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES) e vetar 43 pontos propostos pelo Congresso, a presidente demonstra que pretende manter a pol�tica de “queda de bra�o” com o Legislativo e que n�o priorizar� a transpar�ncia. Com uma base governista mais enxuta, os l�deres Mendon�a Filho (DEM-PE) e Antonio Imbassahy (PSDB-BA) preveem a derrubada dos vetos. “Os vetos constrangem o Congresso, mas sua base aliada saber� reagir a tanta intoler�ncia”, afirmou o tucano.