
“Um brinde a favor do impeachment! N�o, � melhor fazer um brinde contra a corrup��o. Na verdade, vamos brindar ao povo brasileiro”, concordaram, em coro, o empres�rio Gelson Duarte, a irm�, a publicit�ria Luciana Duarte, e o amigo Alexandre Prates, representante comercial. Depois de participar do protesto na manh� desse domingo (15), eles aproveitaram para beber uma cerveja e discutir sobre a situa��o pol�tica do pa�s nos botecos e restaurantes do Bairro de Lourdes, na Zona Sul de Belo Horizonte. “O movimento estava muito unido a fora a Dilma e contra a corrup��o”, comemorava Gelson, enquanto a irm� dele lamentava o local escolhido para a manifesta��o.
Nas mesas dispostas nas cal�adas, as camisas com a bandeira do Brasil eram a cor predominante, lembrando os dias de jogos da Copa da Mundo. Os manifestantes tamb�m lotaram restaurantes situados nas imedia��es da Pra�a da Liberdade, que se tornaram uma extens�o informal do protesto. “Fora Dilma” era o grito de guerra mais ouvido entre os frequentadores da churrascaria da Rua da Bahia, que funcionou como reduto de algumas turmas, que emendaram um protesto no outro. “Foi uma manifesta��o sadia, havia pessoas em cadeiras de rodas e fam�lias com suas crian�as”, afirmou o administrador Alberto Volpini.
Ele e os amigos haviam chegado � pra�a �s 9h30, faziam um intervalo de almo�o e pretendiam retornar para a passeata do turno da tarde. “Eu era militante e cheguei a votar no Lula, mas o PT em sua ess�ncia acabou. Virou o partido da roubalheira e da corrup��o”, criticou a comerciante �ngela Ribeiro, da mesma turma.
“Desta vez n�o vai acabar em pizza. A gente quer �tica neste pa�s”, defendia o C�sar Garcia, que literalmente levava uma pizza amarrada ao pesco�o, enquanto o primo Frederico Barros encarregava-se de levantar o cartaz com as palavras de ordem. Fabricante de pizzas congeladas, C�sar se esfor�ava para atender aos diversos pedidos para fotos e selfies de outros manifestantes, que sa�am do restaurante. “� uma pena, mas esse protesto n�o vai dar em nada”, previa ele.
Protesto Lucrativo
Cervejas de diversas marcas, em garrafas tipo long neck ou em latas, eram oferecidas nesse domingo a R$ 6 na manifesta��o da Pra�a da Liberdade. O com�rcio de bebidas, camisetas e faixas contr�rias ao governo federal garantiu o lucro de muitos ambulantes na capital. O vendedor Marco Ant�nio Moreira foi um dos que aproveitaram para faturar com o movimento. “� a nossa chance de ganhar dinheiro, porque a Dilma n�o deixa”, brincou ele, com um bolo de notas nas m�os, custando a atender � demanda de clientes encalorados. No carrinho da colega Eliana Soares, antes de dar meio-dia j� estava faltando cerveja. Restava apenas aquela do vidro verde. “Hoje estou feliz porque vendi bem. Votei na Dilma, mas estou come�ando a achar que joguei meu voto fora”, teorizou a ambulante.
“No in�cio at� gostava da Dilma, mas vejo que as pessoas que mais entendem das coisas est�o contra ela. Est� todo mundo falando”, comparou a catadora de latinhas Iara Magalh�es, de 45 anos, que ajuntou um saco cheio de embalagens de alum�nio. Pelos c�lculos dela, conseguiriam faturar algo em torno de R$ 10 pelo trabalho extra, que complementa a renda de faxineira.
Ela contou ter tentado ganhar a Bolsa-Fam�lia para os dois filhos, mas foi barrada porque recebe pens�o por morte do marido. “Vou te falar uma coisa. Eu votei na Dilma”, confessou baixinho o vendedor de picol�s Ivaldo da Silva, de 39, que recebe R$ 77 do programa Bolsa-Fam�lia. “� mixaria, tem dia que n�o d�”, comenta.
Um dos produtos que mais fez sucesso entre os ambulantes nas ruas de BH nesse domingo foram as camisetas e faixas com frases contra o governo federal. O vendedor Maur�cio Vidal disse ter vendido mais de 1 mil camisas com os dizeres “A culpa n�o � minha. Eu votei no A�cio”. Cada pe�a custava R$ 20. Outra que levou o mesmo n�mero de blusas para vender foi Delta Barros Romano. S� que as dela eram pretas com a frase “Luto pelo Brasil – quero um pa�s sem corruPTo”. (Colaborou Gustavo Werneck)