'� assustador', diz juiz da Lava-Jato sobre sequ�ncia de propinas

Curitiba - No despacho em que mandou prender preventivamente Renato Duque, o juiz federal S�rgio Moro, que conduz todas as a��es da Opera��o Lava-Jato, ressaltou que � “assustador” o fato de que o pagamento de propinas para o ex-diretor de Servi�os da Petrobras continuou ocorrendo ainda no segundo semestre de 2014 - meses depois da deflagra��o da investiga��o sobre o esquema de corrup��o na estatal petrol�fera.

O magistrado destacou que o rastreamento banc�rio mostra que Duque “transferiu os saldos milion�rios de suas contas na Su��a para contas em institui��es financeiras em outros pa�ses, entre eles o Principado de Monaco”. Todos os ativos nas contas de Duque j� foram bloqueados pelo Principado.

As autoridades do Principado de Monaco embargaram, nos �ltimos dias, valores em contas offshore controladas por Renato de Souza Duque mantidas no Banco Julius Baer: conta em nome da off shore Milzart Overseas Holdings Inc, com saldo de 10.274.194,02 euros; - conta em nome de Pamore Assets Inc, com saldo de 10.294.460,10 euros. O total de 20.568.654,12 euros representa aproximadamente R$ 70 milh�es.

“Esses fatos encontram prova documental nos autos, inclusive a afirma��o expressa das autoridades de Monaco de que as duas contas s�o controladas por Renato Duque”, anota o juiz S�rgio Moro. “Oportuno destacar que Renato Duque n�o declarou, � Receita Federal, qualquer valor mantido no exterior, que jamais admitiu perante o Ju�zo ou ao Supremo Tribunal Federal que teria contas no exterior, e ainda que o montante bloqueado � absolutamente incompat�vel com os rendimentos que recebia como ex-diretor da Petrobr�s.”

O rastreamento mostra que ainda no segundo semestre de 2014, a conta em nome da offshore Milzart Overseas, no Banco Julius Baer, no Principado de Monaco, que tinha como benefici�rio e controlador Renato Duque, recebeu, em diversas opera��es de cr�dito, cerca de US$ 2.220.517. J� a conta em nome da offshore Pamore Assets, no Banco Julius Baer, tamb�m no Principado de Monaco recebeu, no segundo semestre de 2014, a quantia de 208.643,65 euros.

“Esses valores foram provenientes de contas mantidas em nome das offshores Tammaroni Group e Loren Ventures, no Banco Lombard Odier, na Su��a, que tamb�m seriam controladas por Renato Duque, ainda em 2014?, assinala o juiz Moro.

O juiz da Lava-Jato citou, na decis�o, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobr�s, Paulo Roberto Costa, que detinha soma superior a US$ 26 milh�es em contas na Su��a. “Os ind�cios s�o de que Renato Duque, com receio do bloqueio de valores de suas contas na Su��a, como ocorreu com Paulo Roberto Costa, transferiu os fundos para contas no Principado de Monaco, esperando por a salvo seus ativos criminosos.”

O juiz destacou trechos do relato do engenheiro Shinko Nakandakari, apontado como um dos onze operadores de propinas na Diretoria de Servi�os, cota do PT na Petrobr�s. Em dela��o premiada, Shinko revelou ter intermediado o pagamento de propinas da empreiteira Galv�o Engenharia a Pedro Barusco, ex-gerente e bra�o direito de Duque. Segundo Shinko, os repasses a Duque eram realizados “em valores milion�rios”.

“(Shinko) Declarou que entregou pelo menos um milh�o de reais em esp�cie a Renato Duque”, assinala o juiz no novo decreto de pris�o contra Duque. “O mais assustador � que Shinko confessou o pagamento de propinas ainda no segundo semestre de 2014, quando a assim denominada Opera��o Lava-Jato j� havia ganho notoriedade na imprensa. Indagado, admitiu que, mesmo com a notoriedade da investiga��o, nem ele ou a empreiteira sentiram-se tolhidos em persistir no pagamento de propinas, o que tamb�m parece ser o caso de Renato Duque, j� que realizou opera��es de lavagem em 2014, j� durante o curso das investiga��es.”