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Estado de Minas

PT est� em crise de identidade

Partido completa 35 anos de funda��o sob ataques de integrantes da legenda, arestas entre Dilma Rousseff e Lula, den�ncias de corrup��o na Petrobras e o enfraquecimento no Congresso


postado em 09/02/2015 06:00 / atualizado em 09/02/2015 07:21

Bras�lia – O PT vive a crise da meia-idade aos 35 anos de idade, a maldi��o dos 13 anos no poder e uma divis�o cada vez mais expl�cita entre o criador (Luiz In�cio Lula da Silva) e a criatura (Dilma Rousseff). Apesar dos cochichos repetidos na festa petista da �ltima sexta-feira, o distanciamento entre a presidente e o ex-presidente � cada vez maior. Afundado em den�ncias de corrup��o da Petrobras, o PT se equilibra entre a necessidade de defender o projeto de pa�s que representa e a ang�stia de ver-se preterido nas decis�es tomadas pela mandat�ria do Executivo.


“Estamos com 38 dias de segundo mandato e n�o conseguimos produzir um fato

positivo”, lamentou um senador. “Caminhamos para um fim de governo melanc�lico”, completou, como se faltassem 12 meses para o t�rmino do mandato de Dilma. Na verdade, 47. “A presidente est� cada vez mais isolada, n�o confia em ningu�m, n�o reparte informa��es”, completou outro parlamentar. “Nunca imaginei dizer isso: que saudades de 2014”, disse um auxiliar pr�ximo � petista, remetendo � mais dura campanha presidencial da recente hist�ria da democracia brasileira.

Principal partido de apoio a Dilma, o PT se sente escanteado. O presidente nacional da legenda, Rui Falc�o, � considerado uma figura meramente decorativa, sem qualquer for�a na rela��o com o Pal�cio do Planalto. Internamente, os mais saudosistas ressuscitam as presid�ncias de Jos� Genoino, Jos� Dirceu — ambos condenados no esc�ndalo do mensal�o — e do ministro das Comunica��es, Ricardo Berzoini. “O PT virou um capacho”, resumiu um deputado.

Durante as negocia��es para a composi��o do minist�rio que tomaria posse em primeiro de janeiro, ele simplesmente foi alijado do debate. “N�o adiantava ligar para o Rui para saber quem seria indicado para onde. Ele sempre repetia: n�o sei de nada, ningu�m me consultou”, lamentou uma lideran�a partid�ria. “Existe um clima completo de mal-estar na rela��o entre o partido e o governo”, disse um articulador petista.

Prova disso, segundo ele, � que, em todas as reuni�es da bancada de senadores realizadas ao longo da semana passada, a figura mais saudada internamente foi a senadora Marta Suplicy (PT-SP), que repete duras cr�ticas ao governo e ao pr�prio partido desde que deixou o Minist�rio da Cultura, no in�cio de dezembro. “Voc� est� certa. Disse exatamente o que n�s quer�amos dizer”, repetiam os colegas de bancada. Segundo apurou a reportagem, somente a senadora Gleisi Hoffmann (PR) defendeu Dilma. N�o � toa, ambas se estranharam, aos gritos, em um desses encontros.

Integrantes do partido reclamam que a presidente Dilma est� desconectada da realidade e que ela fechou os ouvidos at� mesmo aos conselhos do ex-presidente Lula. Na v�spera do an�ncio de que Aldemir Bendine seria o novo presidente da Petrobras, Lula ainda acreditava que, entre as op��es de substituto a Maria das Gra�as Foster, estariam nomes como Murilo Ferreira, da Vale, ou outros representantes do setor privado. “Ele n�o fazia a m�nima ideia de que Bendine seria o indicado”, disse um petista que conversou longamente com o ex-presidente.

O alheamento ao fato n�o foi um privil�gio de Lula. Durante reuni�o emergencial com os conselheiros pol�ticos mais pr�ximos – os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), Jaques Wagner (Defesa), Miguel Rossetto (Secretaria-Geral), Pepe Vargas (Rela��es Institucionais) e Ricardo Berzoini (Comunica��es) – na �ltima quinta-feira, Dilma j� havia escolhido Bendine para a Petrobras. Mas n�o falou nada �queles escalados para ajud�-la a tomar as decis�es pol�ticas e desanuviar as crises.

Sob press�o

O PT tamb�m debate-se com outras decis�es presidenciais. Na �ltima segunda-feira, Rossetto foi chamado de mentiroso e vaiado em um evento realizado na sede da Uni�o Nacional dos Estudantes (UNE). Os ataques foram desferidos quando ele defendeu a pol�tica econ�mica implementada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, negando que ela seja neoliberal. A escolha de K�tia Abreu para o Minist�rio da Agricultura tamb�m ainda n�o foi perdoada pela milit�ncia. “K�tia Abreu na Agricultura e Patrus Ananias no Desenvolvimento Agr�rio comp�em um embate entre dois projetos de pa�s dentro do nosso governo”, reconheceu um interlocutor palaciano.

Existe, ainda, o pesadelo da Opera��o Lava-Jato. Para aumentar o constrangimento latente, o tesoureiro do PT, Jo�o Vaccari Neto, foi obrigado a depor na Pol�cia Federal, em S�o Paulo, na quinta-feira, v�spera da festa de 35 anos do partido em Belo Horizonte. “Claro que foi uma m…”, esbravejou um cacique petista da C�mara. “Todo mundo sabe onde o Vaccari trabalha. A PF precisava promover aquele espet�culo?”, revoltou-se o deputado.

“O clima no PT est� azedo. Azedo internamente, azedo com os ministros que est�o no poder, azedo com a presidente Dilma. Ningu�m aguenta mais”, resumiu um militante desiludido. “A ang�stia do PT � que eles perderam as ruas. Ningu�m hoje sair�, espontaneamente, com as bandeiras para defender esse governo que a� est�”, provocou o l�der do PSDB no Senado, C�ssio Cunha Lima (PB).


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