O executivo Julio Gerin de Almeida Camargo, um dos delatores da Opera��o Lava Jato, afirmou � Justi�a Federal no Paran� na segunda-feira, 2, que pagou propina de R$ 12 milh�es ao ex-diretor da �rea de Engenharia e Servi�os da Petrobras Renato Duque e ao ex-gerente Pedro Barusco durante negocia��o de contrato da Refinaria de Arauc�ria (PR). Ele atuou junto ao Cons�rcio CCPR, das empresas Camargo Corr�a e Promon.
"Tinha como regra 1%, mas isso era muito flex�vel e muitas vezes isso era negociado. No meu caso, sempre negociei para menor e nunca para maior. Eu paguei em torno de R$ 12 milh�es. A maioria dos pagamentos eram feitos em contas indicadas no exterior e outra parte em reais aqui no Brasil", afirmou Julio Camargo.
Ele afirmou que n�o teve conhecimento sobre pagamentos de propina da �rea de Abastecimento para este contrato. Na �rea de Engenharia, no entanto, foi incisivo ao apontar Duque e Barusco como recebedores de propinas. "Na �rea de Engenharia, especificamente, doutor Renato Duque e doutor Pedro Barusco."
Segundo ele, suas empresas foram utilizadas para o pagamento de propinas. "Havia uma regra do jogo. Se voc� n�o pagasse propina � �rea de Engenharia e de Abastecimento, o senhor n�o teria sucesso ou n�o obteria seus contratos na Petrobras."
� Justi�a, Camargo confirmou o que havia dito sobre a obra do Comperj (Complexo Petroqu�mico do Estado do Rio de Janeiro) em sua dela��o premiada. Segundo ele, houve pedido de propina das �reas de Abastecimento, comandada na �poca pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa, e de Engenharia, por Renato Duque.
"N�o fiquei respons�vel por nenhum pagamento neste caso, porque o meu contrato neste caso n�o tinha como custo, como �nus, nem o pagamento da �rea da Engenharia e nem a �rea de Abastecimento. UTC e Odebrecht (ficaram respons�veis pelo pagamento da propina), para ambas as �reas."
UTC, Odebrecht e Toyo faziam parte do Cons�rcio TUC, respons�vel pela obras do Comperj. O cons�rcio foi contratado sem licita��o pelo valor inicial de R$ 3,8 bilh�es.
"N�o tenho conhecimento como foi operacionalizado (pagamento da propina), mas tudo leva a crer que foi operacionalizado, porque o contrato ocorreu, foi assinado, as obras seguiram muito bem e estamos no final da obra."
Camargo disse que os pedidos de propina partiam dos diretores da Petrobras diretamente a ele. Segundo o executivo, caso os pagamentos n�o fossem feitos, os contratos poderiam n�o ocorrer.
"Chegou um determinado momento em que essa conversa (pedidos de propina) n�o era mais necess�ria, era regra do jogo. Era uma confirma��o daquilo que j� existia. Pagava-se pela vontade de se obter sucesso", disse. "Eu nunca falei, n�o s� � Camargo, como aos meus representados, que aquilo era propina. Eu disse que aquilo tinha um custo total, expunha aquele custo, a pessoa aceitava ou n�o aceitava. Dentro desse custo, havia a propina", afirmou.
A Odebrecht negou ter feito pagamento para executivos ou ex-executivos para obter contratos com a Petrobras. "Todas os contratos conquistados, h� d�cadas, pela Odebrecht, junto � Petrobras s�o produto de processos de sele��o e concorr�ncia previstos em lei. A empresa ainda repudia afirma��es caluniosas, confessadamente baseadas em suposi��es, feitas por r�u confesso no processo que corre na Justi�a Federal do Paran�", diz nota divulgada pela empresa.