
Bras�lia - A divulga��o da lista de 34 parlamentares investigados sob suspeita de envolvimento no esquema de corrup��o na Petrobras agravou ainda mais a j� combalida rela��o entre o Pal�cio do Planalto e o Congresso. Base aliada e oposi��o preveem uma temporada de derrotas significativas para o governo j� a partir desta semana, quando ser�o apreciados os vetos presidenciais e projetos pol�micos, como a pol�tica de reajuste do sal�rio m�nimo.
Os parlamentares acusam o governo de tentar transferir para o Congresso a crise pol�tica provocada pela Opera��o Lava Jato. Alguns, entre eles o presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), suspeito de receber do esquema, acusam o Planalto de interferir diretamente na lista encaminhada pela Procuradoria-Geral da Rep�blica ao Supremo Tribunal Federal. "Essas digitais do governo s�o vis�veis. N�o d� para n�o perceber isso", diz o vice-l�der do PMDB na C�mara, Manoel J�nior (PB).
No PMDB, partido do presidente da C�mara e do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL) - que tamb�m est� na lista de suspeitos -, a insatisfa��o � generalizada. "O governo, para sair do olho do furac�o, est� jogando tudo para o Congresso. Ningu�m vai aceitar isso", diz L�cio Vieira Lima (PMDB-BA).
O peemedebista prev� que a CPI da Petrobras, comandada por seu partido, pode aprovar novos requerimentos de convoca��o, prejudicando o governo. Ele tamb�m acredita que o ministro Cid Gomes (Educa��o) enfrentar� ainda mais dificuldade ao comparecer � C�mara nesta quarta-feira para se explicar por ter dito que a Casa tem "de 300 a 400 achacadores".
"Os ind�cios de uma estrat�gia do governo s�o muito claros. O Congresso est� identificando isso. Ningu�m est� satisfeito. A tend�ncia � o Congresso demonstrar ao Planalto, � presidente, que essa estrat�gia de tentar colocar todo mundo na vala comum, n�o est� dando certo", afirmou Vieira Lima.
Oposi��o
Na avalia��o dos parlamentares de oposi��o, o governo deve perder o controle sobre a situa��o no Congresso. Lembram que as investiga��es est�o apenas no in�cio e a expectativa � de que a lista dos investigados crescer� com a divulga��o das novas dela��es premiadas. "Isso � s� o trailer de um filme de terror que ser� exibido nos pr�ximos meses", diz o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).
Na primeira semana ap�s a divulga��o da lista, senadores e deputados apreciar�o vetos presidenciais, entre os quais o da corre��o de 6,5% da tabela do Imposto de Renda. O governo atua para evitar essa vota��o, mas alguns parlamentares d�o como certa a derrubada do veto.
Se no Senado a pauta ainda � uma surpresa, na C�mara, Cunha quer votar o projeto que mant�m os crit�rios atuais de reajuste do sal�rio m�nimo e os estende para corrigir aposentadorias. A oposi��o acusa o Executivo de n�o dizer claramente qual corre��o a Uni�o suportaria bancar e de jogar para o Congresso o �nus de medidas indigestas, como do pacote de ajuste fiscal, que nem come�aram a ser discutidas oficialmente nas comiss�es especiais. "� um momento bastante grave", diz o l�der do DEM na C�mara, Mendon�a Filho (PE), comparando o atual cen�rio pol�tico com o per�odo pr�-impeachment de Fernando Collor e o estouro do esc�ndalo do mensal�o.
Outra resposta que o presidente da C�mara pode dar ao governo � atender ao pedido da oposi��o e criar uma CPI para investigar a crise do setor el�trico. Cunha diz ainda n�o ter examinado a quest�o e que sua resposta n�o se dar� "atrav�s de a��es desta natureza". "Vou agir como sempre, com independ�ncia e harmonia", diz. Mas, apesar do tom ameno, avisa: "Farei o que tiver de ser feito na hora correta".
O l�der do governo na C�mara, Jos� Guimar�es (PT-CE), diz que a reuni�o que ter� com l�deres da base, amanh�, servir� para avaliar os estragos provocados pela lista na rela��o com os aliados. "A priori (a situa��o) n�o complica nem descomplica. Tem que aguardar", afirma.