Bras�lia – A an�lise do veto que corrigia a tabela do Imposto de Renda em 6,5% ser� o grande teste pol�tico do governo nesta primeira semana depois de conhecida a lista de deputados e senadores a serem investigados por suspeita de participa��o no esquema de pagamento de propinas com recursos da Petrobras. O Poder Executivo deseja manter o veto para mostrar ao mercado que o ajuste fiscal n�o corre riscos. De quebra, planeja demonstrar que, apesar de tudo, ainda tem controle sobre sua base no Parlamento. O problema � que, ao que tudo indica, os congressistas n�o est�o com tanta vontade de se apresentar “controlados” pelo governo. “Acho dif�cil o veto ser mantido. O governo teve at� a semana passada para fazer a reposi��o de 4,5%. N�o o fez. Agora, ficou tarde”, avalia o l�der do PMDB, Leonardo Picciani (RJ).
O veto est� na pauta desde a retomada dos trabalhos do Poder Legislativo em fevereiro. Ocorre que at� aqui, num gesto de boa vontade para com o Planalto, o presidente do Senado, Renan Calheiros, agiu para que as sess�es do Congresso fossem adiadas. N�o por acaso, prolongaram-se as vota��es no Senado, o que terminou por tomar o tempo que seria dedicado � sess�o conjunta das duas Casas. Agora, inclu�do na lista de envolvidos no esquema de corrup��o, Renan soltou o freio de m�o. Al�m dele, o presidente da C�mara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Eduardo Cunha, tamb�m deixou claro n�o querer paz. E o governo ter� que agir por conta pr�pria se quiser evitar a corre��o de 6,5% na tabela do IR e outros temas pol�micos.
Se a base tem dificuldades em manter o veto, imagine a oposi��o. “N�o vamos votar contra o veto de forma aleat�ria ou apenas para impor uma derrota ao governo. Corre��o da tabela n�o � uma quest�o de escolha, como o governo quer impor em 3,5%, 4,5%. Os 6,5% representam a infla��o e se essa corre��o ficar abaixo desse percentual, o governo vai avan�ar sobre a renda da sociedade e aumentar sutilmente a carga tribut�ria. N�o d�”, comentou o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG).A tend�ncia de derrubada do veto exposta pelo l�der do PMDB e que conta com o apoio do PSDB n�o � o �nico problema a atormentar a presidente Dilma, seus ministros e os fi�is escudeiros no Parlamento. Outro embate previsto para esta semana, a partir de ter�a-feira, � a pol�tica de valoriza��o do sal�rio m�nimo, algo que os congressistas desejam estender aos aposentados, mas o governo n�o aceita. Para completar, ainda tem nesta quarta-feira a convoca��o do ministro da Educa��o, Cid Gomes. Ele foi chamado a explicar por que se referiu aos parlamentares como “300 a 400 achacadores”, algo que serviu para piorar ainda mais o clima entre Executivo e Legislativo.
At� aqui, nada do que foi feito pelo Poder Executivo ajudou a aliviar o clima de tens�o, nem mesmo o pronunciamento de ontem � noite pelo Dia Internacional da Mulher (leia detalhes na p�gina 3), no qual a presidente procurou explicar as medidas de ajuste da economia “que v�o durar at� quanto for necess�rio” e citou en passant o esc�ndalo da Petrobras. A tend�ncia � o clima aumentar, uma vez que, na vis�o de muitos aliados, no rio de lama da Lava-Jato, o governo tenta puxar o PT para a margem e deixar que a correnteza leve os aliados que apoiaram a reelei��o, leia-se PMDB e PP.
Entre os peemedebistas cresce a tese de que o governo trabalhou para tirar alguns petistas da lista. Em meio aos tucanos, h� quem suspeite que o procurador deixou o nome do senador Antonio Anastasia (PSDB) apenas para constranger o partido. O resultado � que tanto os tucanos quanto os peemedebistas querem agora investigar a fundo a participa��o do governo no esquema da Petrobras.
CLIMA TENSO O palco dos dois partidos nessa hist�ria ser� a CPI em curso na C�mara dos Deputados. O presidente da Casa, Eduardo Cunha, planeja depor ainda esta semana para expor sua posi��o a respeito dos fatos. E nesse clima, n�o ser� surpresa se os congressistas de partidos aliados insistirem em chamar logo o tesoureiro do PT, Jo�o Vaccari Neto, a prestar esclarecimentos. Diante de um Congresso ferido pela sucess�o de inqu�ritos abertos para investigar a participa��o de parlamentares no esquema da Petrobras, a tend�ncia � o governo levar a pior.
Ciente dos riscos, a presidente Dilma Rousseff tratou de convocar ontem os ministros do seu chamado conselho pol�tico para debater a lista de Janot e estrat�gias a serem adotadas para conter ataques da base. O encontro n�o teve a presen�a do vice-presidente Michel Temer (PMDB), com quem Dilma se re�ne na manh� de hoje. Ainda no s�bado, Temer recebeu liga��o do presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ), inclu�do na rela��o dos que ser�o investigados no STF, dizendo que ele vai “subir o tom”, conforme o Estado de Minas mostrou na edi��o de ontem.