Bras�lia - O presidente e o vice da empresa Camargo Corr�a, Dalton Avancini e Eduardo Leite, devem prestar nesta quinta-feira, 5, o primeiro depoimento aos investigadores da Pol�cia Federal e do Minist�rio P�blico Federal como parte do acordo de dela��o premiada na Opera��o Lava Jato. Os executivos n�o devem revelar nenhum nome de pol�tico "gra�do", porque s� teriam como comprovar a rela��o de executivos de outras empresas na forma��o de cartel para ganhar, fraudar e superfaturar concorr�ncias em obras p�blicas feitas com recursos federais.
O ponto forte das revela��es da dupla estar� na participa��o da companhia em outras constru��es, especialmente na �rea de energia, como Belo Monte e Jirau. O centro dessas informa��es estar� na forma��o de cartel e ser�o implicados executivos de outras empresas (construtoras ou n�o) e seus operadores.
Em troca de colaborar com as investiga��es, Avancini cumprir� um ano em pris�o domiciliar sem poder sair de casa. Depois, o executivo ficaria outro per�odo, provavelmente inferior a cinco anos, em um regime pelo qual poderia sair de sua resid�ncia para trabalhar durante o dia. Ele tamb�m se comprometeu a pagar uma multa de R$ 2,5 milh�es ao er�rio, valor equivalente a cerca de metade de seu patrim�nio pessoal.
Esses benef�cios pr�-combinados com a for�a-tarefa da Lava Jato ainda precisam ser aprovados pelo juiz federal S�rgio Moro, respons�vel pela Lava Jato na Justi�a de primeira inst�ncia. Procurado, o advogado de Avancini, Pierpaolo Bottini, disse que n�o pode se manifestar at� que o acordo seja homologado, o que deve ocorrer em cerca de duas semanas.
Os executivos da Camargo Corr�a j� reuniram todos os documentos para ajudar a comprovar crimes envolvendo o esquema que atuava na Petrobr�s e devem come�ar a apresent�-los no depoimento de hoje.
O levantamento das provas que revelam esquema de corrup��o em contratos com o setor el�trico ainda est� sendo realizado. Ser�o apresentados e-mails e atas de reuni�es, e os delatores est�o repassando entre eles o relato detalhado das a��es de corrup��o presenciadas pelos dois executivos.
Pris�o
Avancini e Leite foram presos em car�ter preventivo no dia 14 de novembro do ano passado. Desde ent�o, est�o sob cust�dia na carceragem da Pol�cia Federal de Curitiba. Eles come�aram a negociar os termos da dela��o premiada antes mesmo de serem encarcerados. Mas s� chegaram a um consenso com o Minist�rio P�blico na madrugada de sexta para s�bado da semana passada.
A Camargo Corr�a � acusada de integrar um "clube" de empreiteiras que atuavam em esquema de cartel para vencer licita��es p�blicas e repassar propina a executivos da Petrobr�s e a partidos pol�ticos como PT, PP e PMDB.
Outros executivos j� aceitaram confessar os crimes e colaborar com as investiga��es, mas Avancini e Leite s�o os primeiros de uma grande empreiteira a colaborarem com os investigadores. Antes deles, Augusto Ribeiro de Mendon�a e Julio Camargo, da empresa Toyo Setal, fecharam acordos de dela��o. Este �ltimo declarou ter pago mais de R$ 130 milh�es em propina.
Ricardo Pessoa, s�cio da empresa UTC Engenharia, chegou a avan�ar nas negocia��es para fechar um acordo de dela��o premiada, mas as conversas empacaram. Agora, de acordo com fontes ligadas ao empres�rio, ele retomou as conversas com a Procuradoria. Considerado um "homem-bomba", ele tamb�m est� preso desde novembro.