
Seja quem for eleito presidente da C�mara dos Deputados no domingo, 1º, os setores de minera��o e alimenta��o ter�o acertado suas apostas nas elei��es de 2014. Empresas desses dois ramos da economia ajudaram a financiar as campanhas dos dois favoritos na disputa pelo terceiro cargo na linha sucess�ria do poder no Pa�s.
Tanto Eduardo Cunha (PMDB) quanto Arlindo Chinaglia (PT) receberam ajuda financeira de mineradoras e de ind�strias aliment�cias na elei��o para deputado federal. Do primeiro setor econ�mico, o peemedebista levou R$ 700 mil da Minera��o Corumbaense (grupo Rio Tinto), enquanto o petista recebeu R$ 300 mil do grupo Vale. Foram, respectivamente, 10% e 6% do total que cada um arrecadou em 2014.
Cunha e Chinaglia t�m um financiador em comum desse setor: a Rima Industrial, empresa especializada em produ��o de ligas de sil�cio e de magn�sio. Foram R$ 100 mil (2% do custo da campanha) para o petista e R$ 1 milh�o para o l�der do PMDB - 15% do total, tornando-se assim seu principal financiador, junto com a Ambev.
Esses pontos em comum entre os dois advers�rios foram detectados pela nova ferramenta do Estad�o Dados: “Eles elegem” (estadaodados.com/eles_elegem). � um infogr�fico interativo que mostra os 50 maiores financiadores de deputados federais na elei��o de 2014 e os conecta a cada parlamentar. � poss�vel ver n�o apenas qual empresa financiou cada parlamentar, mas tamb�m quais financiadores eles compartilham.
Nichos
O setor de alimentos e bebidas tamb�m poder� dizer que ajudou a eleger o pr�ximo presidente da C�mara. Os grupos Guarani e Copersucar (a��car), JBS (frigor�ficos), Terra Forte, Stockler Comercial e Unicaf� (caf�) est�o entre os principais financiadores de Chinaglia. J� a CRBS (Ambev), maior fabricante de cerveja do mundo, foi o principal financiador de Cunha, ao lado da Rima.
Correndo por fora na elei��o para presidente da C�mara, J�lio Delgado (PSB) tem pelo menos um financiador em comum com Chinaglia: a Construtora Andrade Gutierrez, uma das investigadas na Opera��o Lava Jato, da Pol�cia Federal. A empreiteira doou R$ 200 mil ao candidato do PSB e R$ 262 mil ao petista. Delgado tamb�m recebeu contribui��es significativas da Spal Bebidas (Coca-Cola), da Bradesco Sa�de e da Queiroz Galv�o Alimentos.
Receita
O dinheiro � um forte ponto em comum entre os advers�rios, mas n�o o �nico. Cunha foi o deputado que mais arrecadou em 2014 (R$ 6,8 milh�es), enquanto Chinaglia ficou em 11.º lugar nesse ranking (R$ 1,8 milh�o). Uma das hip�teses para isso � que o primeiro lidera o PMDB, segunda maior bancada da C�mara, e o outro foi l�der do governo Dilma Rousseff na �ltima legislatura.
O custo por voto de Cunha saiu mais barato do que o de Chinaglia: R$ 29,36 contra R$ 35,61. Ambos foram financiados quase que exclusivamente por empresas: 100% do dinheiro arrecadado pelo candidato do PMDB veio de pessoas jur�dicas, e 97% no caso do petista (os restantes 3% vieram de colabora��es de pessoas f�sicas).
As diverg�ncias de discurso entre petista e peemedebista, acirradas nas v�speras da elei��o, s�o mais exce��o do que regra. No plen�rio da C�mara, ao longo dos �ltimos quatro anos, Cunha e Chinaglia participaram juntos de 185 vota��es nominais. Em 150, votaram do mesmo jeito. Tirando as absten��es e obstru��es, divergiram em 29 vota��es: Chinaglia saiu vencedor em 13, e Cunha, em 16.