A vit�ria de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a presid�ncia da C�mara dos Deputados deve dificultar os planos do governo e assim colocar em xeque a tentativa de reconquistar a credibilidade entre consumidores, empres�rios e investidores, o que pode prejudicar a economia. Segundo analistas ouvidos pelo Broadcast, servi�o em tempo real da Ag�ncia Estado, Cunha tem um perfil mais "independente" em rela��o ao Executivo e sua administra��o na C�mara vai exigir um articula��o pol�tica muito grande do governo da presidente Dilma Rousseff, aspecto que se mostrou desastroso no primeiro mandato.
O cientista pol�tico da Tend�ncias Consultoria Rafael Cortez avalia que a presid�ncia de Cunha na C�mara "� uma vari�vel importante na defini��o de como Dilma vai gerir a pol�tica econ�mica nos pr�ximos quatro anos, especialmente na quest�o fiscal". Para ele, aumenta o risco de a agenda econ�mica do governo n�o ser t�o exitosa. Cristiano Noronha, s�cio e chefe do Departamento de An�lise Pol�tica da consultoria Arko Advice, tamb�m acredita que o peemedebista traz dificuldades adicionais a Dilma, at� porque ele j� imp�s perdas importantes ao governo na �ltima legislatura e pode trazer de volta temas espinhosos como a quest�o do chamado "or�amento impositivo".
Ian Bannister, s�cio da consultoria CCI, aponta que a governabilidade de Dilma j� era fr�gil, em raz�o do Congresso extremamente fragmentado, e agora piorou. "O mercado est� gostando do in�cio dos trabalhos da nova equipe econ�mica, mas muitas medidas precisam de apoio do Congresso - ent�o isso se tornou mais imprevis�vel", comenta.
Cortez, da Tend�ncias, tamb�m acredita que o principal impacto na economia ser� por meio da confian�a, mas aponta que o problema de Dilma n�o � necessariamente o Eduardo Cunha em si, e sim a falta de coes�o da base aliada. "O governo pode ficar ref�m da disputa entre PT e PMDB", avalia. Noronha lembra que o presidente da C�mara tem o poder de determinar a agenda de vota��es e tamb�m decidir sobre pedidos iniciais de CPI, mas diz que, com uma base bem articulada, o governo poderia contornar situa��es complicadas.
O analista da Arko lembra que a constru��o do relacionamento entre Executivo e Legislativo se d� por tr�s formas: libera��o de emendas parlamentares, distribui��o de cargos na administra��o e negocia��o de pol�ticas p�blicas espec�ficas. "Certamente, a distribui��o de cargos � um dos mecanismos de coopta��o para ter maioria no Congresso, e n�o � necessariamente ruim. Mesmo assim, ter aliados em cargos estrat�gicos n�o garante apoio irrestrito", afirma.
Para Christopher Garman, diretor do Eurasia Group para mercados emergentes, no curto prazo a elei��o de Cunha n�o deve afetar a economia porque o governo tem espa�o para promover o ajuste fiscal no primeiro semestre, mas pode se tornar um passivo pol�tico mais para frente. "N�o ter um aliado fiel na presid�ncia da C�mara s� � um problema se o presidente est� muito enfraquecido politicamente", comenta. Ele cita a possibilidade da popularidade de Dilma cair no fim deste ano e in�cio de 2016, o que aumentaria a import�ncia de Cunha.
Apesar de ningu�m trabalhar atualmente com a probabilidade de impeachment de Dilma, este � um assunto que est� no radar dos analistas, at� em raz�o do andamento das investiga��es da opera��o Lava Jato, da Pol�cia Federal, sobre corrup��o na Petrobras. "� dif�cil prever o que vai acontecer. Temos novos desdobramentos da Lava Jato toda semana. N�o se pode descartar totalmente que algu�m tente apresentar um pedido de impeachment, mas hoje a probabilidade � baixa e n�o h� nenhuma evid�ncia que indique que isso iria para frente", afirma Bannister.