A troca no comando do governo de Minas aprofundou a crise do Instituto de Previd�ncia dos Servidores de Minas Gerais (Ipsemg), que est� sem pagar os sal�rios dos agentes de sa�de credenciados – m�dicos, enfermeiras, odont�logos – e tamb�m os fornecedores. Os funcion�rios efetivos receberam no quinto dia �til apenas os sal�rios de dezembro, sem horas extras, vale-transporte e t�quetes-refei��o, que correspondem a quase 50% do valor total dos proventos. Ontem, de acordo com os servidores, apenas um m�dico trabalhava no pronto-atendimento do hospital.
Os profissionais credenciados, diferentemente dos efetivos, recebem sempre no �ltimo dia �til do m�s seguinte, ou seja, os sal�rios de novembro deveriam ter sido quitados em 30 de dezembro. Mas, em raz�o da transmiss�o do governo de Alberto Pinto Coelho (PP) para o petista Fernando Pimentel, o estado fechou seu or�amento ainda em novembro, sem qualquer provis�o para o pagamento dos servidores e fornecedores do Ipsemg.
Um cartaz improvisado afixado no interior do pr�dio do pronto-socorro do Ipsemg tenta explicar a aus�ncia dos sal�rios. “O governo anterior fechou o or�amento antecipadamente em 2014, inviabilizando o pagamento dos sal�rios dos profissionais liberais da �rea da sa�de que comp�em a rede credenciada do Ipsemg. No momento, o atual governo realiza os devidos levantamentos or�ament�rios para honrar com os compromissos assumidos pelo Ipsemg de forma a efetuar o pagamento o mais breve poss�vel”. O aviso � assinado pela Superintend�ncia de Imprensa do Governo do Estado de Minas Gerais.
AUDITORIA Desde que assumiu o Pal�cio Tiradentes em 1º de janeiro, Fernando Pimentel determinou um prazo de 90 dias para uma auditoria em todas as contas do governo. Enquanto isso, n�o se fala em n�meros no estado. Por meio de sua assessoria de imprensa, o Ipsemg disse n�o ter condi��es de informar o valor necess�rio para quitar os sal�rios e outros benef�cios trabalhistas e tamb�m as d�vidas com os fornecedores nem se h� d�ficit no or�amento do instituto.
Por meio de nota, o Ipsemg explicou: “O governo de Minas est� empenhado em honrar os compromissos do Ipsemg com os profissionais credenciados e fornecedores para que todos os pagamentos ocorram o mais breve poss�vel. O atendimento hospitalar continua sendo feito normalmente”. Depois da primeira reuni�o com seu secretariado, no dia 5, quando deu a largada para seu governo, Pimentel tamb�m determinou a seus auxiliares que n�o fossem divulgados dados sobre a situa��o do caixa do estado at� o levantamento total dos valores.
EMPR�STIMO A falta de perspectivas para o pagamento dos sal�rios deixa preocupado o corpo cl�nico do Hospital do Ipsemg. Tr�s enfermeiras credenciadas – que n�o quiseram se identificar para evitar repres�lias – contaram que est�o sendo obrigadas a pedir dinheiro emprestado para despesas b�sicas, como transporte e alimenta��o. “Todos estamos tentando manter o atendimento dos pacientes, mas pode chegar um momento que isso n�o ser� poss�vel mais, por n�o termos condi��es de chegar ao trabalho. Muitos moram em cidades da regi�o metropolitana e n�o t�m como arcar com o custo do transporte sem o sal�rio e o vale”, disse F., com um ano e meio de servi�os prestados ao Ipsemg.
O receio dos servidores tamb�m � que as duas folhas – novembro e dezembro – sejam pagas de uma vez s�, o que elevaria os descontos nos contracheques, como o Imposto de Renda, e significaria mais perdas. “Vamos perder de qualquer jeito, mas n�o queremos dar um m�s de trabalho de presente para o hospital”, disse M., tamb�m com mais de um ano no Ipsemg.
O Sindicato dos M�dicos informou que ainda n�o foi comunicado oficialmente do atraso no pagamento dos credenciados, mas j� foi agendada com o departamento jur�dico uma consulta sobre o assunto, que deve acontecer nos pr�ximos dias.